BETO ALVES: 2018 foi um mau e um bom ano

0

Autarca de Assomada faz avaliação do ano prestes a passar à história e anuncia fortes investimentos para 2019 que ele próprio estima como sendo o ano de “todo o Concelho, das Vilas e dos povoados de maior concentração”

À laia de balanço de 2018, o Presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina de Santiago, estima que este ano fica marcado pela seca, em que a sua Administração teve que disponibilizar “meios e recursos” financeiros para atenuar os constrangimentos, mas Beto Alves está otimista em como 2019 tem tudo para ser um ano bom, desde logo porque vai ser o ano de todo o Concelho, suas Vilas e povoados de maior concentração.

O Edil aponta como “obra estruturante” a requalificação da frente marítima de Ribeira da Barca, zona que poderá ser dotada de uma Delegação Municipal, entretanto, várias outras requalificações estão projetadas, conforme indica Beto Alves na entrevista que nos concedeu.

A Polícia Municipal, já criada em sede da Assembleia Municipal, vai também marcar o novo ano, sendo mesmo uma das “grandes marcas” do ano vindouro. A aposta é “reforçar” a segurança pública e “garantir” a integridade de pessoas e bens

 

OPAÍS – Como é que o Sr. Presidente analisa o ano de 2018, prestes a terminar? Foi um bom ano?

Beto Alves – Contraditoriamente, foi um mau e um bom ano. Mau ano, porque fomos marcados pela seca, com as consequências previsíveis e imprevisíveis, particularmente no meio rural.

Como é sabido, a produção agrícola e a criação de gado são as principais áreas de atividade económica de Santa Catarina, paralelamente ao comércio que, por arrasto sentiu também os efeitos do mau ano agrícola. Para além da ajuda do Governo, a Câmara teve de disponibilizar alguns meios e recursos financeiros que, de algum modo, abalaram a nossa previsão inicial. Contudo, penso termos dado uma resposta adequada e à altura das necessidades.

Mas 2018 foi, também, um bom ano no que respeita à realização de projetos estruturantes em várias áreas de atividade da Autarquia, mas também na consolidação daquele que era um dos nossos principais objetivos: resgatar o orgulho de ser santacatarinense. Hoje, é evidente que os Munícipes sentem orgulho da sua Cidade e das intervenções que temos vindo a promover. Pela primeira vez, desde há muitos anos, Santa Catarina está concertada com a sua Câmara e com um desígnio coletivo de fundamental importância: uma nova largada de progresso e de desenvolvimento.

A nível da sua Autarquia que grandes realizações marcaram 2018?

Registamos um balanço muito positivo, na medida em que os compromissos essenciais da nossa plataforma eleitoral estão a ser cumpridos. Desde logo, demos corpo ao nosso plano de requalificação do centro da Cidade, porque é por aqui que o desenvolvimento se vai estender a outros pontos do Concelho. Era, sem dúvida, prioridade das prioridades arrumar o centro da Cidade enquanto sala de visitas dos que aqui acorrem.

Nesse sentido, asfaltamos as principais artérias da Cidade, demos cara nova à Avenida Liberdade e avançamos com o ousado projeto da criação de uma Zona Pedonal que comporta uma avenida e três artérias laterais, um espaço de convívio, de vivências e de animação cultural. Devolvemos a Cidade aos cidadãos, tornando-a mais atrativa, moderna, acolhedora e embelezada. Paralelamente, criamos vários espaços e reduzimos substancialmente a circulação de cães vadios.

Avançamos, também, com a construção do Terminal Rodoviário, o primeiro de Cabo Verde, cuja inauguração ainda não se fez porque falta ainda dotá-lo de alguns equipamentos.

Requalificamos e recuperamos mais de uma dezena de jardins infantis e ajudámos à requalificação de escolas do ensino básico. Recuperamos e construímos de raiz à volta de uma centena de habitações de famílias mais necessitadas e empreendemos um ousado projeto de apoio social, de que resulta o funcionamento da Loja Social e da Casa da Sopa, com apoios diretos às famílias, a doentes mentais e a pessoas sem-abrigo.

Mas a nossa ação estendeu-se, ainda, ao desencravamento de localidades e povoados com grande potencial agrícola, pecuário e turístico, calcetando estradas e ligando as comunidades à rede elétrica nacional, nomeadamente, em Achada Leite, Charco, Chã de Monte, Achada Fora, Fundo Baixo e Gudo.

Apostamos forte no saneamento, consolidando a rede domiciliária de recolha de resíduos sólidos, melhoramos substancialmente a limpeza urbana e pretendemos fazer mais investimentos num setor que consideramos central para a imagem desta nova Cidade que estamos a contruir.

No domínio da cultura, implementamos uma agenda de excelência com uma programação que tem trazido a Assomada o que de melhor se faz em Cabo Verde e, inclusive, a nível internacional, de que é exemplo a aderência à Rede Cultural Sete Sóis Sete Luas.

Mas, também, no domínio da juventude e do desporto, com uma agenda mensal que comporta atividades diversas, seja abrangendo diversas modalidades desportivas, ora direcionadas para a mobilização dos jovens e sua auto-organização.

E, ainda, com a autêntica “revolução” que promovemos no domínio da segurança e proteção civil, de que resulta a operacionalização e eficácia dos serviços de fiscalização, mas também na qualificação da Corporação de Bombeiros e na aquisição de meios operacionais.

Como perspetiva o ano vindouro de 2019? Há condições para acreditar num ano melhor?

O próximo ano irá estar marcado, sem dúvida, pelos constrangimentos resultantes de um ano agrícola que ficou aquém do esperado. Mas, desta vez, contamos com a vantagem de termos adquirido experiência e mais capacidade de resposta. Já não temos o fator surpresa, a máquina está montada e bem oleada para corresponder às necessidades das pessoas.

Mas, apesar deste contratempo, temos razões para estar otimistas. 2017 e 2018 foram anos da Cidade de Assomada, 2019 vai ser o ano de todo o Concelho, das Vilas e dos povoados de maior concentração.

Temos em curso uma obra estruturante que é a requalificação da frente marítima de Ribeira da Barca e a abertura de uma Delegação Municipal, vamos avançar com a requalificação de Achada Lém e a infraestruturação do planalto de Achada Falcão.

Vamos avançar com obras em Ribeirão Manuel e Tomba Touro, no primeiro caso recuperando o memorial da revolta enquadrado numa grande praça com zonas de lazer e de convívio e, possivelmente, iremos abrir uma Agência Administrativa; no segundo, entre obras de requalificação da estrada, com colocação de lombas e sinalização, vamos avançar com um jardim-de-infância. Mas também temos investimentos previstos para Chão de Tanque, um forte investimento na requalificação urbana de Rincão. E vamos avançar com a grande estrada Palha Carga-Entre Picos de Reda, até Chã de Lagoa e que desce, pelo outro lado, para Engenhos.

Vamos continuar a infraestruturação, desencravando Pinha de Engenhos e eletrificação de toda a zona de Engenhos, desde Poilão, Mato Gegê, Librão e João Bernardo, mas também a eletrificação de Travessa Baixo e ligações domiciliárias de água, através da cooperação descentralizada, bem como noutras localidades onde estas ligações ainda não existem.

Mas vai ser, ainda, o ano do desporto, com fortes investimentos nas infraestruturas desportivas, como o arrelvamento do campo de Chão de Tanque, um campo relvado em Ribeira da Barca, havendo ainda a perspetiva de arrelvamento do campo de Rincão, a requalificação do Polivalente de Achada Lém e melhoramentos em mais alguns campos de futebol nas localidades. Vai ser, ainda, o arranque do novo Estádio Municipal, de vocação regional e correspondendo a todos os critérios exigidos pela FIFA.

Vamos continuar, também, a requalificação dos bairros de Assomada onde existem fortes investimentos de emigrantes e de Munícipes residentes que os querem – e muito bem – valorizados. Dar qualidade de vida e valorizar o património dos moradores é o nosso objetivo.

Iremos fazer uma forte aposta no setor do turismo, com infraestruturas financiadas pelo Fundo do Turismo, mas também no domínio do ambiente, com projetos financiados pelo Fundo do Ambiente.

As pescas estão também no nosso horizonte de realizações para o próximo ano, desde logo, reforçando os apoios ao setor recorrendo a parcerias. Parcerias que é fundamental mobilizar, ainda, para a agricultura. Isto é, tudo o que seja o potencial de Santa Catarina vai ser alavancado e transformando os vários setores em fatores de desenvolvimento do Concelho e da Região de Santiago Norte.

Mas vai ser, também, o ano de instalação da Polícia Municipal, uma das grandes marcas de 2019. Reforçar a segurança pública e garantir a integridade de pessoas e bens é, neste domínio, o nosso objetivo, aumentando a proteção aos cidadãos.

Que mensagem aos seus Munícipes e aos Cabo-verdianos nesta virada do ano?

Como tenho dito, o meu compromisso é com os santacatarinenses, ao longo deste ano que finda tenho por certo que a generalidade das pessoas entende que uma das marcas desta equipa municipal é a de que garantimos e cumprimos. Connosco, as promessas são dívidas contraídas com cada um dos santacatarinenses e devem ser saldadas. É isso que os cidadãos sentem, é por isso que são cada vez mais os que, deixando de lado legítimas diferenças políticas e ideológicas, querem fazer um djunta mó cidadão por este bem maior que é Santa Catarina e a nova largada de progresso e desenvolvimento que se vive no Concelho.

Em 2019, vamos continuar juntos nesse grande desígnio coletivo, mostrando a todas e a todos, em Cabo Verde e na Diáspora, que é possível contrariar os constrangimentos e enfrentar todos os desafios.

A cada uma e a cada um das minhas e dos meus conterrâneos de Santa Catarina, do Arquipélago, e de todo este Mundo global onde vivem e labutam Cabo-verdianos, desejo os maiores êxitos, felicidade, saúde e prosperidade.