JpD é uma instituição com um “programa consistente” – Euclides Silva

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25 anos se passam desde a fundação da JpD, juventude partidária do Movimento para a Democracia. A data é assinalada esta sexta-feira, 28, na Cidade da Praia, com um jantar-conferência que tem o Primeiro-Ministro e Presidente do MpD como principal orador

Em entrevista ao OPAÍS.cv, o Presidente da JpD, faz um balanço deste um quarto de século da organização e advoga que a JpD é uma “instituição madura e consolidada”.

O sétimo Presidente da JpD salienta que ao longo destes anos, a organização juvenil tem apresentado um conjunto de propostas que o Governo da República tem adotado, e recorda que a primeira proposta foi logo a seguir à sua eleição e foi direcionado para os jovens que terminaram a formação profissional e superior, mas que não tinham certificados por causa das dívidas. “Muitos deles foram enganados com promessas de bolsas pela então Ministra de Juventude e atual Presidente do PAICV”, recordou, assegurando que o Governo do MpD mostrou-se “sensível” ao assunto e “rapidamente” resolveu a questão.

 

OPAÍS.cv – A JpD está a assinalar os seus 25 anos de fundação. A pergunta óbvia nesta ocasião. Como avalia estes anos todos desta organização juvenil política?

Euclides Silva – A avaliação que faço é muito positiva. Hoje, a JpD é uma instituição madura, consolidada, com um programa consistente e com as suas causas bem definidas.
A título de exemplo, somos a única juventude partidária que possui várias rubricas de formação política, como a Universidade de Verão e a Universidade do Poder Local.

Ao longo deste anos, a JpD formou vários dirigentes, e não só, que hoje são figuras de relevo na panorama político nacional. Para além dos antigos Presidentes Paulo Monteiro, Lourenço Lopes, Alcides de Pina, Fernando Elísio Freire, Miguel Monteiro, Herménio Fernandes, temos antigos vices como Olavo Coreia, atual vice Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças, Carlos Monteiro, que atualmente é Secretário Geral Adjunto e Deputado da Nação, e vários outros jovens de Santo Antão a Brava que passaram pela JpD e que hoje são grandes profissionais nas suas áreas.

Podemos falar num momento mais importante nestes 25 anos?

A JpD teve vários momentos importantes que fica difícil escolher um. Mas arriscava a dizer o lançamento das estruturas concelhias em todos os pontos do País e na Diáspora como um destes momentos.

E qual terá sido o pior momento?

Acho que não tivemos nenhum momento que podemos considerar o pior. Todos os momentos foram de aprendizagem contínuo. Aprendemos com as derrotas, com as frustrações, quando os objetivos não foram alcançadas, mas vejo isso como mais um degrau na consolidação da JpD.

25 anos depois, que desafios se colocam, atualmente, à vossa organização e à juventude Cabo-verdiana?

Hoje os desafios que se colocam a uma organização como a nossa e a juventude do nosso País passa pela procura de soluções para a questão do desemprego jovem, que nos últimos três anos, segundo os dados do INE, tem baixado, mas acreditamos que é possível baixar ainda mais.

Temos o desafio da qualificação e da formação. Estamos num mundo globalizado e os nossos jovens têm que ter uma formação de qualidade que os permita competir com o mundo e singrar a nível global e não pensarmos apenas em Cabo Verde. Daí ser necessário o domínio das línguas, das tecnologias e estamos conectados com o mundo. Por isso, temos estado a desenvolver parcerias com as nossas congéneres noutros países para trocas de experiências, intercâmbios formativos entre outros, para dar uma nova dinâmica à nossa organização, que está sempre de portas abertas a novos membros.

Num artigo de opinião publicado nos últimos dias, referia que algumas das medidas em favor da juventude Cabo-verdiana deve-se muito à vossa organização. Deu conta, por exemplo, do alargamento da idade e juros de bonificação para habitação jovem. Entretanto, a vossa congénere do PAICV, a JPAI, já veio falar em medida avulsa e de cosmética. Que comentários lhe merece esta crítica?

Sim, é verdade. Nos últimos 25 anos, todos as gerações da JpD foram muito ativas em apresentar propostas e esta direção não fugiu à regra. Apresentamos muitas propostas e boa parte delas tem sido absorvidas.

