Bispo de Pemba teme que saída das forças de Cabo Delgado diminua possibilidade do interesse pela violência na região

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Dom António Juliasse, diz que aquela Província Moçambicana se sente abandonada e que esse sentimento de abandono é generalizado

O Bispo da Diocese de Pemba, em Cabo Delgado, palco de sucessivos atos de violência e insurgência, teme que a saída das forças da SADC da região, diminua a possibilidade do interesse da comunidade internacional pela violência naquela Província de Moçambique.

“Agora, traçou-se a saída das forças da SADC que aqui tem a designação de SAMIM. Eu tenho dito sempre que a saída da SAMIM vai diminuir cada vez mais a possibilidade do interesse da comunidade internacional por este assunto da violência, da insurgência aqui em Cabo Delgado”, disse, admitindo que a presença das tropas da SADC “comprometia os países vizinhos e a sua retirada pode trazer consequências não muito boas para a visibilidade do que está a acontecer”, em Cabo Delgado.

Dom António Juliasse, diz que aquela Província Moçambicana se sente abandonada e que esse sentimento de abandono é generalizado.

Numa entrevista à Rádio Renascença, o Bispo de Pemba anotou que o “sentimento de abandono” em Cabo Delgado, “não é só pela comunidade internacional, mas também é um sentimento que a população sente em relação ao próprio País”.

Dom António Juliasse revela que vem chamando a atenção para o fato de “em muitas outras Províncias, as pessoas olharem para a situação e dizerem que o terrorismo é um problema de Cabo Delgado”.

Segundo ele, “há necessidade de se mudar esta mentalidade para que se possam construir estratégias e políticas mais adequadas”, e admitiu que a crise em Cabo Delgado, assim como a crise humanitária no Sudão, “ficaram marginalizadas” com o eclodir na guerra na Ucrânia.

O Prelado denuncia o alargamento das ações dos insurgentes e lamenta que desde que se iniciou os ataques, há 6 anos e meio, a região não tem conhecido acalmia. “A partir de dezembro até este mês de fevereiro, os ataques conheceram uma certa intensidade. E, nos últimos dias, os insurgentes atingiram aldeias perto do rio Lúrio, já na fronteira com a Província de Nampula. Isto significa que estão a alargar a sua área de intervenção”, advertiu, em tom de preocupação.