Carta Aberta a Lamine Tavares

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Venho aqui manifestar uma preocupação que me tem afrontado nos últimos dias e que tem a ver com o nosso colega deputado municipal e amigo – que muito prezo – Lamine Tavares.

Uma preocupação, aliás, que começou a manifestar-se por ocasião da sessão da Assembleia Municipal comemorativa do Dia do Município.

Na ocasião, como se recordam, o nosso prezado Lamine Tavares teceu rasgados elogios ao Presidente Beto Alves e à sua equipa.

Elogios, aliás – confesso-vos -, que me surpreenderam por eventualmente excessivos, por razão de serem proferidos pelo líder da oposição. De todo o modo simpáticos e – julguei – sinceros.

Recordemos:

Lamine Tavares felicitou Beto Alves pelos ganhos já alcançados na sua governação, de que destacou a requalificação de Assomada, a obra do Terminal Rodoviário e a recuperação das praças da cidade, dando o exemplo da Praça dos Reformados, cujas obras estarão concluídas em breve. Lamine Tavares sublinhou, ainda, o desencravamento de localidades e o saneamento como ganhos importantes alcançados nos últimos dois anos, salientando que o trabalho realizado tem sido erguido por cima de escombros. E não se inibindo de se referir a Beto Alves como “o nosso Presidente”.

Mas não é que, duas semanas depois – e aqui reside a substância maior da minha preocupação -, vem Lamine fazer uma pirueta de 180 graus, desafiando mesmo as leis da gravidade, substituindo os elogios por toda a sorte de descabeladas acusações e suspeições.

Refiro-me a uma entrevista concedida ao programa “Planalto”, na Rádio Morabeza.

Ninguém, caras e caros amigos, muda de opinião em tão curto espaço de tempo, para mais de forma tão drástica, a não ser que esteja em calamitoso estado de perturbação mental – o que não me parece ser o caso -, ou por razão de pressões superiores de um partido e de uma líder que (coitados) não vivem os seus melhores momentos – quanto a mim a verdadeira razão.

De todo o modo, conquanto as pressões sejam muitas para que alinhe o nosso Lamine na estratégia suicidária do bota-abaixo, nada justifica que tenha feito tão triste figura.
Meu caro Lamine Tavares, estou preocupado. Sente-se bem?

Eu sei que o “furacão” Beto Alves, por quem, aliás, a costumeira maledicência não dava muito crédito, veio surpreender este pequeno nosso mundo, trocar a “ordem natural das coisas” e subverter a paz podre dos pequeninos quintais da “partidarite” cá da tapadinha. Mas, mesmo assim, não justifica tanto desnorte, tanta falta de coerência discursiva.

O meu amigo falou no desencravamento das localidades (que antes havia elogiado), que os alunos são transportados em estradas de péssima qualidade, mas esqueceu-se de contar todas as estradas que esta equipa já fez em 2 anos com a ajuda do Governo. Junco, Achada Ponta, Banana Semedo, Vassoura, Gil Bispo, Montianica, Telhal (acesso à capela), Poilão de Engenhos.

Referiu-se ao “endividamento escondido” do Município, mas o senhor aprovou o pedido de empréstimo e todas as contas de gerência trazem os relatos dos movimentos bancários.

Disse que prometemos sete estádios relvados. Enganou-se! Garantimos, sim, sete campos relvados. Vamos a meio do mandato. Tenha calma, meu amigo, não se excite tanto.

Verberou que a Câmara anda a cobrar taxas ilegais e a perseguir os condutores. A taxa cobrada é da competência da Câmara, está prevista na lei, apenas cumprimos a lei.

Questiona o que os pescadores, agricultores e jovens ganharam com as obras realizadas até então. O maior ganho é o aumento da autoestima e o orgulho de ser sancatarinense.
Ganharam uma cidade mais moderna, mais bonita, mais competitiva e preparada para arrastar todo o Concelho no irreversível caminho do progresso e do desenvolvimento.

Maldosamente, disse que a Câmara promoveu amizades, facilitando amigos e provocando superfaturação nas obras de requalificação da cidade. Não basta dizer, desafio-o a provar o dislate. Venha aqui dizer a quais amigos e a qual superfaturação se refere.

Contrariando a narrativa da Assembleia comemorativa do Dia do Município, diz que o balanço dos dois anos de mandato indica que a Câmara está bastante atrasada. Pode explicar em quê?

É que, como é sabido, a admiração e estima dos santacatarinenses por esta equipa liderada pelo Presidente Beto Alves reside, essencialmente, por verem, num tão curto espaço de tempo, realizada obra que Assomada e Santa Catarina nunca haviam presenciado em consecutivas décadas de marasmo e de imobilismo.

Nesta medida, a posição do PAICV adotada na última Assembleia Municipal não surpreende. Pelas pressões referidas, Lamine e os seus colegas de bancada passaram, num impressionante golpe de rins, do diálogo e da oposição construtiva para o bota abaixo, bem visíveis no não ao Orçamento e à criação da Polícia Municipal.

O PAICV ainda não entendeu as razões da sua derrota em 2016 e o chumbo que levou nas urnas nas eleições autárquicas. Os santacatarinenses não se reconhecem no discurso, na prática e nos argumentos utilizados, querem obra, trabalho, seriedade e competência. E em 2020 – não tenho a mínima dúvida – vão renovar a confiança em Beto Alves e na sua equipa, assim queira o atual Presidente candidatar-se a um novo mandato, renovando o seu compromisso com os santacatarinenses.

E os santacatarinenses não esquecem que quinze anos de governo do PAICV castigaram Santa Catarina, privando-a de progresso e desenvolvimento por mera vingança política.

Amigo e colega Lamine Tavares

Como dizia no início, sei que as pressões são muitas, mas apelo a que mantenha, ao menos, a integridade e o respeito que deve ter pela sua pessoa. É o mínimo.

Desejo-lhe rápidas melhores, vá esperando sentado pela vez do seu partido e, já agora, Boas Festas e um Feliz Ano Novo!



1 COMENTÁRIO

  1. Coerência, seria o Alves a responder. Congratulo desde já com a cidade renovada. Aquele abraço pessoal. Bem haja!

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