ALIANÇA secreta entre a JANIRA e o SOKOLS!

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Isto tudo foi muito estranho. Estranho demais para a compreensão de um simples cristão.

Como é possível votar contra a Capital de Cabo Verde?

Que razões podem nos levar a trair os interesses da Capital de Cabo Verde, cidade que abraçou com doçura e carinho e de braços abertos todos os filhos da Nação?

O que é, a eventual confusão com o MPD?

A briga do Paicv com o MPD?

As conversinhas entre um partido e outro?

E o que é que a CAPITAL tem a ver com esses mexericos?

São esses mexericos que sobrepõem aos interesses nacionais?

É assim que se trata a capital de Cabo Verde?

Estamos fritos e bem fritos! E não é a primeira vez. Isto tem sido uma cultura política, que tem prejudicado os interesses fundamentais desta Nação!

Aconteceu com a Regionalização, aconteceu com a pandemia do coronavírus e aconteceu agora com o Estatuto Especial da Capital do País.

A Janira está ir longe demais com as suas birras e agora com as suas traições!

Eu, modestamente, tenho estado a chamar a atenção para esta conduta, para este radicalismo da política e alguns pensam que é uma questão pessoal minha.

O país tem registado de forma objectiva e cristalina atitudes que nada tem a ver com nada! Mas sim com feitios pessoais e com a birra pessoal e com alianças mexiriqueiras!

Podem crucificar-me se quiserem, não me importo, digo que isto aconteceu, não acontecia no tempo do ex-primeiro-ministro Dr. José Maria Neves. Ele podia ter outros defeitos políticos, mas isto não acontecia.

Vejam só! Conhecidos os resultados da morte do Estatuto Especial da Praia, a Sokols, o grupo de São Vicente, reconhecidamente mais bairrista e radical de Cabo Verde, explodiu em festa, com bandeiras e apitos pelas ruas de Mindelo. Tudo bem é a liberdade! Aceitamos a liberdade. Contudo, não foi uma manifestação do povo de São Vicente. É de um grupo.

Confessa-se que nalguns círculos de MINDELO a notícia do chumbo do Estatuto Especial caiu que nem uma bomba! Tudo bem! É a liberdade!

Mas calmem aí! Nem tudo é festa!

Qualquer facto político desta envergadura, tratando-se de um chumbo no Parlamento do Estatuto Especial da Capital do país, que vem consagrado na Constituição da República desde 1999, deve ser analisado com frieza, ponderação e com uma dose ilimitada de sapiência.

No mínimo, nesta necessária análise, teremos que ir à procura de quem levou a taça, quem perdeu a taça, quem levou as medalhas, quem não levou nada -nem uma coisa nem outra- e quem enterrou por ignorância a cabeça na lama.

Digo sem demagogia e sem pestanejar, que deste acto traiçoeiro e inesperado, quem saiu com a vitória nas mãos é, seguramente, o grupo dos quatro deputados do Paicv:

Felisberto Vieira, Júlio Correia, José Sanches e José Veiga.

Não só pelo facto de terem votado na linha do comando constitucional, respeitando o que lá ainda se encontra estatuído e em vigor, mas também pela coerência e sobretudo por terem firmado uma posição política que terá fruto no futuro.

Este grupo, embora podendo ter queixas a fazer de todo este processo, sabe, e nisto marcou a diferença, que os interesses de foro mexeriqueiro não pode sobrepor, em nenhum momento ou circunstâncias, os interesses da Nação, neste caso o interesse da Capital do país.

De resto, sinceramente, não se esperava outra postura deste grupo. Esta atitude vem provar que existe gente boa e inteligente em todos os partidos e em todos os cantos da sociedade, quer se queira ou não.

Esta gente, minha gente, só peca por falta de números, mas é a nata de cristal do Paicv, em termos de postura, de visão e do futuro.

Podem não estar de acordo com a minha análise, mas estou a ser sincero e não tenho razões outras, para estar a defender esta análise, a não ser a verdade.

Este grupo de deputados constitui de facto a elite pensante do Paicv. Estes deputados são os únicos dentro do Paicv que perceberam o que realmente estava em cima da mesa e as consequências insuportáveis de ser obrigado a votar contra uma realidade consagrada na Constituição da República e contra uma necessidade, objetivamente, justa e urgente para a Capital do país.

Este grupo percebeu -a título de exemplo- que não se pode continuar a exigir casas condignas aos carênciados, abandonando as barracas clandestinas, votando contra os recursos à Capital!

São para estes momentos que servem e contam a experiência, a maturidade, a coerência e a visão na política.

Ao votarem a favor da Capital do país semearam um território político, que não vai produzir efeitos imediatos, amanhã, mas que, seguramente, vai contar para o futuro.

