Contra a menorização da função presidencial

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Em Outubro deste corrente ano concluir-se-á o ciclo político aberto pelas eleições municipais de 2020.

Será um momento de grande alcance e significado, cuja substância não deve ser esvaziada pelos rituais de barganha política.

Por tudo isso, é de crucial importância, para a manutenção desta República democrática, que haja um escrutínio apertado à volta dos poderes presidenciais e da chamada “magistratura de influência”, avaliando-se, com o máximo rigor possível, as qualidades de cada candidato e o seu grau de compromisso com os valores superiores da “Lex Fundamentalis”, a razão de existir, afinal, da própria função presidencial.

A escolha não deve ser feita a granel.

Não se pode vender gato por lebre.

A promoção de debates – preparados segundo critérios exigentes destinados ao cabal esclarecimento dos eleitores cabo-verdianos – afigura-se determinante.

Não se pode admitir, neste transitivo presente, retrocessos ou qualquer tipo de banalização da função política. Eis que vivemos o Tempo da Cidadania.

Quem quiser ser Presidente da República tem de estar à altura e merecer, por inteiro, a confiança popular.

O futuro de Cabo Verde e do saudável funcionamento das instituições estará em jogo, e isso deve concitar a atenção de todos.

É o senhor Presidente da República quem terá de recordar, o quanto antes, aos demais poderes de plantão que “Ao princípio não ‘era’ o Estado mas o Homem – ‘era’ o Homem, o espírito e o barro…É esta uma verdade em função da qual será o Estado a ter de se humanizar – não o Homem quem tem de se estadualizar…”.

Palavras inesquecíveis do genial Francisco Lucas Pires, que soube lutar, desde a madrugada inaugural, pela conjugação da Liberdade com a Justiça, como o fundo moral da Constituição fraterna ou, se quisermos, do montesquieuiano “espírito das leis”.

Elevemos a fasquia.

Precisamos, aqui e agora, de uma política mais exigente, capaz de salvar o Homem da tirania do efémero e das simplificações inadmissíveis.