Covid-19. Santa Catarina benefecia cerca de 36.500 pessoas com assistência alimentar

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A garantia é do Presidente Beto Alves que assegura que a sua Autarquia já distribuiu mais de 10 mil cestas básicas, beneficiando cerca de 36.500 pessoas, em todas as zonas de Santa Catarina de Santiago

O Presidente Beto Alves avaliou como “positivo” a execução do Plano de Contingência da Câmara Municipal que preside, assegurando que tudo decorreu na “normalidade”. O Autarca salienta o “civismo e cumprimento” das medidas restritivas por parte dos seus Munícipes, a quem deixou uma mensagem de “força e de muita esperança, com a confiança” de que juntos o vírus será vencido.

A entrevista foi concedida ao portal da Câmara Municipal e com a devida vénia OPAÍS.cv a reproduz.

Estamos na parte final do segundo estado de emergência, qual o balanço que se pode fazer? O plano de contingência elaborado pela Câmara Municipal tem sido executado conforme o previsto?

Beto Alves – O balanço é positivo, tudo decorreu na normalidade e registamos com muito apreço o civismo e cumprimento das medidas restritivas por parte dos Santacatarinenses.

O plano de contingência, salvo alguns contratempos iniciais – o que é natural, porque ninguém estava preparado para uma situação destas -, foi implementado conforme o previsto, contando com forte engajamento de funcionários, parceiros e pessoas singulares.

Neste momento, quantas famílias estão a ser ajudadas, por exemplo, em termos de cestas básicas e em quantas localidades?

Até este momento já distribuímos cerca de 10.800 cestas básicas, beneficiando cerca de 36.500 pessoas, contemplando todo o território municipal, através de uma rede própria de técnicos e lideranças locais.

Quantas rondas de entrega de cestas básicas foram realizadas?

Já estamos na quinta ronda de distribuição, porque temos tido a preocupação de estar sempre em cima das necessidades do nosso povo, daqueles que mais precisam. E aproveito para sublinhar que o temos feito sem expor as pessoas, sem posarmos para a fotografia e sem qualquer intenção de capitalizar esses apoios com outros objetivos que não sejam a solidariedade e a entreajuda.

Em termos de solidariedade, empresas e instituições têm correspondido às necessidades do momento?

Têm, sim, e aproveitamos para reiterar o nosso agradecimento a todas as empresas e instituições que se dignaram apoiar nesta causa em prol das famílias mais carenciadas e dos que perderam rendimentos no decurso do estado de emergência.

Inicialmente, estava prevista uma verba na ordem dos 12 mil contos para acorrer às demandas de apoio. Quanto já foi gasto até ao momento e qual a origem desse orçamento?

Neste momento, com o esforço da Tesouraria, já gastamos, aproximadamente, 9 mil contos, decorrentes de orçamento próprio da Autarquia.

O processo de pagamento de subsídios tem recebido algumas críticas, nomeadamente, porque obrigou à abertura de contas pessoais, o que tem levado a grande afluência às dependências bancárias. Não teria sido melhor que a Câmara tivesse assumido o pagamento direto nas próprias habitações dos beneficiários?

O objetivo visa, sobretudo, a formalização dos procedimentos, o que de certa forma pode ser vantajoso para o futuro, caso seja necessário para outros fins.

Todavia, seria um processo menos burocrático e que evitava a concentração das pessoas nas agências bancárias, se os pagamentos fossem efetuados diretamente pela nossa Tesouraria, com a vantagem de não ser necessário as pessoas saírem de casa e receberem em dinheiro vivo.

Qual o perfil dos beneficiários, qual o seu número e qual o montante envolvido?

São, na grande maioria, feirantes e pessoas que laboram no setor informal, que perderam rendimentos, desde a construção civil à venda ambulante.

Aliás, esta semana vamos suspender a distribuição de cestas básicas nos domicílios, uma vez que os familiares daqueles que praticam atividades informais e os beneficiários do Rendimento Social de Inserção já começaram a receber os montantes de 10 mil e 5.500 Escudos, respetivamente.

