A Polícia Nacional

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O nome diz tudo! Eu diria a Polícia da Nação! Porém, sabemos que, na prática, em muitos casos, não é bem assim!

Todos reconhecem o papel insubstituível da Polícia Nacional e o esforço que ela vem encetando, para garantir a ordem e a segurança públicas e ajudar no combate à criminalidade!

Todavia, não se pode mascarar por mais tempo os vários problemas que a corporação vem enfrentando desde vários anos! Problemas esses que se deixam passar de lado e em relação aos quais se fecham os olhos!

Não há dúvidas que o caso de Jorge Fernandes foi super-mediatizado, para não dizer outra coisa! Estamos perante um caso, do qual se espera do Governo e da Polícia Nacional uma actuação pronta, firme e que se faça justiça!

De um caso concreto, cuja resolução deverá ser da alçada da Polícia e da Justiça, é lamentável que a Nação cabo-verdiana foi injustamente considerada de racista, xenófoba e que é contra os direitos humanos, entre outros mimos!

O que é mais triste é ver muitos cabo-verdianos, precipitadamente, e muitos por razões bem conhecidas, a dar a mesma sentença à nossa Nação!

No fundo, dito de forma clara, o que se pretendeu dizer é que a República de Cabo Verde é contra os africanos! E a favor dos europeus!

Porém, no caso concreto, a realidade é outra e, talvez, as causas dos problemas são outras! E essas causas veem de longe!

Quem não se lembra das brutalidades da polícia de fronteira em relação ao caso de Dr. José Manuel Pinto Monteiro!? Ele é africano do continente? Foi racismo? Foi xenofobia?

Quem não se recorda dos vários relatos de casos de abusos de autoridades policiais nas esquadras, nas ruas contra alguns cidadãos cabo-verdianos? E nesses casos quais são as explicações?

A verdade é que ninguém quer ir ao fundo dos problemas existentes na corporação policial!

A Polícia Nacional tem uma história centenária, que remonta ao período colonial, passando pelo pós-independência e pela instituição do regime democrático!

Apesar dos avanços, compreender esta corporação passa, necessariamente, por compreender as influências de cada um desses períodos e identificar as marcas que ainda perseguem no perfil actual da corporação!

Existem indícios de uma determinada cultura nessa corporação, que não foi assumida nem reconvertida!

Os chefes hierárquicos anteriores foram mantidos nos seus lugares, os chefes intermédios também foram mantidos e foram mantidos uma parte substancial dos agentes mais antigos, o que se tornou difícil a reconversão da cultura funcional da Polícia Nacional!

Haviam alternativas?

Acrescem-se a essa realidade histórica, situações mais recentes com a ingressão de novos agentes com perfis duvidosos, ao ponto de assistirmos, com alguma frequência, agentes da polícia a participarem em assaltos aos bancos, às residências de particulares, assaltos à mão armada de cidadãos na praça pública e abusos de autoridade contra os cidadãos! Nestes casos, cidadãos cabo-verdianos!

O que se passa hoje na corporação policial são os reflexos da sua história e os insucessos presentes da sua não reorganização e não reconversão da sua cultura funcional e corporativa!

De todo o modo, por mais grave que sejam os excessos de certos agentes policiais, esses excessos não fazem parte, nem de perto nem de longe, da cultura da Nação cabo-verdiana e nem do Estado de Direito Democrático!

Não devemos fazer o que os outros fazem a nós! Porém, não devemos esquecer os muitos abusos que os cabo-verdianos passam e continuam a passar nas várias fronteiras de vários países africanos!

E, neste contexto, a nossa Nação, com todas as suas fraquezas e vulnerabilidades, não pode ser considerada de racista, xenófoba e de não proteger os direitos humanos!

Temos as nossas falhas, mas nestas matérias não recebemos lições de outros países e muito menos de certos patrícios nossos, que apoiaram tais acusações!

O que será necessário, em vez de se fechar os olhos, é reconverter a cultura da nossa Polícia Nacional e
colocá-la ao serviço da Nação e da Constituição da República!

 



2 COMENTÁRIOS

  1. Maica, deves recordar disto

    Polícias cabo-verdianos detidos na Guiné-Bissau acusados de crime contra segurança do Estado, qual foi o cabo-verdiano reagiu na altura?

    ” Os dois polícias cabo-verdianos detidos na Guiné-Bissau vão ser acusados de crime contra a segurança interna e externa do Estado guineense e deverão ser julgados, por isso, pelo tribunal militar, disse hoje à Lusa uma fonte judicial.

    De acordo com a fonte, a decisão é do Ministério Público guineense, que conta enviar o dossiê dos dois polícias ao tribunal militar regional de Bissau para o julgamento do caso.

    Contactados pela agência Lusa, os advogados que defendem os polícias cabo-verdianos, Salomé dos Santos e Franklin Vieira, disseram desconhecer qualquer decisão do Ministério Publico sobre a matéria por ainda não terem sido notificados.

    “Ainda hoje demos uma conferência de imprensa a pedir ao Ministério Publico que acelere o processo, porque depois do primeiro interrogatório aos nossos constituintes ainda não fomos notificados do despacho para que possamos saber de que tipo de crime são acusados”, disse Salomé dos Santos.

    A advogada, que presenciou o interrogatório dos dois polícias cabo-verdianos, diz que vai “agora mesmo tentar saber o que se passa” e só depois irá pronunciar-se.

    “Para fazermos qualquer pronunciamento temos que ser, primeiro, notificados, o que não é o caso, só depois poderemos falar”, declarou Salomé dos Santos, que adiantou à Lusa que os dois polícias “estão numa profunda depressão”.

    “Estão deprimidos porque esta situação é de todo insuportável para eles, porque na verdade não estão a compreender o que se passa. Vieram cá apenas no cumprimento de uma missão normal no âmbito das suas atividades de polícia”, afirmou a advogada.

    Salomé dos Santos informou ainda que um dos detidos está a com a medicação reforçada devido a problemas graves de saúde de que padece.

    Com estas acusações de crime contra a segurança interna e externa do Estado, os dois polícias deverão ser transferidos da sede da Polícia Judiciária para as instalações militares. ”

    Os dois agentes cabo-verdianos estão detidos desde dia 13, depois de supostamente terem acompanhado um caso de deportação (uma mulher que estivera presa em Cabo Verde e fora deportada). O governo de transição da Guiné-Bissau diz que os dois tiveram um comportamento estranho, que não cumpriram as regras, e que desconhece o paradeiro da mulher que fora Um caso não justifica o outro.
    Este actual está sendo feito uma tempestade num copo de água. Que chegue a conclusão do inquérito e depois pronunciem. É tudo da minha parte.

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