Uni-CV. Divulgação de dados financeiros gera “vergonha e indignação” na instituição

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Entre 2014 e primeiro trimestre de 2020, a Uni-CV gastou mais de 43 mil contos, num conjunto de despesas, mas em bolsas de estudo nenhum centavo foi investido

A análise e interpretação de dados, publicados pelo Ministério das Finanças, referentes a gastos realizados pela Universidade de Cabo Verde, Uni-CV, tem gerado, nos últimos tempos, um sentimento de “profunda vergonha e indignação” no seio da referida instituição.

Segundo informações remetidas ao OPAÍS.cv, tudo teve origem com a tomada de conhecimento desses dados que foram divulgados no site do Ministério das Finanças e com a sua compilação e análise por parte de um docente no fim-de -semana passado.

Num E-mail enviado por um professor, que tem como fonte a Conta Geral do Estado, referente aos anos de 2014 e o primeiro trimestre de 2020, disponível no referido site, são revelados os gastos que a Uni-CV realizou, em itens como roupa, vestuário e calçado, despesas de representação, deslocações e estadas, artigos honoríficos e de decoração, pessoal em regime de avença, livros e documentação técnica, transferências a organismos internacionais, e em bolsas de estudo e outros benefícios educacionais.

O referido E-mail, revela que no período de análise, a Uni-CV gastou mais de 43 mil contos, num conjunto de despesas, mas em bolsas de estudo nenhum centavo foi investido.

As despesas

Em roupa, vestuário e calçado foram gastos 1.333.540$00, ao passo que em despesas de representação foram consumidos exatamente 2.091.628$00.

Na rubrica deslocações e estadias, a mesma universidade gastou a quantia de 31.872.582$00, e 115.267$00 é o montante que artigos honoríficos e de decoração consumiu.

Os dados referem ainda que 2.805.000$00 foram gastos com pessoal em regime de avença, e o valor de mais de 5 mil contos ficou por conta de transferências a organismos internacionais, enquanto que em livros e documentação técnica foi gasto “apenas” 534.157$00.

Na rubrica bolsas de estudo e outros benefícios educacionais não consta qualquer valor investido.

Estes dados, na opinião de alguns membros da referida comunidade académica, evidenciam uma “completa inversão” das “prioridades e valores” que devem nortear o funcionamento de uma universidade pública, cuja missão principal, na opinião dos mesmos, deve estar focada no ensino, investigação e difusão de conhecimento científico e não em “gastos supérfluos” com despesas de representação, roupa, vestuário, calçado, deslocações e estadas.

Silêncio. Calúnia e difamação

Oficialmente, a Reitora da Uni-CV, Judite Medina Nascimento, ainda não se pronunciou, sobre o assunto, mas numa circular interna referiu-se às acusações como sendo “deliberadamente caluniosa, difamatória e fraudulenta”.

Judite Nascimento terá mesmo acusado o referido docente de usar “informações oficiais” da instituição para “instigar” a uma “interpretação fraudulenta” dos referidos dados.

Sabe-se que o referido professor que denunciou as contas da Uni-CV está impedido de aceder à Universidade conforme despacho do instrutor do processo contra ele, a mando da Reitora.

No seio da comunidade académica reina um sentimento de “alguma estupefação”, pela atitude da Reitora face ao docente.

Há quem admita que a postura da Reitora pretende “impedir” que se exponha os “desmandos” que vigoram naquela instituição de ensino superior, sendo que há vozes que, face a este cenário, não descartam a possibilidade de haver situações que possam configurar eventual crime de peculato, gestão danosa, participação em negócios, nepotismo, abuso de poder e até mesmo favorecimento de familiares e amigos.



4 COMENTÁRIOS

  1. É urgente investigação do governo e saída da reitora! A universidade estado a ponto de explodir. O aparente silêncio trás vários sentimentos gritantes. Muita corrupção, nepotismo, desorientamento, fofoca, sinismo, etc. Está senhora está a arrasar o herarrio público. Prepotência e ignorância é a marca! Agora se isso continuar quem paga a conta e o governo.

  2. ISSO É UMA VERGONHA. FAZIA PARTE DESSA CASA E CONSTATEI VÁRIAS SITUAÇÕES DE GASTOS QUE NÃO SE JUSTIFICAVAM, ENQUANTO QUE OUTROS GASTOS RELACIONADOS COM O DIA A DIA DA COMUNIDADE ACADÊMICA FICARAM PARA TRAZ. ISSO MANCHA A IMAGEM DA UNIVERSIDADE PÚBLICA E DO ENSINO SUPERIOR NO PAÍS. EU TAMBÉM QUERO UM FATO NOVO PARA AS CERIMÔNIAS, MAS TEREI DE ME CONTENTAR COM O QUE TENHO E NÃO FAZER A MINHA INSTITUIÇÃO PAGA-LO. A QUE FAZER UMA AUDITORIA A GESTÃO DAS CONTAS DESSA SENHORA.

  3. Judite, mais dia menos dia iria comer o pão que o diabo amassou. Transformar a universidade pública num vazadouro e asilo da terceira idade dos ex ministros do paicv, obviamente tem custos.

  4. Enquanto docente da instituição já viajei várias vezes em Congressos Científicos Internacionais mas da instituição o unico benific io foi dispensa e autorização de saida mas com garantia de reposiçao das aulas. A nao ser que haja outros colegas que beneficiram. Pode até haver dois pesos e duas medidas. Admitamos.

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