Sei o que estou a analisar e não tenho dúvidas a este respeito.

No meio desta trapalhada quem, desesperadamente, sofreu a maior derrota foi, em primeiro lugar, a Janira Hopffer Almada, enquanto líder, o grupo parlamentar do Paicv e o próprio Paicv.

No início do debate não era perceptível qual poderia ser a posição do Paicv. Tratando-se de uma direcção que gira pela truculência bacoca, ia repetindo-se os zigue-zagues que fizeram na altura da Regionalização. Até que chegou o inesperado momento.

A Janira deu ordens ao Rui Semedo para atacar forte e dar o golpe final. É, infelizmente, assim que este Paicv funciona!

O Rui, com um ar de triunfo e de vingança, comunicou aos deputados da Nação e ao país, que o Paicv só aceita um caminho: “O governo deve desistir imediatamente da proposta do Estatuto Especial e retomar as negociações…”.

Com esta posição do Paicv, foi anunciada a morte do Estatuto Especial da Capital de Cabo Verde!

É sempre com esta intragável e mesquinha ladainha que o Paicv termina a discussão das grandes questões nacionais:

“O MPD NÃO QUER NEGOCIAR E POR ISSO NÃO VAMOS VOTAR”.

Com esta decisão a Janira e o Paicv não sabem aonde enterraram as cabeças e o futuro político?

Temos agora uma líder e um Paicv que comprou uma guerra com todo o Cabo Verde, com todos os cabo-verdianos, particularmente com a ilha de Santiago e com a Praia, enquanto capital do país!

A Janira permitiu que o seu partido passasse o tempo parlamentar inteiro a navegar na acusação das vezes que o MPD não deixou passar o Estatuto Especial.

Todavia, o que é que a Capital do país tem a ver com os mexericos partidários? São estes motivos que levam os partidos nacionais a avaliarem os interesses da Nação?

Que desculpas rasteiras! A aliança do Paicv com o grupo bairrista da Sokols falou muito mais alto! Talvez, por parte do Paicv, é a confirmação da ideia de que estando perdido Santiago, será necessário, de alguma forma, recuperar São Vicente e alguns votos do Norte?

Este grupo -o Sokols- sem expressão, acabou por envenenar a cabeça da Janira Hopffer Almada e alguns deputados da Nação dos dois partidos.

Em certa medida, temos que reconhecer, a Sokols saiu vencedora deste processo horrível, por causa da aliança da Janira Hopffer Almada com este grupo.

Tudo foi previamente negociado em MINDELO, pelo deputado João do Carmo, por ordens da líder Janira.

Quanto à Ucid, não houve surpresas nenhumas. Este partido sempre odiou a Praia, nunca esteve de boas relações com a ilha de Santiago e fez o que sempre faz. Tenta assegurar os votos que tem em São Vicente à custa de um discurso bairrista para com a Praia e Santiago.

Os deputados dos dois partidos que votaram contra o Estatuto Especial da Capital, não sei até que ponto somaram vantagens políticas nos seus círculos?

Estas atitudes podem ter várias leituras pelo eleitorado e no interior dos seus partidos.

Bom proveito à ALIANÇA entre a Janira e o Salvador da Sokols. Que Deus ilumine os vossos futuros!

Bem-vindo ao deputado do Paicv de São Vicente JOÃO DO CARMO que disse e anunciou em alta voz, para a Nação:

“ NA PRÓXIMA REVISÃO NÓS VAMOS PROPOR A RETIRADA DO ESTATUTO ESPECIAL DA CAPITAL DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA”.

Com esta confissão pública do deputado João do Carmo todos os expedientes apresentados pela Janira e o Rui e a própria proposta deste para que o governo retirasse a proposta e retomassem as negociações, ficaram postas em causa e no ridículo e fedorento caixote de lixo!

Era tudo teatro!

E, finalmente, honra ao ilustre CODÉ DI DONA, que disse “É NHÔ SANTIAGO QUI É PAI.”.



4 COMENTÁRIOS

  1. Aliança que nada! Aquilo que Maika pensou e não disse, digo eu: não houve aqui qualquer tipo de negociação entre o Paicv e a Sokols. Fotos divulgadas mostram uma JHA e delegação constrangidas, receosas enquanto que elementos do grupo bairrista exibiam felicidade extrema. Aquilo que ocorreu foi uma capitulação da JHA face às exigências radicais da Sokols. Fragilizada internamente, JHA convenceu-se que entre perder as eleições em Santiago ou roubar algumas centenas de votos à Ucid no Mindelo vale a primeira opção, pequeno lucro eleitoral. É preciso lembrar que desde que acabou a ditadura do partido unido e com ele os delegados de Governo, na Ilha de São Vicente, o Paicv praticamente foi escorraçado dos Paços Concelho de Mindelo. É pouco, é verdade, mas JHA acredita na Sokols para roubar a Câmara de São Vicente ao MpD. Entre nada e quase nada, JHA apostou no nada!