A JPAI, é uma organização que, com todo o respeito, foi a maior cúmplice dos desmandos do PAICV no seu último mandato. Por exemplo, enquanto a JpD batia o pé para que o governo do PAICV não suspendesse a bonificação dos juros na compra ou construção de habitação por parte dos jovens, uma medida implementada pelo MpD nos anos 90, a JPAI não disse uma única palavra. Porque será? Porque não fizeram estas sugestões na altura? Isto mostra que esta organização não tem agenda. Aliás, o seu Presidente, esporadicamente, aparece em conferências de imprensas para repetir aquilo que os graúdos do Partido repetem há três anos. Acho que os jovens estão a atentos a isso. Por exemplo é curioso vê-lo a sugerir que a idade máxima para a bonificação dos juros para habitação jovem vá até aos 40 anos, sabendo que a ONU, e outros organismo internacionais dizem que a idade dos jovens vai até aos 35 anos. Todavia, convém realçar que em Cabo Verde quando estes jovens ultrapassem os 35 anos não vão perder a bonificação dos juros. Portanto, acho que avulsa são as propostas, intempestivas, apresentadas pela JPAI.

Já agora, para além desta medida em concreto, que outras medidas foram adotadas pelo Governo e que contou com anuência/apoio/aval da JpD?

Todos os anos participamos nas audições promovidas pelo Governo, no âmbito da elaboração do Orçamento de Estado e promovemos, na sequência disso, duas conferências, uma na Praia e outra em Mindelo, para debatermos as oportunidades para a juventude que constam no documento.

A primeira proposta que fizemos logo após a nossa eleição foi no sentido de o Governo encontrar uma solução para centenas de jovens que terminaram a formação profissional e superior, mas que não tinham certificados por causa das dívidas. Muitos deles foram enganados com promessas de bolsas pela então Ministra de Juventude e atual Presidente do PAICV.

O Governo atual mostrou-se sensível a esta questão e rapidamente mandou entregar os certificados aos jovens que fizeram a formação profissional e muitos deles já estão no mercado de trabalho.

A FICASE no ano passado lançou um concurso para atribuir bolsas aos finalistas com dívidas. São medidas que nós aplaudimos. Também, apresentamos a proposta no sentido de alargar os estágios profissionais de três meses para um ano. O Governo alargou para seis meses, o que já é um bom sinal. Ainda, apresentamos a proposta no sentido do reconhecimento imediato das qualificações adquiridas em Portugal e no Brasil, tendo em conta que o grosso dos nossos quadros formam nestes países, e há muitos talentos na nossa Diáspora que temos todo o interesse que venham dar o seu contributo em Cabo Verde, muitas vezes não participam em concursos cá por não possuírem equivalência no momento dos concursos.

Acreditamos que este constantemente vai ser solucionado no âmbito de um acordo mais vasto na CPLP.

Da nossa parte continuaremos apresentar as nossas propostas ao Governo, Câmaras e Assembleia Nacional nos fóruns de debates que promovemos mensalmente, nas audiências e visitas às instituições e nas moções que apresentamos.

De forma genérica, como a JpD avalia a governação nacional, naturalmente com enfoque na juventude?

O balanço destes três anos para a juventude é positivo, pese embora, há alguns setores que podiam estar melhor. Mas gosto de focar nas soluções. O Governo tem estado a cumprir na educação. O ensino obrigatório até ao 8.º ano já é uma realidade, a partir de setembro os alunos até 10.º vão deixar de pagar as propinas e, até 2021, o ensino secundário nas escolas públicas vai ser totalmente gratuito.

Hoje temos menos abandono escolar. Os programas de apoio ao empreendedorismos estão a funcionar, beneficiando já vários jovens em vários setores de atividades.

Os programas de estágios profissionais, formação profissional estão a ser um sucesso e os dados mostram-nos que mais de 60% dos jovens que beneficiaram destes programas estão inseridos no mercado de trabalho. Acho que o caminho é este.

O desemprego jovem está a descer desde 2016 e o nosso desejo é que continue a baixar a um ritmo ainda mais acelerado.

Antes de concluir que mensagem deixar aos jovens?

É para serem positivos, empreendedores, participativos e para não perderem a rebeldia. Cabo Verde vai continuar a precisar de jovens insubmissos, irreverentes e inconformistas para continuar a construir um Cabo Verde melhor. Porque a juventude é, sobretudo, o presente e futuro de qualquer País.

Agora, sim, para concluir, há uma gala que acontece esta sexta-feira, na Praia, para celebrar os 25 anos. Antecipa-nos o que vai acontecer logo à noite.

Vamos ter um jantar-conferência com o Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva, mas também na ocasião serão homenageados todos os antigos Presidentes da JpD.
O evento vai contar com a presença de muitos jovens da JpD, da Sociedade civil, desportistas, estudantes para juntos assinalamos esta linda data para a JpD. Vai haver também muita animação cultural e algumas surpresas.



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