EMBAIXADORA UE: Estamos todos a trabalhar para avançar com a Parceria da Mobilidade

0

Há uma série de medidas de desafios que é preciso implementar, as autoridades nacionais estão a trabalhar nesse sentido mas temos que ir passo a passo e seria prematuro planear uma data em que vamos chegar à isenção de vistos

Assinala-se nesta quarta-feira, 9 de maio, o Dia da Europa, data que é assinalado com eventos de âmbito cultural nas cidades da Praia e Porto Inglês. Na ocasião OPAÍS abordou a Embaixadora da União Europeia em Cabo Verde que destacou as relações entre o Arquipélago e os vários países da UE.

Sofia de Sousa diz estar “muito contente” com as atividades e destaca o fato de se poder promover informações sobre a Parceria Especial entre Cabo Verde e UE. Quanto à mobilidade no espaço europeu adverte haver muito trabalho mas garante que as autoridades estão empenhadas. Admitindo haver “desafios que são externos” ao nosso País a diplomata apelou ao trabalho de todos de modo a “contornar” os desafios.

OPAÍS. Como é que a Sr.ª Embaixadora avalia as celebrações do Dia da Europa que este ano decorrem na Praia e no Maio?

Sofia de Sousa – As celebrações são para marcar o Dia da União Europeia mas também é um momento para marcarmos a Parceria que é uma Parceria feita para as pessoas.
Propusemos, com os nossos parceiros, explicar o que é a Parceria UE Cabo Verde. Fizemos também atividades culturais, conhecemos alguns dos trabalhos dos artesãos, levamos atividades à escola secundária, e no Maio tivemos duas noites música com vários artistas.
Estou muito contente porque acho que conseguimos dar a conhecer um bocadinho mais o que é a Parceria, o impacto que tem e da importância que tem em termos de unir os nossos povos.

É notória a relação de união entre a Europa e Cabo Verde…

Sim, sim, sem dúvida.

Há uma Parceria Especial e é especial porque há uma relação muito estreita a nível cultural mas também aos níveis do diálogo político, setorial e das trocas que existem entre as pessoas.

As pessoas fazem as parcerias e o fato de haver tantos Cabo-verdianos na Europa e tantos europeus a visitar Cabo Verde, como turistas e a investir aqui no País, é essa troca entre as pessoas que faz com que se justificasse que era preciso haver uma Parceria Especial. Temos todos de continuar a trabalhar.

Às vezes as coisas não vão tão depressa nem tão rápido como todos gostaríamos, no entanto há muito trabalho pela frente, dos dois lados, há vários desafios mas estamos aqui para trabalhar e vamos trabalhar de mãos dadas com os Cabo-verdianos para ter a certeza que estamos todos a avançar e avançar na direção certa.

Estas comemorações focaliza um bocado o lado cultural. Há perspetivas de acelarar relações culturais entre Cabo Verde e os vários países da Europa?

Este ano o lema da comemoração do Dia de Europa é Herança Cultural e celebramos a herança cultural e o resultado da cultura na Europa que no fundo advém de muitas outras culturas e daí o fato de termos marcado com eventos culturais nos 3 dias.

Não temos um projeto específico, não há nada que esteja marcado como forma de intensificar essas trocas culturais, mas as coisas vão acontecendo normalmente.

Há sempre aquela expetativa com a livre circulação com o espaço europeu, acredita nesta possibilidade para os Cabo-verdianos?

Temos uma Parceria para a Mobilidade que tem, de fato, facilitado a mobilidade. Tem havido muitos Cabo-verdianos no processo para concessão de visto de curta duração no espaço Schengen facilitado, no entanto ainda existe a necessidade do visto para os nacionais visitar o espaço europeu.

Mesmo que um dia essa necessidade fosse abolida, isto significaria que os Cabo-verdianos podiam visitar a Europa para curtas estadias. Importa explicar isto às pessoas: não significaria que todos que queiram visto de residência, ou de trabalho, ou de estudo teriam necessariamente facilidades, estes continuam a ser da competência de cada Estado-membro.

Estamos todos a trabalhar para avançar com a Parceria da Mobilidade mas é preciso implementá-la primeiro.

Há uma série de medidas de desafios que é preciso implementar, as autoridades nacionais estão a trabalhar nesse sentido mas temos que ir passo a passo e seria prematuro planear uma data em que vamos chegar à isenção de vistos.

Estima poder ser durante o seu consulado?

Vamos continuar a trabalhar e acelerar a implementação da Parceria.

Está a menos de um ano como Embaixadora em Cabo Verde, como tem sido o seu mandato?

Tem sido uma fase de descoberta, de visitar as várias ilhas, ainda não fui nem ao Sal nem a São Nicolau.

Cabo Verde é um País de uma riqueza pessoal fantástica. Há muitos desafios que advêm do caráter arquipelágico do País, do pequeno mercado, de uma série de outros desafios, nomeadamente, das alterações climáticas, dos problemas ambientais, há desafios que são externos a Cabo Verde e que temos que continuar, todos, a trabalhar para contornar estes desafios e vencer da melhor forma possível.

Estou positiva porque noto uma vontade muito grande das pessoas em fazer avançar o País e é preciso capitalizar esta vontade e todos e cada um tem que dar o seu esforço porque não existe soluções de milagre.