  2. Já que a letra e o espírito da Constituição não passam de simples figuras decorativas, cabe agora ao Paicv, em coerência, promover uma iniciativa de revisão constitucional, para, juntamente com seus amiguinhos da Ucid e Sokols extirpar da Lei Magna o “cancro” que consiste naquela provisão legal que reconhecia a necessidade de um Estatuto Especial para a Capital da República de Cabo Verde. Não o fazendo, Janira H. Almada passa um certificado de incompetência ao partido dela e assina com letras garrafais o seu próprio óbito político. Três derrotas em três eleições, JHA não tem condições para ser candidata do Paicv para as próximas eleições legislativas. Em contrapartida, passa a reunir agora todas as condições para ser ela própria a candidata do Paicv para as eleições municipais na Praia, no que conta, desde logo, com um aliado de peso, em São Vicente: a Sokols.
    2. Constituição II
    Em democracias consolidadas, tudo quanto esteja inscrito na Constituição, é para ser cumprido e respeitado, indistintamente por todos. Selecionar entre as provisões da Constituição que oferecem mais lucros pessoais e deixar de lado o restante é brincar com a Magna Carta. Neste contexto, qualquer deputado que desonrar ou violentar qualquer princípio inscrito na nossa Constituição deve ser forçado a afastar-se do e procurar novo emprego, consentâneo com as suas aspirações, mas fora do parlamento. A Praia contribui com 45% dos salários dos deputados e é constantemente e manifestamente zombada por estes, enquanto Sokols contribui com 0% foi erigida à categoria de decisor político, pelo Paicv.
    O MpD, sobretudo seus deputados (pouco dados a estudos da Ciência Política, História e Filosofia Política) têm, de uma vez por todas, aprender a escutar. Ao focar o debate na problemática dos custos da capitalidade entregou o ouro, não ao Paicv, mas aos representantes da Sokols. É que, legitimamente qualquer um pode indagar-se, porquê as ilhas e regiões devem ser obrigadas a pagar ‘tributos de capitalidade à Praia’, principal argumento da Sokols, depois de este ter dominado e manietado o Paicv. Para a Sokhols tratou-se, pois, de pagar uma espécie de ‘taxa capital’ e que o Paicv comprou da Sokols vendou no Parlamento. Ora, uma visitinha aos compêndios de História Universal mostra que a Revolução e a Independência da antiga colónia britânica na América do Norte, hoje Estados Unidos da América, se deram, em grande medida e foram impulsionadas, basicamente, graças ao ‘imposto sobre o chá’ que foi introduzido pela coroa real britânica. O foco deveria ser posto na vaidade, no ego crioulo de ter uma cidade digna e por isso só existe uma Capital e que é de todos e que todos possam dizer: eis a Capital do meu querido País, e com isso evitava-se o tremendo vexame imposto ao País pelo Paicv e seus aliados. Ao Paicv, devemos todos pedir as contas e puni-lo na justa medida das suas ações inconsequentes. Porém, ao Sokols, ninguém pede contas e isso deve-se também ao erro do MpD. O Paicv solicitou e obteve um ‘habeas corpus’ político para o grupo de São Vicente e o MpD lho concedeu. Nos Estados Unidos, Alemanha e também na maioria das democracias ocidentais, projectos de lei que demandem a maioria confortável nos respectivos legislativos são costurados a nível local, regional e estadual antes de sua entrada nos órgãos federais. Nenhum congressista ou senador americano ousa votar na Câmara ou no Senado uma emenda constitucional sem antes escutar os seus constituintes. Fosse um MpD mais inteligente, a proposta de Lei sobre o Estatuto Especial para a Capital do País teria o apoio das bases e estruturas locais e regionais do próprio Paicv. A sua não aprovação também abalou profundamente os responsáveis locais e bastidores do Paicv na Praia. Mais, ver seu partido ser condicionado, manipulado e manietado por um bando de garotos ‘hippies’ do Mindelo também não agradou a moral das tropas do Paicv.

  3. Barbosa, em 2009 a Sokols não obrigou a nenhum partido a votar numa ou noutra direção como fez agora com o Paicv. Dominou o PAICV quando ameaçou publicar a lista de traidores e o Paicv cedeu. Em 2009 o povo castigou e premiou uns e outros. Agora temos um país cabisbaixo e envergonhado no colo da Sokols.

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