Cabo Verde está a passar por uma “crise de cuidados” – Mónica Furtado

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É a mudança que hoje temos e vivemos e quem o diz é a Diretora Geral da Família e Inclusão Social para quem é preciso hoje reforçar o papel da família na prestação dos cuidados, de forma a que nenhuma criança seja afastada do seu ambiente familiar

É que, dá a entender Mónica Furtado, se antigamente tínhamos uma família mais extensa com pais, avós, tias, primos e até mesmo vizinhos, muitos deles considerados famílias, que auxiliavam nos cuidados, hoje temos uma constituída apenas por três pessoas. “Perdeu-se um bocado essa rede alargada familiar de apoio, mas também de vizinhos a cuidarem, principalmente nos centros urbanos, porque no mundo rural mantém-se este gesto às famílias que têm essa responsabilidade de subsistência. Aquela mãe que sai para trabalhar das 8 às 7 e volta às 5 ou às 6 é a mesma que nós responsabilizamos pelo cuidado. Mas como é que uma família pode conciliar a sua atividade laboral e esse cuidado sem um suporte”, expressa Mónica Furtado.

A responsável pela área da Família e Inclusão Social defende, neste sentido, a ideia plasmada no Plano Nacional de Cuidados que é a necessidade de se ter no País estruturas de apoio público e privado, nacional e local, para esse tipo de auxílio.

A implementação do Plano de Cuidado iniciou dando prioridades as crianças dos 0 aos 3 anos. Todavia reconhece Mónica Furtado algumas lacunas ainda existentes. “Eram inexistentes as estruturas de cuidado para essa idade. Para as de 4 aos 6 anos temos os jardins-de-infância, portanto a necessidade da universalização de acesso para garantir que todas as crianças estejam nos jardins durante tempo que a mãe ou o pai trabalha, mas há necessidade de reconhecer esse profissional de monitor, porque ainda não existe no catálogo oficialmente essa profissão, e também os locais de acolhimento de crianças dos 6 aos 12 anos no período contrário ao horário escolar para poderem estar num lugar seguro e aí ter um profissional capacitado para trabalhar com crianças nessa faixa etária”, lembra.

Aquela responsável avança, porém, estarem a ser criados, juntamente com as Aldeias SOS, o ICCA, o Sistema Nacional de Qualificação, o perfil do profissional que irá trabalhar com as crianças dos 6 aos 12 anos e a regulamentação dos monitores, dentre outras questões.