Governo refuta o que considera “graves insinuações” da liderança da Oposição, e alega ser “insinuações irresponsáveis” de Janira Hopffer Almada, e do líder da bancada Rui Semedo, na sequência da notícia que dá conta da demissão do PCA da Emprofac, anunciada ontem
Em comunicado às Redações, o Executivo sustenta que as declarações da Presidente do PAICV e do seu líder parlamentar são “desprovidas de sentido de Estado” que é exigido à Oposição.
“Insinuam, imputando ao Governo de Cabo Verde, o envio de uma missão ultra-secreta à Venezuela. Isto depois de o Governo ter categoricamente desmentido tal fato”, refere a nota.
“A falta (de) discernimento e o desespero político levaram a dupla da liderança atual do PAICV a atacar o Estado de Cabo Verde, a sua reputação e credibilidade internacionais com argumentos inaceitáveis para quem tem altas responsabilidades políticas no País”, prossegue a mesma nota que vimos citando.
O Governo reitera que a demissão do PCA da Emprofac, anunciada ontem, decorre da “violação grave dos deveres inerentes ao gestor público e desvio da finalidade das funções”.
Quanto às “graves acusações que sobre ele impedem, só temos a afirmar que não está no nosso ADN e nem no nosso passado, a tentação de nos imiscuir-nos na vida e atos de cidadãos, mormente, em matérias que competem à Justiça e não ao Governo ou a Partidos políticos esclarecer”, lê-se no mesmo documento, em que as autoridades nacionais reafirmam não terem enviado “qualquer emissário e nem tem qualquer ‘assunto de Estado’ para discutir com o Governo Venezuelano no que toca à extradição ou não do cidadão Alex Nain Saab Morán”.
Ontem, horas depois da demissão do PCA da Emprofac, o PAICV, através da sua liderança, veio acusar o Governo de desnorte, de falta de seriedade e honestidade.
COMO UM GRANDE EMBARAÇO DO GOVERNO TRANSFORMOU-SE NUM GRANDE PESADELO PARA … JANIRA E PAICV
Gil Evora alegadamente, poderá ter sido vítima, de uma engenhosa cilada e intriga internacionais, preparadas e executadas ao detalhe por serviços secretos do regime de Maduro, que é aliado do Paicv. A efusa comemoração do caso por parte do gabinete de ódio do Paicv é sintomática. Mas, por partes.
O Governo de Cabo Verde foi ágil e correctíssimo na sua decisão de demitir o PCA da EMPROFAC, por “desvios de finalidade”, e para evitar estragos maiores à reputação do Estado. Independentemente de os alegados factos relatados vierem a ser comprovados (possivelmente nunca serão) devido à natureza sórdida da ação dos serviços secretos do regime de Maduro, a simples divulgação da notícia, envolvendo o nome de um carismático gestor de uma empresa pública de Cabo Verde, criou embaraços enormes ao Governo.
Portanto, Gil Evora foi demitido, em razão de ver seu nome envolvido em alegadas ações (não comprovadas) que não abonam o nome e a reputação do Estado de Cabo Verde. Correcta a decisão do Governo. Os termos adotados no comunicado do Governo, não deixam dúvidas que foram corretamente e seletivamente escolhidos por gente competente no Governo, com experiencia diplomática.
O caso foi despoletado para minar as boas relações de Cabo Verde com a América, não para proporcionar ganhos políticos à ditadura do Maduro. Gil Evora escolhido à lupa, porque também ele incomoda o Paicv. Seus artigos e opiniões e comentários nas redes sociais, há muito que são referenciados e passado à lupa pela milícia digital do Paicv. Por outro lado, seu excelente trabalho à frente de uma empresa pública, deu a cara em momentos cruciais da crise pandémica da COVID-19, são ingredientes mais que justificáveis para criar um sentimento de revolta nas hostes tambarinas. As avaliações dos caboverdianos ao trabalho da empresa sob a batuta do Gil não agradam o Paicv, que vê em Gil um obstáculo para a sua ambição de aceder ao Poder nas eleições do ano que vem.
A cerne da questão e que está alegadamente a enfurecer ainda mais o Paicv, é o estado de excelência das relações diplomáticas entre Praia e Washington. Há muito, que os fanáticos tambarinas, desde o antigo Primeiro-ministro passando pelos aos actuais correligionários do partido da ditadura estavam à espreita de uma oportunidade para atacar. A derrota política do Paicv na má gestão do dossier SOFA, a decisão do Governo de Cabo Verde que autoriza o Governo dos Estados Unidos da América a construir sua nova Embaixada na Praia, estão entre os muitos motivos para achincalhar o Governo de Cabo Verde.
É de todos sabido que o Paicv sente-se feliz e não vê problemas de maior em ver a ex-União Soviética comunista e China construir suas embaixadas a paredes meias com o parlamento cabo-verdiano que é centro do Poder Político. Porém, mas vislumbram ameaças à nossa soberania, com a presença da Embaixada da América na Várzea.
Gil Evora, poderá ou não alegadamente, ter ou não encontrado autoridades agentes secretos do regime de Maduro, disfarçados de empresários do sector da indústria farmacêutica. Entretanto, a simples notícia, que não é assim, tão simples, a envolver o seu nome neste imbróglio, no preciso momento que a COVID-19 catapultou o seu nome à categoria um personagem nacional, de respeito e notoriedade públicos, incentivou os serviços secretos da ditadura de Maduro a provavelmente lhe lançar lama venenosa na sua reputação, envolvendo também a reputação do Estado de Cabo Verde.
Ninguém em Cabo Verde ou fora dele, exceto o Paicv e os serviços secretos do regime de Maduro acreditam numa farsa hoolidiana como a que foi noticiada. Evidentemente, ambos têm razões de sobra para ver essa anedota nos meios de comunicação do Paicv. É muito pouco credível a tese que o Governo de Estado de Cabo Verde teria buscado encontrar com emissários da ditadura da de Maduro, para seja o que fosse, depois de os tribunais superiores nacionais ter autorizada a deportação do empresário colombiano que ligações perigosas com a ditadura do Maduro. O custo político, a nível interno, a dois dias das eleições, somado aos custos externos, no momento crucial, que Cabo Verde precisa, desesperadamente da ajuda financeira externa para sobreviver à económica crise da COVID-19, não justificam nem compensam uma tal aventura. Gil Evora é um personagem carismático fora do sistema MpD, nunca se venderia, nem faz parte do carisma do MpD este tipo de procedimentos. O regime de Maduro não tem capacidade para compensar a Cabo Verde por perdas que certamente teria na frente externa. Só uma cabeça como a de JHA e do Rui Semedo…enfim!
Mesmo que o Governo quisesse aventurar numa tosca empreitada com aquela que é noticiada, nunca que o Presidente da República permitiria ou tolerava ao Governo de Cabo Verde um expediente, que de tão tosco nunca teria uma justificação para um PR em finais de mandato. Agentes públicos e privados contratados, fora do contexto do Ministério dos Negócios Estrangeiros para agir em nome do interesse do Estado de Cabo Verde não é coisa que o experiente diplomata e politico JCF tolera. O próprio Embaixador Eurico Monteiro, teria pedido na hora, a demissão do cargo de Embaixador de Cabo Verde em Lisboa, se uma tal diligência escabrosa passasse por Lisboa, com ou sem o seu conhecimento. Não faz sentido algum. Tratou-se sim de: uma invenção dos serviços secretos da ditadura bolivariana ou Gil Evora em Lisboa, no quadro de suas responsabilidades enquanto gestor, ter sido enganado por interlocutores do regime do Maduro, porém disfarçados de empresários do sector farmacêutico. Foi pena, mesmo assim, acredito tanto na honestidade do Gil quando na opção do Governo de entregar, por decisão da justiça o empresário colombiano à justiça federal americana.
A notícia deste alegado encontro de alegados emissários nacionais com representantes da ditadura bolivariana, curiosamente, não tem como fontes nem é passada em nenhuma das maiores e mais credenciadas agências de noticias do Mundo como a Reuters, a Assiciated Press, a France Press, a EFE ou mesmo a modesta Lusa. O mesmo em relação às melhores, maiores e mais credíveis cadeias de televisão do mundo, como a CNN, BBC, FOX, SKY, France 24, Globo, ou mesmo as mais credenciadas redes hispânicas de TV na América ou mesmo a Televisa de Maduro. Ao invés, a alegado furo noticioso, de interesse global e da América em particular, sobretudo para o Presidente D. J. Trump, no contexto das eleições presidenciais de Novembro, tem como sua fonte, um modesto jornal comunitário. Não faz sentido algum. O encontro entre emissários caboverdianos com espiões do regime do Maduro não é efectivamente notícia. Dizia um ex-dirigente do Paicv: “se não saiu na CNN, não é noticia”.
A alegada notícia, foi imediata e cirurgicamente repassada em Cabo Verde pela milícia digital, a um site do Paicv, que tem um único profissional, coadjuvado por actuais e antigos dirigentes, deputados e ministros do Paicv, incluindo seu ex-Primeiro-ministro. Sem surpresa, tão logo a notícia da demissão do Gil Evora é conhecida, explodem as primeiras reações bombásticas, irresponsáveis e toscas da JHA, Rui Semedo e Mário Matos.
Não há duvidas de que este caso que já custou ao País estragos à sua imagem e um gestor até agora competente no cargo. Contudo, veio uma mais a escancarar o total despreparo político da atual liderança do Paicv. As infantilidades da JHA não param de surpreender, até mesmo, aos seus mais pacatos admiradores. Ao invés de solicitar um encontro de urgência com o Primeiro-ministro, para solicitar e receber informações classificadas (caso as houver), ao invés de convocar de urgência ao Parlamento o Ministro dos Negócios, como lhe é permitido pelo estatuto de líder da Oposição, JHA, prefere vulgaridades, um campo batalha no qual ela se sente melhor preparada para exercitar. Uma grande oportunidade desperdiçada por JHA. Afinal, vulgaridades rendem mais simpatias a idiotas, que informações, mesmo que fossem classificadas, caso existissem.
Mesmo que o Governo entendesse que havia algum interesse para CV contactar directamente o Presidente da Venezuela, fosse qual fosse o propósito, porque não o faria através de canais diplomáticos oficiais, ainda que secretos, com tantos diplomatas experientes existentes em Cabo Verde? Porquê mandatar dois técnicos, gestores de empresas? Insinuar que o Governo de CV estaria envolvido, directa ou indirectamente, no que parece ser uma “missão impossível”, não é apenas uma grande irresponsabilidade a todos os títulos. Alguém que, apressadamente, faz insinuações desse género só tem cabeça para por chapéu (ou lenço), só quer exibir-se, aparecer e tirar algum proveito.
Comunicado do paicv, lido por Julião Varela, sugere claramente que o paicv estava e está informado e só corrente de toda a tramóia que foi montada para denegrir a imagem de Cabo Verde. O PGR deve imediatamente iniciar um procedimento para apurar as ações ou omissões do paicv para agir contra os interesses nacionais.
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