Sem dúvida, as autárquicas de 2020 serão eleições importantes e estratégicas para o MpD. Não só por elas serem as primeiras do próximo ciclo político, mas, sobretudo, do ponto de vista político global.
Para o adversário directo do MpD – o Paicv e a sua actual liderança -considerando o desastre geral de 2016, as eleições autárquicas serão quase de vida ou morte (morte política).
Espera-se que o Paicv vai fazer de tudo, usar todos os meios, para tentar reverter o quadro político negro que nasceu a partir de 2016.
É legítimo que assim seja!
Porém, o que não é já comum, o que nos criam dúvidas, é fugir à definição das metas! Quantas Câmaras pensa o Paicv recuperar?
A Janira deu a volta à pergunta e respondeu seco “conseguir o equilíbrio, conseguir o equilíbrio do poder! Não se deve colocar todos os ovos no mesmo cesto”.
Esta mesma resposta foi dada em 2016. Na oposição nada mudou, tudo ficou como em 2016!
Num patamar diferente, acredito que o objectivo principal do MpD nestas eleições é ganhar, folgadamente, as autárquicas.
E demonstrar ao adversário – o Paicv e a Janira – que a política de terra queimada que eles, raivosamente, vêm seguindo não é bom para o país e para o povo de Cabo Verde!
Que não serve ao país a política difamatória (difamação, que inclui o carácter das pessoas), as suspeições, as fake news, e, sobretudo, as ofensas à imagem internacional de Cabo Verde, atacando o nosso principal activo, que é a boa imagem de Cabo Verde e sua estabilidade!
Para além da avaliação do desempenho de todos os executivos camarários, deve-se pôr em julgamento a estúpida política de terra queimada e o mal que ela faz a Cabo Verde!
À partida, nestas eleições, o MpD tem do seu lado todas as vantagens.
Primeiro, nunca se viu uma política tão vantajosa e proveitosa do Governo em relação aos municípios!
Nunca se viu tantos recursos injectados no poder local, tantos programas de requalificação urbana, como este governo fez, em parceria com todos os municípios!
Este governo entendeu que os problemas deste país devem ser atacados na sua base, no poder local, que se encontra mais perto das populações e que sabem dos seus problemas do dia-a-dia.
Esta política é, reconhecidamente, o maior activo do MpD! E abrange todas as Câmaras do país, sem descriminação!
E sabe-se que todas as Câmaras abraçaram e elogiaram as novas políticas deste governo! Mesmo as Câmaras da oposição não se queixam.
Foi uma viragem importante e hoje não há queixas nenhumas!
Sem deixar de reconhecer essas vantagens, o MpD deve ir para estas eleições com humildade, negando que tudo esteja ganho à partida, mas com uma firme determinação, com uma estratégia forte e com candidatos para vencer!
A política não é um clube de amigos, em que o mérito é posto em segundo lugar. Todavia, na minha opinião, é necessário precaver contra os aventureiros de última de hora, que só aparecem nos momentos mais convenientes.
Indico uma outra vantagem do MpD. O Paicv nunca ganhou uma única eleição autárquica. E nas eleições de 2016, estava às portas de desaparecer do mapa!
Porém, este é um problema deles! O MPD deve manter o foco na sua estratégia e combater, até ao último momento, com firmeza o adversário!
Estou certo de que, com essas desvantagens, nestas eleições, o Paicv não vai debater e enfrentar as novas conquistas do poder local.
Ele vai inundar, teimosamente, estas eleições com as mesmas acusações de política de terra queimada, com fake news, com suspeições, que se está a “vender o país aos estrangeiros”, com a criminalidade, misturando tudo numa “cachupada azeda”, e transformando as autárquicas como se elas fossem a antecipação das eleições legislativas!
Para eles – o Paicv – as autárquicas serão a pré-legislativas! Até estão com receios em definir as metas para as autárquicas.
Ao contrário, serenamente, mas com firmeza, do lado do MpD, as eleições autárquicas devem ser a celebração do reforço e dos ganhos conseguidos do Poder Local e as suas populações!
