A resiliência na docência: Um olhar reflexivo em torno do dia do Professor Cabo-verdiano.

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Comemora-se amanhã, dia 23 de abril, mais uma data evocativa, desta feita, alusiva ao dia do Professor Cabo-verdiano, homenageando o grande Mestre, Prof. Baltasar Lopes da Silva.

Para começar, diria que a resiliência do Professor, é uma forma ativa de energia espiritual que captamos no universo (mesmo que de forma inconsciente) e que transpomos para o universo material da escola, pois que a força interior de um professor é universal no sentido em que ninguém é professor sozinho.

Precisamos sempre dos outros e do espaço à nossa volta para exercemos esta profissão.

Se soubermos disciplinar a nossa força interior, seremos sempre melhores professores, sobretudo perante as dificuldades que nos desafiam diariamente. Nesta medida, somos a dizer sem perigo de erro que o Professor Cabo-verdiano, foi sempre resiliente ao longo do tempo.

Devemos, pois, aproveitar esta efeméride para refletirmos um pouco sobre a nossa profissão, fazendo uma pequena introspeção à moda socrática: Que Professor sou? Trata-se, pois, de um princípio fundador da ética de um Professor.

Por conseguinte, quando oiço determinados discursos inflamados sobre o Professor, fico estupefacto e a pensar com os meus botões: Será que tudo começou agora? Não seria bom vermos um pouco pelo retrovisor? Será que trabalhamos nas mesmas condições que no tempo da outra senhora? Sem um estatuto que dignificasse a classe? Estamos satisfeitos?

NÃO. Queremos mais? SIM. É possível? SIM! Havemos de lá chegar, pois que, hoje, os desafios são outros e é bom que exijamos cada vez mais e melhores condições de trabalho.

Ora bem, seria errado pensar que os professores são seres frágeis muito condicionados pelas adversidades pessoais que não conseguem deixar de transferir para a sala de aula, prejudicando o seu bom funcionamento. Se é verdade que isso acontece, não é verdade que seja a regra que se aplica a todos.

A força interior de um professor reforça-se também com a melhoria da sua autoformação científica e pedagógica.

Um professor resiliente está, em regra, bem preparado para o seu domínio de conhecimento, porque detém muita e atualizada informação sobre o que tem de ensinar, conhece formas mais eficazes de fazer nascer a aprendizagem.

O humor, a boa disposição, a perspicácia para fazer a ponte entre os factos do quotidiano e a matéria do ensino, a transposição didática de emoções comuns para as emoções esperadas em sala de aula, a paixão com que se ensina são aspetos que ajudam a reforçar a capacidade de superação de adversidades e dificuldades.

Chegados aqui, seria de todo pertinente desmistificar um ponto importante: um bom professor trabalha muito e esta perspetiva contraria a tese daqueles que acham que trabalhar com os alunos é fácil e não muito cansativo!

A título de exemplo, alguns pais que têm famílias com mais de dois filhos queixam-se da dificuldade em lidar diariamente com o grau diferenciado das exigências de crescimento dos seus filhos. Vejam só: um professor lida ao mesmo tempo com a diversidade de uma média de 30 alunos por turma, cada um com exigências diferentes e cada um reclamando, em silêncio ou em voz alta, uma atenção especial…

Na verdade, o que acontece é que o professor resiliente, moralmente forte, é um excelente ator e um profissional treinado que sabe como esconder uma indisposição, um problema pessoal/familiar e mostrar uma alegria suficientemente convincente que fará que a sua aula funcione bem. Faz parte do teatro da aula saber interpretar o papel do professor.

Para concluir esta pincelada, importa referir que um professor alimenta-se de pequenas coisas, e com elas dá força à sua capacidade de resistência perante as adversidades.

Um simples comentário de um estudante que lhe agradece o que lhe foi ensinado ou um colega de profissão que reconhece valor nas palavras ditas ou escritas, contribuem e de que maneira para aumentar a autoestima do professor.

Tomando de empréstimo, as sábias palavras de um eminente professor, diria que a força cósmica e a nossa ética suprema, reside nesta máxima: “Sabermos olhar para dentro das pessoas e conseguirmos mudá-las para melhor”.

A todos os colegas Professores, um ótimo dia de reflexão!