Concelhias devem ser o centro da ação política

Nos dias que correm, a importância das estruturas concelhias dos partidos é cada vez maior e determinante no combate político, em particular, e na sociedade, de um modo geral. Entretanto, é necessário ajustar e adequar o seu modo de funcionamento por forma e responder com maior eficiência e eficácia aos anseios dos munícipes.

O MpD, fundado a 14 de março de 1990, para derrubar o caduco e ultrapassado regime de partido-estado não teve tempo para se organizar. Em menos de um ano já era governo de um país à beira do colapso. Era necessário focar-se em salvar o País, algo que conseguiu com mestria. Porém, as suas estruturas de base, mormente as concelhias, não conseguiram se implementar com a autonomia de ação desejada. Várias foram as reformas estatutárias que procuraram melhorar a sua performance, sem o sucesso pretendido. Todavia, não podemos continuar a procurar desculpas para justificar o que não tem corrido da melhor forma.

UMA NOVA LARGADA

Tal como noutras paragens, reina uma ideia candente de que as concelhias do MpD precisam de uma nova largada para poderem responder aos anseios dos militantes e dos cidadãos em geral.

É necessário pôr as concelhias a funcionar em rede. Isto é, operacionalizar os Núcleos de Ação Democrática previstos nos Estatutos do Partido, transformando-os em verdadeiros defensores das suas localidades, dos seus bairros e das suas gentes na Assembleia Concelhia do MpD, nos órgãos autárquicos, nas deliberações nacionais do MpD e nos fóruns da sociedade civil.

A Comissão Executiva dos Núcleos deve ser acompanhada pelos órgãos concelhios do MpD, por forma a poderem desenvolver um trabalho de qualidade junto das populações locais. Para isso, é necessário ter nas concelhias coordenadores com disponibilidade, competência e experiência política comprovada para coordenar minuciosamente a execução do programa político dos núcleos. Mas isto, por si só, não resolve todo o problema.

É necessário transformar as coordenações dos núcleos em algo mais atrativo e com utilidade prática. Daí que deve ser este órgão a conceber as ações políticas nas localidades e bairros, em articulação com a Comissão Política Concelhia, tendo em conta as especificidades locais e com total autonomia.

DIVERSIFICAR O PÚBLICO-ALVO

A Comissão Política Concelhia precisa de diversificar o seu público-alvo e penetrar nos espaços onde, até agora, não tem tido uma presença satisfatória. Assim, é fundamental, para além de operacionalização dos Núcleos de Ação Democrática, promover a dinamização da JpD, das Mulheres Democráticas, bem como a criação de gabinetes temáticos compostos e coordenados pelos quadros da Concelhia.

Estas novas estruturas terão como incumbência trazer novos militantes, mas, também, é através delas que conseguiremos colocar os nossos militantes nos lugares de destaque nos fóruns da sociedade civil nos respetivos bairros. Porém, importa esclarecer que o objetivo não é o de partidarizar nem capturar estes fóruns, mas sim estar próximo das pessoas e saber o que elas pensam para podermos ter as soluções que vão de encontro com suas expectativas.

Sendo a concelhia uma organização composta por muitos jovens, a formação política dos militantes deve ser uma das suas principais bandeiras. Assim, é crucial a operacionalização da Academia MpD, que terá por missão dar formações sobre diversos temas em todos os bairros, de forma contínua, aproveitando a experiência dos quadros do Partido, e não só, para ministrar as formações.

AUTONOMIA E IDEIAS PRÓPRIAS

Para terminar, importa salientar que as concelhias só terão sucesso se conseguirem manter a sua autonomia, ter ideias próprias e manter uma coerência ideológica clara. Caso contrário, serão apenas uma caixa-de-ressonância do Partido, para reagir às investidas dos adversários e os seus militantes só serão chamados em épocas de campanha para colar cartazes e abanara bandeira.

Tenho convicção que não é desse tipo de estruturas que o MpD precisa, pelo que neste novo ciclo, para além da disponibilidade das pessoas, é preciso saber o diagnóstico e ter a capacidade de, finalmente, acordar o gigante adormecido que é o MpD.



1 COMENTÁRIO

  1. Ideias muito boas. Falta levar tudo isso a prática. Estará a cúpula do MPD disponível para reconciliar o partido chamando todos os militantes , simpatizantes e amigos a opinião é a participar nas decisões confirme os estatutos do partido ? Duvido.

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