Hoje, 31 de agosto, assinala-se uma das datas mais sombrias da História recente de Cabo Verde. Uma data que, por estranhas conivências, não é falada, não há relatos nos manuais escolares e os nossos “estudiosos” e “especialistas” pouco ou nada produzem sobre o assunto. O que não deixa de ser uma pena.
Nesta data, 42 anos atrás, corria o ano de 1981, os cabo-verdianos deram provas que as convicções ideológicas trazidas das matas da Guiné tinham poucas conexões com a vivência dos crioulos nas ilhas.
O PAIGC-CV queria impor uma reforma agrária para forjar uma hipotética luta de classes que, na realidade, não tinha expressão em Cabo Verde.
Os donos das poucas terras aráveis existentes no arquipélago eram compadres, parentes e amigos dos trabalhadores e havia uma sã convivência entre eles. Mas os ideólogos dos gabinetes apenas estavam preocupados em implementar a cartilha recebida dos mestres.
O resultado foi um levantamento popular pacífico, mas que foi brutalmente reprimido pelo regime, resultando na morte de várias pessoas.
Segundo Humberto Cardoso, um dos poucos com uma obra memorável sobre o assunto, Adriano Santos foi baleado e morto no local, mas cerca de meia dúzia de homens conheceram a morte por causa da violência e da tortura de que foram alvos pelos militares do partido-estado.
Os autores morais destes massacres, até hoje, não se dignaram em pedir desculpas aos cabo-verdianos e, particularmente, aos familiares das vítimas. Estes cidadãos desarmados e indefesos foram humilhados e mortos em nome de uma convicção ideológica que estava votada ao fracasso.
Eram cidadãos livres que apenas queriam exercer a sua cidadania, mas encontraram pela frente um partido-estado violento, agressivo e que torturava e matava os seus cidadãos a sangue frio para implementar a sua ideologia e manter “os melhores filhos da terra” no poder a qualquer custo.
A pacata ilha de Santo Antão foi cercada por militares, num cenário descrito como se de uma guerra civil se tratasse.
Por tudo o que se passou, como filho e amante da liberdade e democracia, não podia deixar o 31 de agosto passar em branco.
Honra às vítimas da ditadura do partido único!
DITADURA NUNCA MAIS!