A confissão tardia de JMN

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Num curto artigo, o José Maria Neves, ex-primeiro-ministro por quinze anos, faz uma surpreendente confissão, que embora pode ser considerada tardia, não deixa de ter um significado.

Peço licença ao José Maria para fazer a citação de dois trechos do artigo dele intitulado “DAS ASNEIRAS QUE DIZEMOS E FAZEMOS”.

É certo que, como é evidente, não foi desta vez que ele assume em concreto uma única asneira que cometera durante a administração do seu governo.

Essa atitude, normalmente, não faz parte dos balanços dos políticos.

Articula o JMN que “Mas, felizmente, em democracia, o poder é transitório”.

Mais adiante, diz ele “Tenho aprendido muito. E de vez em quando surpreendo-me a rir desbragadamente com os meus botões das “asneiras” que, por ignorância dizemos ou fazemos quando estamos no poder”.

Não tenho motivo para duvidar que o JMN, ao fazer tais afirmações, não esteja a ser sincero. Penso até que esteja a ser sincero.

Todavia, eu sei e ele também sabe que não faltarão pessoas a pôr em dúvida essa sinceridade, pelo facto de ser ele, neste momento, mais de que um pré-candidato presidêncial, para as eleições de 2021.

Este facto pode atrapalhar a mente das pessoas.

Dirão as pessoas, porque reconhecer as “asneiras” só agora? E porque motivo só agora essa prova de humildade e de confissão?

Porém, diz o ditado que nunca é tarde!

O poder é sempre transitório. Todos sabem disso.

O que não se compreende é estando os políticos no activo se “esquecem” desta evidente e cristalina verdade? O poder é transitório e nós também somos transitórios!

O que acaba por confundir as mentes dos políticos é, entre outros males, a ganância e os brilhos da fama e os aplausos hilariantes dos fiéis seguidores.

O manto do poder encandeia os políticos! O fanatismo dos fiéis os ofuscam! Desta forma, se distanciam e passam a pertencer a uma classe especial dos iluminados e idolatrados.

É claro que não se pode dizer que todos os políticos agem da mesma forma e se deixam ser contaminados por esta doença progressiva.

Normalmente, a humildade e o bom senso só regressam aos políticos, quando deixarem o poder ou quando caírem as máscaras das fantasias.

A doença dos políticos costuma ser grave e cega.

Ai daqueles que atrevem-se a fazer críticas aos senhores do poder transitório?

Neste caso, não raras vezes, os políticos cobram-se com respostas vingativas ou com gestos de intolerância!

Quando é assim, sabe-se que o divórcio está a caminho e nota-se que o distanciamento dos políticos da sociedade e, sobretudo, das elites críticas, encontra-se num estado avançado.

Chegados a este ponto, quase tudo está perdido.

A realidade passa a ser a realidade que está dentro da cabeça dos políticos e, desta inconsistência,

todo o resto, não passa de um simples e trivial resto.



3 COMENTÁRIOS

  1. Entendo que não se deve mandar ninguém calar e insultá-lo, mesmo que essa pessoa esteja usando a máscara de um e-mail e revele desconhecimentos linguísticos tão grandes. A ter que alguém calar, cale-se, esse senhor ou essa senhora a si próprio.

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