Escrevo sobre tudo o que é público!

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O Paicv, como os outros partidos com representação parlamentar, nos termos da lei, recebe os subsídios do Estado. Começa por aí a componente pública dos partidos!
Eu sei que eles não vão gostar deste artigo meu.

Não faz mal. Eles não gostam que “estranhos” falem sobre eles. Não faz mal. Pretendo ser mais forte do que as críticas ou ofensas que virão. E vou escrever sobre eles sim.

O dirigente do Paicv, José Sanches, declarou publicamente que está disponível para disputar a liderança do Paicv. A disponibilidade de Sanches (ou de qualquer outro e em qualquer partido) é um acto normal nas democracias amadurecidas.

Mas, no reino cabo-verdiano, atendendo às imperfeições democráticas, a disputa política é batizada de conspiração, golpe ou até de traição.

Isto é pura ignorância e estupidez. E o suporte dessa ignorância e estupidez é a ideia de que quem está no poder deve ser um Deus intocável e que a alternância, neste caso, é um acto de traição!

Devo dizer que essa mentalidade exacrável e de pessoas de pouca cultura democrática, fez escola em todos partidos cabo-verdianos. E isso é péssimo para a nossa democracia!

Gostaria de fazer a leitura do desafio do José Sanches, apenas procurando analisar o acto em si, evitando, quanto for o meu engenho, entrar na seara que se diz alheia.

É um facto!

As disputas de liderança no Paicv têm sido nada pacíficas e têm provocados fracturas, com consequências profundas.

O caso de Manuel Inocêncio e de Aristides Lima, o outro caso da disputa de Felisberto Vieira e Janira são experiências amargas, que ainda hoje permanecem na memória da sociedade política cabo-verdiana.

Foquemos na próxima disputa entre a Janira e o Sanches. Para mim não interessa quem vai ganhar ou perder! Esta é uma questão interna, que pertence ao “povo do partido”, como eles dizem.

É sabido que essa disputa de liderança, tem a sua face externa. Ou seja, os reflexos que ela pode provocar no país e na sociedade, visto que o Paicv é um partido do arco do poder! É essa a vertente que me interessa mais.

O aspecto determinante é a saúde dessa disputa.

É a transferência do processo da disputa, que é a palavra que esta liderança do Paicv mais usou nesses três anos da governação do MpD!

Este acto interno terá imensos impactos externos. O Paicv vai ser julgado por esse acto interno e ser avaliado se a palavra “transparência” é exigido apenas quando se trata de adversários políticos e considerado como um expediente apenas para conquistar o poder!
Antes das autárquicas, será o primeiro julgamento que esta liderança vai ter que apresentar resultados!

Se a actual liderança, com o domínio da máquina do poder partidário, com enormes vantagens a nível financeiro, utilizar o poder desses meios para comercializar a genuína vontade dos militantes, estará essa liderança a construir a morte irremediável do seu próprio partido!

Se esses meios forem desta vez acionados, como foi da última disputa denunciado pelo Felisberto Vieira, assistiremos a duas consequências mortalmente irreparáveis:

1- Nunca mais a paz interna será possível. Nunca mais o partido se recuperará a sua credibilidade entre os seus militantes; o partido continuará a funcionar em duas velocidades e o líder(a) que for eleito será representante de uma parte do partido;

2- A nível externo, o partido perderá ainda mais a sua credibilidade! A narrativa de ser campeão da transparência cairá definitivamente nas chamas da Amazônia!

E, neste caso, dará ao MpD um poderoso meio para levá-lo, uma vez mais, ao tapete da história!

Por estes motivos, a liderança do Paicv estará sob os holofotes do mundo!