Entenda os pontos do assassinato de 10 pessoas da mesma família, no Brasil

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O crime começou a ser planeado desde outubro de 2022. O grupo de criminosos queria um terreno da família avaliado em cerca de 2 milhões de reais brasileiros(BRL), cerca de 40 mil contos CVE. Três crianças de 6 e 7 anos estão entre as vítimas mortais

Cinco pessoas, Gideon Batista de Menezes, 55 anos; Horácio Carlos, de 49; Fabrício Silva Canhedo, 34; Carlemam dos Santos, de 26, e Carlos Henrique Alves da Silva, de 25, planejaram durante três meses a morte de toda a família para tomar posse do imóvel, localizado em uma área de proteção ambiental, onde há uma cachoeira. No dia 23 de outubro, os bandidos alugaram o cativeiro onde iriam manter as vítimas.

Gideon e Horácio moravam com Marcos na chácara, que em especulação informal valeria R$ 2 milhões. Eles almejavam tê-la para eles, para posterior comercialização. O plano era o seguinte: ceifando a vida de toda a família, teriam a posse do bem, fariam a venda e aufeririam o dinheiro — disse o delegado Ricardo Viana, em declarações à imprensa.

Gideon Menezes, Horácio Carlos, Carlemom eram os principais articuladores da chacina. Canhedo, por sua vez, foi o responsável por cuidar das vítimas no cativeiro. Já Carlos Henrique da Silva participou apenas do assassinato de uma delas.

Segundo a polícia, um adolescente, que não foi identificado, foi chamado para participar do crime, mas desistiu quando as mortes começaram.

Em 28 de dezembro, o plano começou a ser executado na própria chácara, quando Marcos, sua esposa Renata Juliete Belchior, de 52 anos, e a filha deles, Gabriela Belchior de Oliveira, de 25, foram rendidos na própria chácara em que moravam.

Na ocasião, Gideon deu acesso ao local a Carloman e ao adolescente, com a intenção de simular um roubo à chácara. Horácio estava no local e fingiu-se de vítima. No entanto, Marcus reagiu, sendo atingido com um tiro na nuca por Carloman. Ele morreu no local. Assustado, o adolescente pulou o muro durante a madrugada e fugiu do local.

Depois disso, o grupo criminoso levou Renata, Gabriela e Marcos para o cativeiro. O corpo de Marcos foi enterrado na própria chácara no dia seguinte por Gideon e Horácio.

A ex-mulher de Marcos, Cláudia Regina Marques de Oliveira e a filha dela, Ana Beatriz Marques de Oliveira, também se tornaram alvo do grupo. Ela havia vendido uma casa no valor de R$ 200 mil que também virou objeto de cobiça. Os criminosos simularam, com o celular de Marcos, que Gideon, Horácio e Fabrício a ajudariam na mudança para a nova casa.

No novo endereço, o trio permitiu a entrada de Carloman, que adotou novamente a estratégia de simular um assalto. Mãe e filha acabaram, assim, rendidas e levadas para o cativeiro.

No dia 12, Thiago Gabriel Belchior, marido da cabeleireira Elizamar da Silva, recebeu uma mensagem o atraindo com a mulher e os três filhos do casal até a chácara. Mais uma vez, Carloman simulou um assalto, rendendo a família.

As mortes

Enquanto Thiago foi levado com vida para o cativeiro, Elizamar e os três filhos foram colocados em um carro, que foram queimados após serem asfixiados.

No dia 14 de janeiro, Renata e Gabriela foram mortas em Unaí, Minas Gerais, e tiveram o carro queimado por Horácio e Gideon. No dia seguinte, Thiago, Cláudia e Ana saíram do cativeiro com vida, mas acabaram sendo esfaqueados pelos criminosos e tiveram os corpos enterrados em uma cisterna em Planaltina, Região Administrativa do Distrito Federal.

As investigações

De 14 a 16 de janeiro, a polícia recebeu denúncias de desaparecimento de dez pessoas, todas da mesma família. Os denunciantes eram dois filhos de Elizamar, que foi assassinada: um rapaz de 24 anos e uma jovem de 18 anos, preocupados com o sumiço da mãe e dos demais parentes.

Investigadores descobriram que dois carros com corpos carbonizados haviam sido encontrados em Cristalina (GO) e Unaí (MG) entre os dias 13 e 14, e o veículo achado em Goiás pertencia a Elizamar. Com o avançar dos dias, os cadáveres localizados começaram a serem identificados como de membros da família desaparecida.

Dez membros de uma mesma família foram assassinados ao longo de três semanas — Foto: Editoria Arte O Globo

Uma versão inicial apresentada por um dos presos na investigação era a de que o crime havia sido encomendado por Thiago Belchior e o pai, Marcos Antônio. A motivação, no caso, seria o dinheiro da venda de um imóvel. As descobertas dos corpos de pai e filho, no entanto, fizeram com que essa versão fosse descartada.

Evidências começaram a aparecer sugerindo o real motivo por trás do crime, como um caderno encontrado no cativeiro no qual constam os dados bancários das vítimas. De acordo com o delegado Ricardo Viana, que investigou o caso, a morte dos familiares não estava no plano inicial dos criminosos:

– A morte do Marcos teria sido de forma precipitada. Houve uma reação por parte dele, e o suspeito atirou. Ali foi o primeiro percalço. A gente não sabe qual seria o fim, mas a intenção era levá-lo ao cativeiro. Aliás, se a opção deles fosse colocar todo mundo na fossa, nós teríamos muito mais trabalho até chegar lá, porque todos iriam ter sumido – explicou Viana.

C/ O Globo

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