O Estado é um instrumento

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Alguns políticos com responsabilidades relevantes no passado deste país, emocionado, sensivelmente eufórico e sempre romântico (com “receba as flores que lhe dou, em cada flor um beijo meu”NN), aproveitam-se desta ocasião de crise de saúde pública e humanitária, a qual, naturalmente, arrasta uma crise econômica, para, mais uma vez, fazer a apologia de seu pensamento ideológico -o socialismo.

Nada de anormal essa iniciativa, não fosse o seu puro idealismo.

Não estamos com a democracia suspensa, nem ameaçada, nem interrompida, como demostra o uso normal que dela se está fazendo, no exacto momento que escrevo este artigo.

Não se pode estar no uso da liberdade, embora com as condições do momento, que são perfeitamente aceitáveis, e estar-se a fazer a sua negação ou lançar fantasmas sobre o seu risco ou suspensão.

O problema desses políticos é o Estado. Não podem viver sem Estado, sem um Estado gordo!

Estão tão preocupados com o Estado, não dormem a pensar no Estado, como que o Estado está a preparar uma fuga repentina e secreta? E que, por isso, quiçá, ficariam órfãos, sem o protector !

Não meus senhores, o Estado está aí, a cumprir o papel que lhe cabe num período de excepção, num período com um prazo, embora não sabendo até onde pode ir esse prazo. Seis meses, dez meses, ninguém sabe ainda.

Até porque se esse papel excepcional do Estado não tivesse um prazo determinado, se fosse a regra, não haveria Estado nenhum no mundo que subsistiria. Como é evidente! Isto tudo é temporário e vai passar.

O Estado, qualquer que for o seu figurino ou escopo, é um instrumento político e não pode ser considerado um fim em si.

A sociedade cria o Estado, dopta-lhe de poderes e funções, paga o seu funcionamento e espera que ele cumpra as funções.

Independentemente das ideologias, para que é que necessitamos de um Estado gordo, cheio de manhas e viveiros, com um infinito emaranhado de burocracias e teias, que constantemente chupam os recursos dos contribuintes, que põem em risco a sobrevivência do próprio Estado e dos seus viveiros financeiros, que são os contribuintes?

E ainda por cima este Estado gordo, mal-visto, pachorrento, gastador, que mal consegue dar um passo em frente, que é para governar apenas uma Vila de 500 e tal mil pessoas?

Em termos de peso financeiro, temos mais Estado do que pessoas! E isto é ridículo!

É claro que a questão crucial é sobre o papel do Estado. Sim é verdade.

O Estado tem funções gerais e também específicas sobre a sociedade.

Se no campo econômico, tivermos um segmento da sociedade, os cidadãos, com poder das tecnologias, com visão, com capital, com know how de que como melhor executar e criar a riqueza, de criar emprego, com a capacidade para pagar impostos, taxas e comprar serviços, com a capacidade de criar a competitividade, fornecer o mercado, exportar, promover a livre iniciativa econômica, qual é a razão de matar tudo isto e entregar ao Estado essas funções?

Ou as funções do Estado é entrar no mercado econômico e competir com esse segmento, com todas essas essas potencialidades, riquezas e criatividade?

Ao pretendermos fazer isso, não estaremos a ser utópicos, estúpidos e sonhadores outra vez?

No passado, a história reprovou as tentativas alternativas e já só um sector marginal é que reivindica a segunda tentativa das ideias rejeitadas.

O modelo do socialismo econômico nunca foi alternativa em parte nenhuma. Sempre que chegue ao poder, com as suas manhas conhecidas, engana o eleitorado e aplica exactamente as teorias do modelo econômico liberal. Sabemos isso.

No fundo, eles querem só o poder e mais nada. Falam da pobreza, por exemplo.

Estiveram 15 anos no poder, fizeram alguma coisa para combater a pobreza? E depois vêm exigir que se acabe com ela em 4 anos.

Há muita coisa no mundo que urge mudar. Muita coisa. E acredito que ela vai ser mudado.

Agora, o sistema do mercado?

Tirem o cavalinho da chuva. Pode até ser melhorado o sistema do mercado, limpar distorções, introduzir novos conhecimentos, etc, mas eliminar o sistema de mercado e substituí-lo por um outro que não existe, sempre foi um idealismo utópico e romântico dos poucos socialistas que restam ainda no mundo.

Entretanto, desejo-vos um óptimo proveito e uma boa digestão ideológica.



2 COMENTÁRIOS

  1. Já se percebeu que o Maika adora o JMN e sempre que lhe é permitido desnuda o ex primeiro-ministro e Candidato a PR. Neste caso em particular o Maika, porque o JMN foi descuidado, atacou o que muita gente lúcida sempre viu nele: um fulano que chegou ao poder com poucas leituras no currículo e sem uma formação ideológica de suporte. Por isso durante o tempo que esteve no governo foi um “vagabundo” expressão do Treinador Mourinho ao qualificar um jogador sem posição definida no campo. A par disso, também penso que o surgimento do Carlos Veiga no telejornal na ora nobre a opinar o mérito do Estado de Emergência deixou-lhe em estado de emergência política perante o grande desempenho do Veiga.

  2. Para quem tem estado atento a acompanhar JMN, sabe perfeitamente que Maika visa o proto candidato a PR de 2021. Para Neves, COVID-19 não poderia ter acontecido na melhor oportunidade. Com a liderança da Janira esfarelar-se na opinião pública, Neves vai animando a ‘militonta’ tambarina com supostas análise de coisa alguma. Escreve textos treslocados, sublinha parágrafos, usa de negritos para sinalizar coisa alguma, e não dorme. Não tem sossego! A verdade é que é Maika pode estar a jogar o jogo de Neves: falem mal de mim, mas falem! Neves sofre do sintoma de bipolaridade. De um lado nega a gravidade da doença, logo é um negacionista, mas de outro lado, vê nela uma oportunidade eleitoral. Nesses dias desdobrou-se em constitucionalista, economista, patologista, virologista e egoísta. Queixa-se do relativo sucesso da liderança do UCS em lidar com a crise, queixa-se da TCV que chamou Carlos Veiga e queixa-se de não ter sido chamado pelo JCF antes da declaração do Estado de Emergência. Maika confunde-se ao abordar a problemática do papel do Estado com um indivíduo que nega a existência do Estado (no sentido liberal do termo) e isso desde dos tempos do Liceu. Para Neves o que vale é o papel do partido na organização do Estado e da sociedade. Para Neves é o partido que deve moldar a sociedade e o Estado. Escreve a Constituição de Cabo Verde com (c), isso mesmo com c minúsculo. A melhor descrição do JMN, encontrei num artigo de opinião no Expresso.pt para referir-se à personagem do Bolsonaro: “Bolsonaro (JMN) pertence ao grupo dos fanfarrões pouco dotados intelectualmente que, turvados por este motivo, julgam ser muito espertos. Infelizmente, não está sozinho neste delírio.”

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