A URDI não é apenas um evento, é um movimento artístico e cultural – Ministro da Cultura

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No dia que começa a URDI, Abraão Vicente deixa uma mensagem “clara” de resiliência, de capacidade de adaptação aos tempos que vivemos. Em entrevista ao OPAÍS.cv, o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas observa que a URDI “não é apenas um evento, é um movimento artístico e cultural” e por esta razão “não poderia deixar de acontecer”

 

OPAÍS.cv – No dia que arranca mais uma edição da URDI, que mensagem aos fazedores da Cultura?

Abraão Vicente – A mensagem é clara: resiliência, capacidade de adaptação aos tempos em que vivemos. Mensagem também no sentido de que cada agente cultural assuma o seu labor com profissionalismo e se formalize junto à segurança social e junto às finanças.
Para um setor resiliente, a cultura deve deixar de ser um setor apenas de entretenimento para passar a ser um setor que cria empregos dignos, cria empresas rentáveis e alimenta uma cadeia de valor sustentável. O Ministério da Cultura tem vindo a fazer esse trabalho de reforço da resiliência do setor.

O setor do artesanato encontra-se em fase de formalização e certificação, temos um Cartão do Artesão formalizado e publicado em BO, fornecemos um leque muito variado de formações e oportunidade de negócios a partir do setor. Finalmente em janeiro inauguraremos O Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design que será um farol das artes e do artesanato em Cabo Verde.

A edição deste ano é marcada pela Covid-19, mas não se deixou de promover o evento, aliás, há um reforço do programa para as restantes Ilhas que não apenas São Vicente…

Este ano celebramos a URDI em rede para nos adaptar às circunstâncias da pandemia, para reforçarmos a resiliência do setor, para dar visibilidade a todos os artesãos em todas Ilhas, para aprofundar os grandes debates temáticos, para mobilizar os agentes culturais do setor e para engajar as Câmaras Municipais no sentido de continuarmos esta agenda em prol do empoderamento do setor que se iniciou em 2016.

Este modelo é para continuar nos próximos anos?

A normalização pós Covid-19 vai ser paulatina, aliás o período de transição será extenso até ser declarado o fim da pandemia, por isso acreditamos que temos de continuar a planificar os eventos sempre tendo em conta essa nova realidade mundial. Acredito que teremos a convivência desses dois modelos durante muito tempo e o que contribuirá para enriquecer o movimento URDI. Esse novo modelo é a antecipação do que sempre esteve planeado para a URDI, a sua extensão a todo o território nacional. A pandemia funcionou como um acelerador.

É fácil organizar a URDI neste contexto?

É mais complexo, mas não necessariamente mais difícil. Não sou apologista da dramatização. Na arte e na cultura, essa dramatização é um contrassenso. Fazemos a URDI e alinhamos num conceito mais elevado de programação artística porque acreditamos no setor, acreditamos na qualidade da nossa equipa, dos nossos conceitos e dos nossos artistas e artesão.

A URDI não é apenas um evento, é um movimento artístico e cultural, por esta razão não poderia deixar de acontecer. Estou muito feliz por o conseguirmos concretizar e tenho a certeza que irá ser um sucesso.