O Governo angolano admitiu “excessos”, com “execuções e detenções sumárias” em 1977, por ocasião da alegada tentativa de golpe de Estado prometendo introduzir o tema dos direitos humanos nos programas escolares para prevenir novos casos no futuro
O reconhecimento foi feito sábado pelo Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos de Angola, Francisco Queiroz, admitindo ter havido, da parte do Governo de então, uma “reação excessiva aos acontecimentos que se seguiram à tentativa de golpe de Estado”, levada a cabo pelos que ficaram conhecidos por “fracionistas” do Movimento Popular de Libertação de Angola.
O governante deixou em aberto ainda a possibilidade das famílias vierem a resolver a questão sobre as certidões de óbitos e de outras matérias que têm a ver com esses acontecimentos, que marcou os primeiros anos de uma Angola livre.
As declarações de Francisco Queiroz acontecem numa altura em que o Governo de Angola reconhece, pela primeira vez, que após o “27 de maio” registou-se um “cortejo de atentados aos Direitos Humanos”, considerando-o “um dos mais relevantes” da História daquele País.
Recorde-se que a 27 de maio de 1977, há 41 anos, uma alegada tentativa de golpe de Estado, liderada por Nito Alves, Ministro do Interior desde a independência (11 de novembro de 1975) até outubro de 1976 foi violentamente reprimida pelo regime do então Presidente angolano, Agostinho Neto. Tendo sido mortas cerca de 30 mil pessoas, na maior parte, sem qualquer ligação a Nito Alves, tal como afirma a Amnistia Internacional em vários relatórios sobre o assunto.