A política externa de Cabo Verde num mundo de multilateralismo e da globalização em processo de reconfiguração

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46 anos depois, afirmo que Cabo Verde nunca praticou a política do não alinhamento. Durante 15 anos esteve alinhado como o bloco soviético, no plano ideológico, apesar de ter sempre contado com a ajuda do capitalismo do Ocidente.

Este alinhamento ideológico, impediu a livre iniciativa na economia, o que, até hoje, é o responsável pela não existência de uma robusta economia de base privada no país.

Sob o conceito vago de País Útil, Cabo Verde, por força das suas fragilidades estruturais optou por um pragmatismo, numa lógica de sobrevivência e, até hoje, é dependente da Ajuda Pública ao Desenvolvimento.

Fora do contexto da guerra fria, a globalização da economia e o triunfo do neoliberalismo a geopolítica do mundo mudou muito e estruturalmente. Efetivamente as empresas globais ou as multinacionais ganharam um peso enorme nas relações económicas globais, blocos regionais emergiram e duas grandes potências económicas emergentes vêm fazendo um mundo cada vez mais multipolar, originando uma disputa egoísta pelo domínio económico dos países pobres e em desenvolvimento com a conivência das elites domésticas.

Acresce a esta dinâmica global o papel das Organizações Multilaterais com poderes de influenciaçao direta na definição e condução das políticas domésticas e o surgimento do nacional-populismo e a iliberalização da democracia representativa.

Não há razões para a política de não alinhamento, num mundo virado do avesso pela pandemia, com a globalização em crise, o capitalismo autorregulado incapaz de responder à crise e o Estado a ser “salva-vida” nas Nações e das empresas.

Nenhum país se posiciona na arena internacional, por natureza assimétrica, assente no princípio de que quer ser útil, mas em função dos seus INTERESSES!

Cabo Verde tem que procurar sempre se inserir de forma dinâmica na economia global, se relacionar com todos em função dos seus interesses, no respeito pelas leis internacionais, e estabelecer alianças estratégicas com paises e blocos que melhor contribuam para o seu desenvolvimento e a prosperidade partilhada do seu povo!

Acabou a guerra fria e com ela o não alinhamento!

Cabo Verde tem que estar alinhado estratégicamente com os que podem contribuir para o seu desenvolvimento sustentável e de longo prazo e com todos que acrescenta valor ao cintributo dos seus aliados/parceiros estratégicos!