BAD estima recessão económica em Cabo Verde devido à Covid-19

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De acordo com aquela Instituição, a recessão da economia nacional pode prolongar-se até 2021

A previsão do BAD consta das Perspetivas Económicas Regionais, em que o relatório anual admite que o crescimento económico de Cabo Verde pode contrair-se, ainda este ano, até 7%, e manter uma queda de 0,6% no próximo ano de 2021, no pior cenário, ou seja, se a pandemia da Covid-19 durar até o final deste ano.

“A forte recuperação económica de Cabo Verde, depois da crise do Euro em 2015, teve uma travagem súbita devido à pandemia; o PIB em 2020 deve contrair-se 4% se a pandemia abrandar em julho (cenário base) e até 7% se continuar até dezembro (cenário pior)”, lê-se no Suplemento divulgado pelo banco, citado pela Agência Lusa, esta manhã.

A Instituição estima que num cenário base, o crescimento económico em Cabo Verde “pode recuperar para 1,3%”, podendo o Arquipélago conhecer uma ligeira recessão de 0,6% em 2021 se a pandemia durar até dezembro, acrescentam os analistas, que antecipam uma quebra de mais de 60% nas receitas turísticas, que representam quase 20% do PIB, para além de uma descida das pescas e uma atividade estagnada “na manufatura, transportes e logística, reflexo das perturbações nas cadeias de abastecimento globais”.

Esta contração do PIB, alertam, “pode causar a perda de 17.500 empregos”, e os investimentos diretos estrangeiros, principalmente do Reino Unido, Portugal, Espanha e Itália “devem ter uma contração de 56%, para 53 milhões de Dólares em 2020, atrasando investimentos em setores essenciais, incluindo o turismo, construção, transporte, informação, comunicações e tecnologias”.

Na parte do relatório que aborda a economia de Cabo Verde, o BAD antevê uma ligeira subida da inflação, para até 1,8%, e um agravamento do rácio da dívida pública sobre o PIB, de 124,2% no final de 2019, para 137,4%, “refletindo mais endividamento e o declínio do PIB nominal”.

No relatório inicial, divulgado no final de janeiro, o BAD previa um crescimento de 5% para este ano e uma inflação de 2% e estimava que o desequilíbrio orçamental ficasse nos 2,2%, um défice que pode chegar agora aos 9,2% no cenário mais pessimista.