“Sofri bastante” ao ver irmãos “sair” da Ordem

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Revelação é do Frei Fidalgo e foi feita ao Jornalista Alírio Cabral Gomes que está a preparar um livro onde detalha, por um lado, o ministério do Custódio dos Capuchinhos entre 2015 e 2021, e por outro o percurso do Sacerdote natural da Ilha do Fogo e que marcou e marca a história da Igreja em Cabo Verde

O Frei António Fidalgo de Barros cessou na última quinta-feira, 29, a sua função como Superior dos Frades Capuchinhos em Cabo Verde. Na hora do balanço ele confessa ser “suspeito” para avaliar o seu trabalho à frente da Ordem, mas faz uma confissão. “Logo nos primeiros tempos, na primeira fase do primeiro triénio, sofri bastante vendo que alguns irmãos que por sinal já estavam com problemas quando entrei, acabaram por sair”, e outros que “professaram depois da minha entrada e que também desistiram”.

Esta declaração foi feita ao Jornalista Alírio Cabral Gomes numa longa entrevista em que o Sacerdote aborda, detalhadamente, os seis anos em que administrou a Ordem nestas Ilhas.

O autor da entrevista partilhou excertos do livro em preparação com OPAÍS.cv, precisamente num momento em que o Frei Fidalgo terminou funções.

Na entrevista, adianta Alírio Cabral Gomes, o Frei Fidalgo avalia os dois mandatos à frente dos Capuchinhos e lamenta a saída de alguns irmãos. “Eram irmãos com Profissão Simples, não estavam ainda comprometidos definitivamente na Ordem, mas há um caso cuja saída ninguém previa e que me custou muito aceitar”, revela o Sacerdote. “São momentos sempre dolorosos para qualquer família que vê um membro sair, mas isso acontece em todas as famílias religiosas, acontece também com a Igreja no seu todo, pessoas que entram e depois saem”, observa o Frei que destaca, por outro lado os “bons momentos vividos” por ocasião de profissões solenes na Ordem. “São grandes momentos e eu vivi isso com grande alegria”, referiu.

Nos 6 anos de mandato, acrescenta o Frei Fidalgo, houve ainda “outros momentos muito bons”, como os das Ordenações Sacerdotais havidas, num ciclo de 2 mandatos de 3 anos”.

“Quem está à frente de um grupo religioso como este nosso tem de estar preparado para enfrentar desafios. Afinal “ter desafios e problemas para resolver não é uma coisa má. É com esses desafios que a gente cresce e aprende. Eu tive vários desafios a enfrentar, alguns de âmbito interno, outras vezes são problemas que os outros nos criam. Vivemos numa Sociedade, pode haver uma instituição que nos cria problemas, temos que tentar ultrapassá-los, às vezes não conseguimos, mas tentamos, é isso que interessa”, acrescentou.

O livro ainda não tem data de edição, mas segundo o autor ele pode ficar concluído ainda este ano, podendo ser lançado em 2022.



1 COMENTÁRIO

  1. Sempre admirei o Frei Fidalgo, e creio que a maioria dos Mindelenses também. Sereno, sempre disposto o ouvir os outros, humilde com a sua lambreta e com o seu capacete a circular pelas ruas da cidade ou a contribuir sem ruídos para uma sociedade mais igualitária através do jornal e da rádio dos capuchinhos na ribeira bote. Foi através da associação que criou com mais 2 Mindelenses a força da esperança na mudança de 13 de janeiro de 1990. Um muito obrigado Padre Fidalgo! Estaremos sempre juntos nesta sua nova condição com Cristo.

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