Abril – mês do professor Cabo-verdiano (Parabéns Professor)

Quando criança, meu sonho era ser professor. Guardei este sonho comigo e as vezes manifestava-o para os meus colegas e havia um que sempre brincava dizendo para mim “professor tram es dúvida li”. Alguns perguntavam-me “na bu família nunca alguém foi professor?”.

  • Depois de concluir a quarta classe, aos 10 anos de idade, por motivos financeiros, fiquei fora do sistema do ensino por quase 8 anos.
  • Com 18 anos voltei para escola com objetivo de ser padre. Corridos 8 anos, a partir dali, conclui o ano zero (12º Ano). Desisti do seminário e ingressei-me na Universidade de São Paulo, Brasil no curso de história.
  • Em 1999, regressei a Cabo Verde e ingressei-me na Escola Secundária Dr. Teixeira de Sousa em São Filipe, na qualidade de professor de economia e história no dia 6 de janeiro de 2000, aos 30 anos de idade. Foi o início da materialização de um sonho. Milhares de alunos passaram por mim inclusive alguns ex-professores.
  • Trabalhei 16 anos como professor e lecionei três disciplinas: economia, história e cultura cabo-verdiana.
  • Além do exercício do professor exerci, paralelamente, a função de subdiretor pedagógico e responsável pela área social. Li e escrevi vários artigos sobre professor e educação.
  • Hoje por onde passo, nas escolas, na rua, no tribunal, nas universidades, nas câmaras, nos hospitais, etc., oiço alguém a chamar-me de professor, isto é, pessoas que foram meus alunos. Gratificante!
  • O professor é uma classe privilegiada, pois tem por missão cultivar, partilhar e construir conhecimentos e formar quadros nas mais diversas áreas do conhecimento e profissionais.
  • Há 12 anos, um jornal da nossa praça pediu-me que produzisse um artigo sobre a comemoração do dia do professor cabo-verdiano, que se comemora no dia 23 de abril, dia do nascimento do professor/advogado Dr. Baltazar Lopes da Silva.
  • O artigo, cujo título foi “Dia do professor cabo-verdiano. Há motivos para festejar?”, fora publicado no jornal e no meu primeiro livro, “Ilha do Fogo & Cabo Verde uma visão crítica e multifacetada”, publicado em 2013.
  • O texto foi uma análise crítica sobre o papel do professor e do percurso do professor cabo-verdiano, desde época colonial ao período pós-independência.
  • Tive a preocupação de demostrar as dificuldades, os sucessos e ganhos dos professores e do sistema educativo ao longo da nossa história.
  • Reconheci o mérito no exercício da profissão do professor, como profissão nobre e mãe de todas as profissões, e do seu papel no desenvolvimento do nosso país.
  • Na parte conclusiva defendi que, por um lado, os professores tinham motivos para comemorar o dia do professor tendo em conta as conquistas, nos últimos anos, relativamente, à formação académica, tecnocientífica e pedagógica e amor à profissão, por outro lado, devia repensar a comemoração tendo em conta as várias promessas não cumpridas como: décimo terceiro mês, reajuste salarial do professor do ensino secundário não inferior a 10%, cada professor e cada aluno um computador, congelamento de reclassificação, promoção e progressão, etc.
  • Este ano, penso que os professores têm duplo motivos para festejarem o dia do professor cabo-verdiano, isto é, o facto de ser professor, uma profissão nobre, mãe de todas as outras profissões, as conquistas em termos de formação académica, técnico-científica e pedagógica, bem como a elaboração, aprovação, publicação e entrada em vigor do novo PCFR dos professores que veio resolver a maioria das reivindicações históricas da classe do professor.
  • Parabéns aos professores de Cabo Verde uma profissão a qual tenho orgulho de fazer parte!

OBS: Em baixo a Escola Básica de Mãe Joana inaugurada no ano letivo 1970/71, onde fiz os meus estudos primários.

Ali estudaram alunos de Mãe Joana, Baluarte, Estância Roque, Racha Formosa, Cabeça Fundão, Figueira Pavão, Roçadas, Monte Vermelho, etc. Hoje temos no mercado de trabalho e na reforma muitos quadros qualificados que iniciaram seus estudos nessa escala. Em tom de brincadeira falo sempre para os meus amigos e colegas que Mãe Joana é considerada ATENAS de Santa Catarina.