Ativistas protestam vestidas de noivas contra leis que deixam estupradores livres da prisão

0

Em 57 países em desenvolvimento, os estupradores conseguem escapar da Justiça casando-se com as vítimas

Segundo relatório do Fundo de Populações das Nações Unidas, UNFPA, com o tema “Meu corpo me pertence”, cerca de metade das mulheres em 57 países em desenvolvimento não possuem liberdade sobre seus corpos, e lhes são negados os direitos de decidir se desejam ter relações sexuais, se podem usar métodos contracetivos ou se podem buscar atendimento de saúde.

As ativistas da ONG Abaad no Líbano protestaram vestidas de noiva contra lei que possibilitava estuprador se livrar da pena caso se casasse com sua vítima.

Em Marrocos, esta lei foi derrubada em 2014 no Parlamento do Marrocos, depois da morte de Amina Filali de 15 anos, que foi obrigada a se casar com o seu estrupador de 25 anos. “Em essência, centenas de milhões de mulheres e meninas não são donas dos próprios corpos. Suas vidas são governadas por outros.”, diz a Diretora-Executiva do UNFPA, Natalia Kanem.

O relatório da ONU cita como uma de suas fontes relatórios da ONG internacional Equality Now, destacando vários países no Oriente Médio e Norte da África onde um estuprador pode escapar da Justiça por meio do casamento: Iraque, Bahrein, Líbia, Kuwait, Palestina, Tunísia, Jordânia, Líbano, Angola, Argélia, Camarões, Guiné Equatorial, Eritreia, Síria e Tajiquistão.

“Depois de nosso relatório e de outras campanhas, a Tunísia, a Jordânia e o Líbano acabaram com essas leis em 2017, e a Palestina fez o mesmo em 2018 “, disse Bárbara Jiménez, advogada especializada em direitos das mulheres e representante do Equality Now para Américas, à BBC News Mundo.