5 de Julho: 44 anos depois, saltar a la Jacky Chan

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Num dia como hoje, são muitas as reflexões. Sigo pelos media e pelas redes sociais diversos tipos de posicionamentos face à data e ao percurso feito. Quem lidera tem de ser entusiasta, puxar pelo colectivo, e realçar mais os aspectos positivos do que os eventuais negativos. A positividade e a motivação são alavancas importantes. Plenamente de acordo.

Um País como o nosso, dado no passado por “inviável”, para continuar a desenvolver-se tem de dar saltos atípicos, a la Jacky Chan, e pensar o desenvolvimento de forma não convencional. Muito do que vem nos livros de economia (continental) não é aplicável no arquipélago, por razões diversas.

Um dos motivos da nossa singularidade económica é a reduzida dimensão e baixa densidade populacional, se compararmos à escala do globo e da maioria das Nações do Mundo.

Hoje, a minha reflexão de blog é a seguinte: Cabo Verde para se desenvolver precisa de chegar nos próximos anos ao menos aos 5 milhões de pessoas. Não digo 5 milhões de turistas. Falo de residentes. Isso mesmo!

Talvez, ao invés de uma política restritiva e conservadora de imigração (para dentro), precisamos de abrir portas. Mobilizar, convidar e atribuir residência a pessoas do Mundo, em particular, os nossos vizinhos de África.

Promover uma política à la americana, de captar talentos do Mundo, competências de África, mão-de-obra, empreendedores, inovadores, produtores agrícolas, exploradores do mar, enfermeiros, construtores, médicos, enfermeiros, e professores de línguas e tecnologias.

Uma política de emigração inteligente, regulada, orientada, intencional e direcionada às nossas necessidades de crescimento e desenvolvimento. E ao mesmo tempo, adoptar e intensificar políticas internas para reforçar a nossa identidade e cabo-verdianidade.

O Luxemburgo, a Bélgica, a Holanda, os EUA o fazem e, no entanto, são cada vez mais patrióticos e poderosos. E ainda há muito cabo-verdiano a sonhar e a querer chegar às terras longes.

Quando vou e venho de avião, para as ilhas ou estrangeiro, umas das imagens mais impressionantes que anoto é o imenso território que ainda está vazio, não habitado. Somos pequenos e, mais do que isso, somos poucos. A nossa massa populacional ainda não é suficiente para viabilizar, consistentemente, os custos dos transportes aéreos e marítimos, o consumo, os negócios, empresas com capacidade de internacionalização, escolas globais, indústrias a sério, escala, e impacto global.

Pensemos em adoptar políticas de captação de pessoas e competências para dinamizar Cabo Verde.

Pensemos em regularizar, integrar e motivar os que já estão e mobilizemos outros mais.

Não tenhamos receio e façamos que o 5 de Julho, a cada ano, valha ainda mais a pena.



2 COMENTÁRIOS

  1. Boa reflexão, caro Milton Paiva. Assino, inteiramente, por baixo. Sinceramente, gostei.

  2. Não sei se faz sentido a ideia de 5 milhões de habitantes residentes nestes pequenos grãozinhos de terra, com uma área de 4,033 km2 – ainda por cima com espaços descontinuados e um ecossistema frágil -, como condição para que se desenvolvam economicamente. A Islândia, com uma população de pouco mais da metade da de Cabo Verde, não necessitou de milhões de habitantes para se desenvolver e colocar-se nas posições mais cobiçadas nos rankings internacionais. A China, por outro lado, o país mais populoso do mundo com cerca de 1,5 bilhões de habitantes, adotou há muitos anos a política de contenção do crescimento e da diminuição populacional, como via de acelerar o crescimento econômico. Se é certo que a economia, como ciência social, nos ensina que os recursos são sempre limitados, os recursos humanos são escassos mais por falta de qualificação ajustada à procura do mercado do que propriamente ao déficit populacional no mercado.

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