BANCO DE CABO VERDE: Economia do país registou, em 2017, o maior crescimento desde 2011

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A constatação está vertida no relatório da Política Monetária do Banco Central hoje divulgado

O relatório do BCV constata que num contexto de saída da estagnação económica entre 2009 e 2015 e de seca e mau ano agrícola, a economia nacional registou em 2017 o maior crescimento desde 2011.

O desemprego diminuiu segundo os dados do INE, o rendimento das famílias aumentou impulsionando o consumo, o investimento privado e direto estrangeiro ganhou nova dinâmica impactando positivamente o crescimento do PIB, a inflação teve um ligeiro aumento, o crédito à economia e a confiança na economia aumentaram; mau grado alguma deterioração da balança de pagamentos, as exportações aumentaram a par do aumento das importações, o défice orçamental teve uma redução e o stock da dívida externa uma ligeira redução.

Projeções macroeconómicas são globalmente positivas para 2018.

Economia cresce pelo segundo ano consecutivo

De acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Estatística, a economia nacional registou um crescimento de 3,9 por cento em 2017, depois de ter registado em 2016 o crescimento mais acelerado desde 2011 (3,8 por cento). Note-se que o crescimento económico de 2017 faz-se num contexto de segundo ano de saída da estagnação económica registada entre 2009 e 2015, em que a economia cresceu a uma taxa média anual de 1 % e num ano em que se registou uma das maiores secas em Cabo Verde, com um terço da média da pluviometria dos últimos 36 anos.

O bom desempenho da economia nacional foi determinado, sobretudo, pelas performances muito positivas de impostos líquidos de subsídios, indústria transformadora, administração pública, eletricidade e água, alojamento e restauração, bem como pela assinalável recuperação do comércio.

Do lado da procura, a economia foi impulsionada pela dinâmica da procura interna, em particular do consumo e investimento privados, favorecidos pelo aumento do rendimento disponível das famílias, pela contínua melhoria das condições de financiamento do setor privado e do clima económico, aliada à inversão da tendência de queda da confiança dos consumidores no último trimestre do ano.

O fortalecimento do poder de compra das famílias estará a refletir o aumento das remunerações de trabalho, em função do crescimento da população empregada nos ramos do comércio, construção, administração pública, no turismo e indústria transformadora, o incremento de excedentes de exploração e rendimentos de propriedade, bem como o crescimento das prestações sociais, no quadro de uma evolução contida de pressões inflacionistas.

Inflação – ligeiro aumento

Ainda de acordo com o relatório, os preços no consumidor mantiveram ao longo de todo o ano de 2017 a tendência de recuperação iniciada em janeiro, tendo a inflação média anual se fixado em 0,8 por cento em dezembro (‐1,4 por cento em dezembro de 2016), reflexo da inflação importada e dos efeitos da seca e do mau ano agrícola.

Financiamento da economia – crescimento do crédito e da confiança na economia
O financiamento bancário à economia, em particular ao setor privado cresceu 6,8 %, que compara ao crescimento de 3,5 % registado em 2016 e ao crescimento médio de 0,6 % observado entre 2012 e 2015.

As condições de financiamento, especialmente as internas, continuaram a melhorar em 2017, impulsionadas pelo contínuo recobro da confiança na economia e por estímulos monetários adicionais, designadamente pela redução das taxas de juro diretoras e de absorção de liquidez.

A evolução do indicador de clima económico, traduzindo em particular o reforço da confiança dos operadores dos setores do turismo, indústria e comércio, bem como do indicador de confiança do consumidor em termos médios anuais, sugere que as expetativas continuaram a contribuir, em boa medida, para impulsionar a atividade económica.