Cabo Verde recupera do maior choque desde a independência e deverá crescer 3%

Previsão é da ONU. Organização aponta para uma recuperação parcial das exportações, maior consumo privado e investimento e mais produção agrícola, assumindo que a epidemia estará mais controlada a partir do segundo trimestre dada a disponibilização de vacinas”

O Departamento das Nações Unidas para Assuntos Económicos e Sociais, UNDESA, que segue as economias lusófonas disse ontem, segunda-feira, 25, que Cabo Verde enfrentou o maior choque desde a independência e deverá crescer 3% este ano.

“A economia de Cabo Verde é das mais afetadas pela pandemia, foi o pior choque desde a independência, e estimamos que no ano passado o PIB tenha contraído mais de 8%, possivelmente 11%, devido à queda das receitas internacionais do turismo, que chegaram a cair 91% no segundo trimestre de 2020”, afirmou a analista da UNDESA.

Em declaraçõea à Lusa sobre Cabo Verde a propósito da divulgação do relatório do UNDESA sobre a Situação Económica e Perspetivas Mundiais, Helena Afonso salientou que “o turismo vale metade das exportações de bens e serviços” e “é uma fonte muito importante de receitas”.

A previsão do UNDESA “aponta para um crescimento de 3% do PIB, sustentado numa recuperação parcial das exportações, maior consumo privado e investimento e mais produção agrícola, assumindo que a epidemia estará mais controlada a partir do segundo trimestre dada a disponibilização de vacinas”, referiu a mesma fonte.

No entanto, a especialista alertou que “caso haja um agravamento das infeções, isto prejudica a economia, por exemplo através de mais encerramentos de empresas que não aguentam as restrições”, mas no geral “o País tem respondido bem à crise, entregando benefícios sociais aos mais vulneráveis e rendimentos às empresas”.

O problema, explicou, é que “a pouca margem de manobra em termos fiscais tem limitado a resposta económica e a elevada dívida, bastante acima dos 150% em 2020, deverá aumentar e o défice orçamental também deverá permanecer elevado”.

A inflação, por conseguinte, manteve-nos nos 8% no ano passado “dada a fraca procura interna e a taxa de paridade com o Euro, devendo acelerar para 11,5% este ano, o que permitirá a continuação da política monetária com taxas de juro historicamente baixas”.