A chave do futuro de Cabo Verde

0

Nos últimos anos, tem sido evidente o aumento do nível de educação cívica e conscientização política nos países ocidentais mais desenvolvidos. No entanto, quando olhamos para muitos países africanos, a história é bem diferente.

No caso de Cabo Verde, apesar dos grandes avanços que o nosso país tem feito em termos de aprimoramento das liberdades individuais e de consolidação da democracia, ainda enfrentamos alguns desafios em termos de engajamento político, especialmente entre os jovens.

Como dizia um famoso pensador, “a educação é a chave que abre todas as portas”, uma afirmação que ressoa profundamente quando consideramos o papel crucial que a educação desempenha no fortalecimento da participação cívica e política.

Em Cabo Verde, ao contrário dos seus vários países irmãos no continente Africano, foi implementado um sistema eficaz de ensino, possibilitando a universalização da educação para todas as crianças e adolescentes, em consonância com uma sociedade em constante mudança e com novas necessidades emergentes. Apesar do sucesso do sistema de educação formal, ainda existe uma lacuna significativa na conscientização política entre os jovens cabo-verdianos.

Vários fatores contribuem para essa lacuna, desde o desinteresse pela política até a falta de educação política adequada no currículo escolar. Embora os jovens tenham conhecimentos básicos sobre algumas matérias como os órgãos de soberania do país, muitas vezes carecem do conhecimento e das habilidades necessárias para se envolverem efetivamente na arena política e defenderem suas causas com confiança. Isso não apenas envolve educar-se sobre os processos políticos e instituições do país, mas também capacitar-se com habilidades interpessoais e a confiança necessária para participarem ativamente na tomada de decisões políticas.

Caso contrário, corremos o risco de, no futuro, termos jovens carecendo de preparação adequada em cargos de liderança, podendo tomar decisões políticas incoerentes e prejudiciais, que comprometem o desenvolvimento nacional. Entre essas decisões políticas preocupantes, podemos destacar o extremismo político, a polarização partidária e a propagação do populismo e, particularmente no nosso continente, a do Afrocentrismo radical – uma ideologia que promove o isolamento, a valorização exclusiva dos valores africanos e a aversão à cooperação com os países ocidentais, percebidos como “maus”, corruptos e colonialistas.

Podemos ver vários exemplos ao redor do mundo que nos podemos inspirar. Nos Estados Unidos, os jovens envolvem-se ativamente nas de alas jovens dos partidos políticos (dos democratas e dos republicanos) e nas iniciativas estudantis. Essas alas jovens organizam debates, palestras, escrevem artigos para jornais, realizam recenseamentos de estudantes, mobilizam votos e estabelecem uma ponte de comunicação e defesa de seus interesses junto dos seus representantes e líderes locais.

Em Portugal e outros países europeus, jovens líderes estão assumindo papéis de destaque na política nacional, podendo-se ver recentemente jovens tão novos como 24 e 26 anos a elegerem-se como deputados pela 1ª vez e, inclusive, alguns até ocupam agora posições no Parlamento Europeu.

No Brasil, cada vez mais partidos políticos jovens promovem debates e defendem causas juvenis no congresso, educando civicamente e politicamente seus membros, como é o caso do Movimento Brasil Livre (MBL). Essas são provas tangíveis de que esses países estão a investir na próxima geração de líderes políticos.

Em 1991, Cabo Verde deu um grande passo ao introduzir valores e princípios democráticos, consagrando direitos fundamentais, princípios de liberdade e respeito pela dignidade humana. A partir de 2016, o país fez um grande avanço na criação de um ambiente de negócios mais liberal, promovendo o investimento e a capacitação do setor humano para o alavancamento económico, o que resultou na proliferação de micro e pequenas empresas e na melhoria do setor de negócios.

Enquanto a defesa desses princípios e valores continua sendo extremamente necessária, é preciso adaptá-los ao novo século e à nova geração, garantindo a conscientização política de nossos futuros líderes.



COMENTE ESTA NOTÍCIA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui