Crise COVID-19 ainda mal começou

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A crise do COVID-19, que é verdadeiramente mundial, ainda mal começou. Traz na bagagem uma crise económica e social sem precedentes. Para Cabo Verde, também. Temos que ter a consciência real deste contexto de grandes dificuldades e perceber que só a solidariedade poderá evitar situações que não desejamos. Pelo menos, a maioria esmagadora das pessoas não deseja.

A solidariedade que reclamo tem domínios distintos, mas rigorosamente complementares. Na sua repercussão na vida das famílias, é preciso garantir a todas as famílias cabo-verdianas um rendimento de sobrevivência e a dignidade necessária. Teremos, assim, que saber lançar mãos daquilo que temos, das reservas que temos.

Por um lado, as reservas das próprias famílias: é o momento para que aquele que tenha mais saiba repartir, de forma cristã, com aqueles que nada têm ou que não têm o suficiente para as suas necessidades básicas e elementares.

Por outro lado, é o momento em que se tem que esperar do Estado a priorização da defesa do direito de todos à sobrevivência. Assim sendo, o Estado deve lançar mãos de eventuais reservas. E surgem à cabeça os recursos acumulados pelo INPS. Existem, também, para isso. E, se necessário, deve-se lançar mão até do último centavo para mitigar os efeitos desta crise no desemprego e, por conseguinte, na vida das famílias. Aceitar que as famílias dos trabalhadores por conta de outrem sofram, com argumentos assentes em equilíbrios que não fazem sentido em tempos de crise, como este, quando se tem uma confortável reserva no sistema de previdência social, é falta de bom senso e de coração.

Mas a solidariedade que reclamo é, também, a solidariedade do Resto do Mundo relativamente a Cabo Verde. Sem ela, o país não vai resistir. Venha, então, a solidariedade dos nossos amigos tradicionais e de outros que possam surgir. Vamos precisar de um grau significativo de donativos, mas, também, de empréstimos em condições de favor, para podermos garantir o equilíbrio das nossas contas externas, os pagamentos externos das nossas importações, o equilíbrio das contas públicas e conter a inflação.

Em primeiro lugar a sobrevivência de todos. A seguir, encontraremos solução para os restantes desafios.