Dom Fernando Lisboa é claro e aponta o dedo ao Governo de Maputo
O antigo Bispo de Pemba em Moçambique, transferido em fevereiro para o Brasil, Diocese de Cachoeiro de Itapemiri, no Estado do Espírito Santo, confirmou que a sua saída de Pemba é devido às sucessivas ameaças que recebeu.
Segundo disse, numa entrevista retomada agora pela Renascença, ele recebeu “ameaças de expulsão, depois de apreensão de documentos e no final de morte”.
Sobre o conflito em Cabo Delgado, Dom Fernando Lisboa é categórico e diz que as autoridades de Maputo negaram a guerra “desde o início”, tendo mesmo proibido que se falasse do assunto. “Maputo negou a guerra desde o início. Quando o conflito e o perigo se tornaram evidentes, ele proibiu que se falasse sobre o assunto. Impediu que os Jornalistas fizessem o seu trabalho”, disse, lembrando que um repórter que trabalhava para uma rádio comunitária e falava sobre a guerra “está desaparecido” desde abril do ano passado.
“A Igreja era a única que falava sobre a situação. E isso não agradava ao Governo” revelou na entrevista, em que afirma que as autoridades do País “reagiram mal” quando há um ano a Conferência Episcopal de Moçambique condenou o que estava a acontecer. Logo as autoridades começaram “a lançar lama sobre mim”.
O Papa que o transferiu para o Brasil, diz o Prelado, tinha mais informações do que ele, sabia que corria riscos, tendo então proposto a sua transferência.
