A Utopia dos Serviços Públicos “Gratuitos”

Nos últimos dias, um novo “messias” político decidiu abdicar de qualquer pudor e surgiu em público com promessas mirabolantes: ensino superior gratuito, saúde gratuita, transportes gratuitos, formação profissional gratuita etc. Tudo isto embalado numa retórica populista, que se destaca mais pela ausência de ideias inovadoras do que pela sua credibilidade. Esta estratégia, que mais parece uma cópia de velhos slogans de outras paragens, demonstra uma preocupante incapacidade de perceber as exigências do nosso tempo.

Mas, sejamos honestos: quem paga a factura? A resposta é simples, embora frequentemente ignorada. A suposta “gratuitidade” não existe. Estes serviços, quando não pagos pelos seus utentes, acabam inevitavelmente por ser financiados pelos contribuintes. É o clássico truque de redistribuição forçada, onde a conta é repartida entre todos, independentemente da sua utilização. E os neocomunistas, sempre habilidosos em distribuir o que não é seu, continuam a acalentar a ilusão de que podem nivelar a sociedade por baixo, à procura de uma igualdade fictícia.

Cabo Verde precisa de algo mais substancial. Em vez de promessas vãs de coisas “gratuitas”, o país deve concentrar-se em fortalecer a economia, gerando empregos qualificados e bem remunerados que permitam aos cidadãos escolher, de forma autónoma, onde estudar, onde se tratar e como investir na sua formação profissional. Não queremos depender de esmolas ou de utopias fabricadas; queremos liberdade de escolha e capacidade económica para sustentar essa liberdade.

É essencial que o Estado garanta condições para que o ensino superior público e os serviços de saúde sejam de qualidade e acessíveis, suportados pelos impostos. No entanto, isso não deve impedir o crescimento de alternativas privadas, que complementam e enriquecem o sistema. Essa combinação equilibrada é a base dos países desenvolvidos, onde as promessas populistas de gratuitidade são rapidamente desmascaradas.

E mais, não vemos cabo-verdianos a emigrar para os tais “paraísos” onde tudo é supostamente gratuito. Pelo contrário, buscamos oportunidades e rendimentos suficientes para pagar as nossas contas e viver com dignidade. Sempre fomos um povo de trabalho e resiliência, e é isso que deve ser celebrado e incentivado.

Portanto, em vez de discursos vazios e ilusões políticas, precisamos de propostas concretas que aumentem os rendimentos das famílias cabo-verdianas, promovendo uma economia robusta e capacitando os cidadãos para serem autónomos. Porque no fundo, o que queremos não é caridade, mas oportunidades reais.

 

 

 

 

 

 



2 COMENTÁRIOS

  1. Este Messias se não for desmascarado será, a médio prazo, uma desgraça para Cabo Verde. Mas só engana com esta narrativa populista: 1- gente com pouca escolaridade 2- alimenta ainda mais a irreponsabilidade dos oportunistas, malandros que querem viver á custa do erário publico e de cestas básicas 3- dos que figem acreditar no Messias porque tem outros interesses. O Messias não percebeu que os jovens que ele chama de vítimas das Elites não querem só melhorar de vida querem ficar rico de um dia para outro. Os jovens não querem andar de autocarro, querem é ter carro igual ao do PR, PM, quer salário de 310 também, querem viver na cova minhota etc. Não ha nenhum dinheiro, salário, bens materiais que faça um complexado deixar de ser pobre de espirito e igualar aqueles que o Messias chama de Elite. Deixem o Messias prometer o impossível !!!! depois ele sentirá o gosto do seu proprio veneno.

  2. Creio que alarmante é pensar um Estado mínimo. É desconhecer a história econômica dos USA; fingir que não houveram meios engenhosos públicos ali no século XiX a financiar a educação [a doação de terras para as faculdade comunitárias] e o desenvolvimento, produzindo uma ruptura com o modelo imperial britânico. É maldade, por opção ou desconhecimento, vaticinar que o Estado não tem papel fundamental em desenvolver os territórios, agindo como fomentador das coisas mais básicas, como educação, saúde e segurana. Chicago Boys é uma ficçao de péssimo gosto.

Comentários estão fechados.