Presidente do Parlamento defende que o momento é de retoma das atividades económicas e sociais, mas respeitando “escrupulosamente” a segurança sanitária e o distanciamento social
O Presidente da Assembleia Nacional mostra-se favorável ao fim do estado de emergência, em vigor nas ilhas de Santiago e Boa Vista, após 47 dias de vigência desta medida.
Numa reflexão partilhada ao início da tarde de hoje, na sua página da rede social Facebook, Jorge Santos, afirma que “o momento é de ‘desconfinamento’ e saída do estado de emergência a nível nacional e retoma das atividades económicas e sociais”. Contudo, o PAN defende que devem ser respeitados “escrupulosamente” a segurança sanitária e o distanciamento social.
Na sua reflexão, o PAN congratulou com o fato dos Cabo-verdianos estarem a cumprir com “responsabilidade e sentido patriótico” as regras e restrições durante o estado de emergência.
“Todos teremos de aprender a conviver com o vírus, principalmente neste momento em que já estão a ser adotadas medidas para aliviar o confinamento”, escreveu, adiantando que a situação permitiu uma “melhor gestão” da pandemia, impedindo a “disseminação descontrolada” do Covid-19 no País.
O Chefe da Casa Parlamentar admite que esta despertou a Assembleia Nacional para a utilização das novas tecnologias, algo que entrará na história do País. Conforme adiantou, o Parlamento entrou numa” nova fase”, com as sessões virtuais, seja para a plenária, audiências das comissões especializadas, como para as demais reuniões, porque o “vírus não pode matar a democracia”.
Embora aprecie sua opinião, não me importo com o que Jorge Santos diz, porque ele não é um cientista da saúde, virologista ou epidemiologista. O que o cientista da saúde tem a dizer deve ter muito mais peso.
Além disso, ele está dizendo coisas perigosas para a saúde pública. Ele diz que temos que aprender a conviver com o vírus. Isto é falso. Você não pode viver com um vírus mortal enquanto ele está se espalhando. Você pode viver com ele somente depois de trazer o R0 (a taxa de propagação) abaixo de 1. Caso contrário, o vírus simplesmente se espalhará ainda mais rápido se você tentar retornar à normalidade enquanto estiver em alta. E se espalhará para as outras ilhas que já reduziram a propagação para menos de 1.
As pessoas vão morrer. Ou ele não está ciente disso? Portanto, a pergunta que Jorge Santos deve responder, assim como qualquer um que pensa como ele, é esta: quantas mortes ele está disposto a tolerar como o custo de tentar voltar ao normal antes que ele mude sua resposta? 1? Dez? Cem? Faça essa pergunta a ele. Eu realmente gostaria de saber a resposta dele.
Sou atuário profissional e minha especialidade é análise de risco. Esta é uma área em que a maioria das pessoas não tem uma boa base científica para as decisões que tomam. Mas neste caso, você não precisa ser um atuário. Tudo que você precisa é de bom senso. A extensão do estado de emergência por apenas mais algumas semanas provavelmente levará a uma redução do R0 para menos de 1, desde que as autoridades de saúde façam o trabalho duro para conter a propagação do vírus na Praia.
Já sabemos que muitas pessoas não estão cumprindo as reestruturações, razão pela qual o contágio na Praia. E também já vimos que, uma vez levantado o estado de emergência, as pessoas com certeza se movimentam em níveis massivamente mais altos e se reúnem sem respeitar as conseqüências. Isso aconteceu em outras ilhas, como São Vicente, mas o risco foi extremamente baixo desde que a propagação do vírus foi contida.
Em Praia, podemos controlar bem o vírus, com um aumento substancial nos testes e aplicação rigorosa das restrições à circulação de pessoas. Por que arriscar uma grande disseminação do vírus dentro e além da Praia (para as outras ilhas) por duas a três semanas de extensão do estado de emergência. É uma aposta na vida humana que não devemos estar dispostos a fazer.
Aguarde 2-3 semanas, controle o vírus e levante o estado de emergência. É a coisa sensata a se fazer.
Concordo plenamente com o senhor Ângelo Bernarde. A saúde está em primeiro plano.
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