As matumbices de Julião e  Francisco

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Na recente vista que o Secretario Geral do PAICV, sindicalista e deputado fez à Achada Grande Traz, mais precisamente no dia 6 de maio, na entrevista que concedeu aos órgãos de comunicação social disse, “A câmara da Praia “herdou uma dívida de mais de 3 mil milhões de contos e não tem como pagar e  uma assentada e pediu compreensão das empresas”

A intervenção do Sr. deputado sindicalista veio na sequência da penhora de duas viaturas da CMP, incluindo uma do Presidente por causa do não pagamento das dívidas com a Empresa AGIR- empresa ligada à recolha do lixo na capital ( a dívida era de 15 mil contos e neste momento é de 34 mil contos, ou seja como Francisco Carvalho não pagou a dívida hoje só em juros e outros encargos ascende a 19 mil contos).

Convém informar aos leitores que normalmente as dívidas dos governos locais ou central têm um prazo de maturidade de em média de 15 anos e como o mandato das Camaras é de apenas 4 anos, isso significa que mudam-se os governos mas as dívidas contraídas ficam e têm de ser pagas.

Imaginem se Ulisses recusasse pagar as dividas de 200 milhões de euro da casa para todos que José Maria Neves o deixou. Imaginem o impacto reputacional negativo que isso teria para o país.

Na realidade o PAICV quer escamotear o fato de Francisco Carvalho ser o pior presidente de Câmara que o país já teve ao longo da sua historia. O nível de inteligência de Francisco sequer é comparável aos dos delgados de Governo no regime do partido único. O homem tem dificuldades sérias de lidar com a classe empresarial, com o Governo, com a Associação dos Municípios, com o Tribunal de Contas, com o Provedor de Justiça, com a ARAP, com os sindicatos e, pasme-se com os vereadores do seu próprio partido.

Mas para a repor a verdade dos fatos quando o Julião diz que:   “São mais de 3 mil milhões de contos em dívidas, cerca de dois milhões de contos com as instituições financeiras e cerca de 800 mil contos com privados, Estado e com o INPS, ou seja, o montante global em dívida da câmara corresponde a sete anos do fundo de financiamento municipal”, vê-se claramente que o pessoal do PAICV tem dificuldades em fazer uma simples leitura dos números.

Suponho que tanto o Julião Varela e o Francisco Carvalho fizeram o exame de 4ª classe pois é neste nível que as criancinhas aprendem a diferenciar mil escudos  de milhões de escudos, de mil  milhões de escudos de mil milhões de contos.

Vamos aos factos:

  1. Durante os doze anos do mandato do MPD na Câmara da Praia as dívidas com a banca deixadas tanto por Felisberto Viera como as deixadas por Jacinto Santos foram pagas. Vejam a diferença em termos de capacidade de gestão: o MPD pagou não somente as dívidas herdadas como melhorou significativamente a relação da Camara para com a banca e empresas e, tomem nota, nunca no mandato do MPD a viatura do presidente foi penhorado e nem outro bem qualquer;
  2. No maior município do país, na capital do país é a primeira vez que um presidente de camara sofre o vexame desta natureza: a viatura destinada ao presidente é penhorada pela justiça. Uma vergonha.
  3. As dividas deixadas pelo MPD na Câmara da Praia com a banca nunca poderiam chegar aos mais de 3 mil milhões de contos conforme afirma o deputado Julião Varela pois nesse caso estaríamos a falar de um valor próximo de 300 milhões de dólares o que equivaleria a quase 15 vezes o orçamento de execução da Câmara da Praia. Escusado será dizer que o serviço da dívida de 3 mil milhões de contos seria praticamente igual ao valor do orçamento anual da CMP.
  4. Na verdade, segundo os dados da conta de gerência de Óscar Santos, o total da dívida da Câmara da Praia em 2020 situou-se em 2.501.853.539 escudos e já agora, uma aula grátis para Julião e Francisco, lê-se: dois mil milhões, quinhentos e um milhões, oitocentos e cinquenta e três mil e quinhentos e trinta e nove escudos. Ou então se a sua competência em aritmética se situa abaixo do nível de ensino básico, ele pode ainda ler desta forma: dois biliões, quinhentos e um milhões oitocentos e cinquenta e três mil, quinhentos e trinta nove escudos. ESCUDOS NUNCA CONTOS.
  5. E a dívida com a banca era em 2020 de 1.665.232.477 valor muito inferior aos 3 mil milhões de contos avançados pelo deputado Julião.
  6. E encargos com a dívida estavam dentro do limite exigido pelo Regime Financeiro das Autarquias Locais, portanto a Câmara tinha condições para pagar as dívidas. Não o fez porque o atual presidente priorizou gastar 32 mil contos em viagens, reduziu as taxas e aumentou as despesas correntes em mais de 150 mil contos. Má gestão pura e simplesmente.

Prestado este esclarecimento como fica a expressão bombástica mas tola de Julião que: o montante global em dívida da câmara corresponde a sete anos do fundo de financiamento municipal?