Covid-19. Fome extrema deverá afetar até 35 milhões de pessoas na CPLP

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Concretização destes cenários dependerá da duração e intensidade da pandemia, bem como das respostas que os Estados derem para minimizar o impacto, mas deverão começar a sentir-se dentro de poucos meses

O ex-Chefe do escritório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, em Portugal, Francisco Sarmento, referiu, em entrevista à Agência Lusa, que entre 10 a 35 milhões de Cidadãos da CPLP deverão sofrer com a fome extrema, devido os impactos do novo coronavírus, Covid-19.

Ainda esses países dispõem de alguns instrumentos para minimizar os impactos da pandemia, afirma o último chefe da FAO em Lisboa, sublinhando que a concretização destes cenários dependerá da duração e intensidade da pandemia, bem como das respostas que os Estados derem para minimizar o impacto, mas deverão começar a sentir-se dentro de poucos meses.

Francisco Sarmento tem uma certeza: “Quem já estava vulnerável, vai ficar mais vulnerável e os fortalecidos vão ficar mais fortalecidos”. “Os impactos da Covid-19 não se vão distribuir de uma forma igual em territórios que já estavam numa situação de desigualdade à partida”, disse.

Recordou ainda os progressos que os países da CPLP realizaram até 2014, conseguindo reduzir o número de “pessoas afetadas direta ou indiretamente pelo fantasma da fome”, o que se deveu a uma estabilidade político-militar que permitiu o desenvolvimento de programas públicos.

Com a Covid-19 e respetivas restrições os Estados desses países deixaram de ter mecanismos financeiros para fazerem face à situação, como a diminuição do valor do petróleo de Angola ou do gás de Moçambique, ou ainda do turismo em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

Sublinhando que esta é uma análise com base em cenários, Francisco Sarmento diz ter apenas uma certeza: “Os impactos desta crise nos países vão ser desproporcionais, porque partiram num nível de grande vulnerabilidade para a pandemia”.

Impactos que deverão começar a sentir-se dentro de três meses e que poderão ser minimizados se os países apostarem numa aprendizagem coletiva de respostas que uns e outros têm aplicado.

Com Agência Lusa