No primeiro caso, foram já contempladas 900 famílias; no segundo, 80. Mas convém referir o seguinte: as famílias que ainda não foram contempladas com esses montantes, podem dirigir-se à nossa Loja Social, onde serão garantidos bens essenciais, alimentares e de higiene.

Mas isso não se contradiz com a obrigação de confinamento em casa?

Não é por uma razão muito simples: o confinamento admite a possibilidade de as pessoas saírem para fazer compras no comércio. Neste caso, a única diferença é a de que não têm de pagar os produtos.

Aliás, salvo algumas situações excecionais, que decorrem da distância de algumas localidades com a Cidade de Assomada, mas também com a necessidade de dar apoios a pessoas idosas e doentes, que não podem sair de casa, a ajuda em cestas básicas passa a fazer-se no espaço físico da Loja Social. E é uma forma, também, de as pessoas começarem a conviver com uma certa normalidade.

Os Santacatarinenses estão a cumprir as determinações impostas pelo estado de emergência?

De um modo geral, os Santacatarinenses têm cumprido com muito civismo, evitando a propagação do vírus, o que é de sublinhar.

É previsível que, na ilha de Santiago, o estado de emergência venha a ser prorrogado. Que medidas a Câmara pretende adotar para o reforço de apoio às famílias mais necessitadas?

Em caso de prorrogação, seguramente serão reforçadas as medidas de proteção às famílias, especialmente as mais carenciadas, e na próxima quinta-feira o Executivo estará reunido para efeitos de balanço e adoção das medidas que se manifestarem necessárias. Uma coisa posso garantir: o nosso povo não foi, nem será abandonado à sua sorte. Estamos presentes, discretamente – porque a solidariedade não se presta a propaganda ou alarde mediático -, mas estamos sempre presentes. E as pessoas sabem isso.

Os serviços camarários têm correspondido às necessidades deste momento?

Devo dizer que, até este momento, temos registado um nível de engajamento e entrega profunda de todos os funcionários, o que se tem traduzido no resultado positivo das nossas ações no terreno.

Entre técnicos do Município e voluntários, quantas pessoas estão a dar apoio neste momento?

Temos cerca de 50 pessoas, entre técnicos e voluntários, trabalhando em regime de rotatividade. E aproveito para manifestar o meu apreço por esta dedicação, que ultrapassa em muito, no caso dos funcionários, a suas responsabilidades. É uma verdadeira entrega à comunidade, com espírito de missão e de solidariedade, aquilo que funcionários e voluntários estão a fazer. São verdadeiros soldados deste combate, são os nossos heróis.

Qual o impacto desta crise na entrada de receitas na Tesouraria Municipal?

A nível de receita, naturalmente que o impacto é fortemente negativo, pelo que nos próximos tempos vamos submeter à Assembleia Municipal uma proposta de Orçamento Retificativo. Vamos sofrer uma quebra muito acentuada na arrecadação de receitas, o que obrigatoriamente teremos que ajustar às despesas.

Em termos de mobilização de água, o que está a ser feito, decorrente da sua recente declaração de emergência hídrica em Santa Catarina?

Neste momento, estamos na montagem do processo de reforço de abastecimento fora da rede, pela via de aluguer de autotanques. E, por outro lado, está em curso o processo de montagem de uma dessalinizadora na Vila de Ribeira da Barca, permitindo a melhoria da quantidade e qualidade de água, libertando-a dos furos para o reforço da produção agrícola, tanto para o fornecimento do mercado local como nacional.

Que mensagem quer deixar aos Santacatarinenses?

Aos Santacatarinenses o nosso apelo mantem-se, no sentido de continuarmos a cumprir rigorosamente as medidas e orientações das autoridades. Mas, sobretudo, uma mensagem de força e de muita esperança, com a confiança de que juntos vamos vencer esta luta, como juntos temos sempre vencido todas as dificuldades – porque essa é a marca da nossa gente.