Covid-19 em Cabo Verde

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A guerra ao coronavírus em Cabo Verde mal começou e a impaciência parece querer fintar a resiliência e moral de algumas pessoas.

Não sei, não sou técnico, nem especialista, mas assim, acho que vai ser difícil.

As medidas de âmbito nacional foram tomadas há cerca de um mês, as pessoas estão em quarentena obrigatória em casa há 16 dias.

É muito para esta pandemia? Não sou especialista, não faço ideia!

Com todo o respeito, as pessoas querem acreditar que a guerra ao coronavírus está já vencida (ou parcialmente vencida) e pedem para que se altere a aplicação do estado de emergência de 7 para 3 ilhas?

E quem sabe as razões desta alteração? É chegar e alterar?

O estado de emergência ficaria restrita à ilha de Santiago, São Vicente e Boa Vista?

E o país funcionaria como? E quem dirigia a Administração Pública? É, o tal teletrabalho?

As pessoas circulariam livremente nas ilhas e inter-ilhas, excepto para Santiago, São Vicente e Boa Vista?

Os hotéis do Sal retomariam o trabalho, mas com que trabalhadores e com que turistas?

As medidas já tomadas, todas as medidas que o governo tomou já, em relação aos apoios aos trabalhadores, ao INPS, etc, etc, seriam canceladas nas 6 ilhas, a partir do levantamento do estado de emergência?

Podia continuar a demonstrar vários exemplos, minha gente!

O governo teria que desconstruir todas as medidas já tomadas em relação às 6 ilhas?

E com toda essa desconstrução, o que é que o país ganhava? E o risco (sim risco) da contaminação parava? A economia retomava-se e se reanimava?

O governo teria que governar com duas velocidades, com uma parte do país aberta e outra parte do país fechada? Que tipo de governação seria? Já se viu isto em alguma parte do mundo?

Quererá isto dizer que nas restantes ilhas, porque o vírus não chegou de momento, a guerra já está vencida?

Nas ilhas do Fogo, Brava, São Nicolau, Maio e Santo Antão as pessoas podem regressar ao trabalho, às escolas, podem fazer a vida normalmente, continuando apenas a tomar os cuidados de higiene de habituais? Então, se fosse assim, porquê que todos os países tiveram que fechar os seus países com medidas duras e restritivas?

É assim que estamos preparados para combater o coronavírus no nosso país?

Com o estado de emergência, sabemos de alguns casos de indisciplina, quanto mais sem ele.

Que dados suportam essa proposta?

Referimo-me a dados sobre o estado geral do coronavírus em Cabo Verde? Têm esses dados?

Por mais boa intenção que as pessoas possam ter com essa proposta, não será isto apenas um exercício teórico?

O país, numa situação desta, o mundo todo continua ameaçado pelo coronavírus, tem mesmo de correr esse risco?

Sim, sem dados sobre o estado do coronavírus, por mais boa-fé das pessoas, como é que se pode formular uma proposta numa matéria que pode custar a vida das pessoas?

Sem ofensas e com todo o respeito, isto não é um jogo de lotaria ou uma partida de futebol!

Este é um jogo que pode ser de vida ou de morte. Todos sabem disso.

Qualquer erro nas medidas será o Deus nos acuda! Deixem as autoridades decidirem!

Eu não atreveria propor, neste caso, qualquer medida às autoridades. Pois, basearia em que dados? Eu posso ser e sou mesmo a favor do estado de emergência, enquanto um instrumento jurídico e político.

Mesmo um especialista da aérea, sem dados, não arriscaria apresentar uma proposta, seja em que sentido fosse.

Abrir ou fechar o país.

Com o agravante de termos um país com apenas 100 testes realizados.

Anthony Fauci, Director Nacional do Instituto de Alergia e Doenças Infeciosas dos EUA, ocupando este cargo desde 1984, trabalhou com 6 Presidentes americanos nesta área, actualmente consultor de Trump, disse

“sem testes com um número significativo, nós somos cegos em relação ao coronavírus; não podemos controlar ou mitigar com medidas as curvas do vírus. É muito importante massificarmos os testes”.

Sem testes, disse ele, não podemos saber o número de infectados que temos, quanto mais isolados e tratá-los. Não sabemos dos focos da infecção, onde eles estão localizados e as faixas etárias atingidas. Quem tem estes e outros dados é que pode saber as melhores medidas.

A Suécia e o Reino Unido tentaram no início deixar o país aberto. Deixaram a economia a funcionar, vejam o que aconteceu?

Tiveram que recuar e tomar medidas duras para tentar conter o avanço do coronavírus e com custos elevados contabilizados.

Eu não sei porquê que temos que ter pressa numa situação dessas?



1 COMENTÁRIO

  1. Caro Malka Lobo
    Apreciei bastante a sua humildade e candura na forma de exprimir o seu ponto de vista.
    De forma a enriquecer o conteúdo e fomentar o dialogo, Aponto o seguinte em relação a ter o Pais a 2 velocidades, eu acho que devemos rapidamente a antecipar o futuro ao inves de ir reagindo, neste caso seria manter varias restrições,como distanciamento , restrição de circulação após certos horarios e evitar aglomerações de pessoas, mas suavizar algumas medidas,pois as pessoas não tem ficado confinadas, mas andam a visitar os familiares e amigos ( e não falo dos que precisam de apoio, (como fazer isso dentro do quadro legal, teremos de ver com os juristas, se possível as ilhas estarem em situações de alarme diferente, se tal for possível essa seria a minha recomendação)mas suavizar algumas medidas nomeadamente em ilhas que não tem casos. Os países que mencionou Suécia e Reino Unido e a holanda adoptaram a estratégia de crescimento devagar da propagação entre a população mais imune ao risco de modo a ganharem imunidade, creio que foi a pressão popular em face dos números e que os fez alterar, mas continua a ser a convicção deles que esta era a melhor abordagem a longo prazo que não podem prender as pessoas em casa, porque não podem conter o virus . Em relação ao Dr. americano que faz parte da task force, relembro que ele próprio em janeiro disse que não havia necessidade de alarmismos e já deu a mão a palmatoria. De modo que temos de enfrentar o inimigo comum, que esta a privar as pessoas da sua liberdade, e vai destruindo as economias… Não será possível testar toda a população, mas também não é garantia de que após estar mais semanas enclausurados e com o desemprego a aumentar no mundo e em CV, já se sente os efeitos ( vide Sal e Boavista) que não haja assintomáticos que só demonstrem sintomas após 14 ou 29 dias, como já aconteceu (vide Coreia do sul ,91 pessoas voltaram a ter sintomas depois de testarem negativo). A abordagem deve ser pragmática, holística, mas incisiva. Cumprimentos a todos e cuidem do estado físico, pois é ele que nos defende dos vírus e protege a nossa saúde.

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