És pó e ao pó voltarás

0

Com o ritual de quarta-feira de Cinzas, inicia-se a quaresma, tempo de preparação para a Solene Páscoa do Senhor

Inicia hoje, o período de 40 dias de preparação para a Páscoa, este ano assinalado a 31 de março.

Quaresma é um tempo de vivência do jejum, da oração e da esmola, em que os fiéis se preparam de modo especial para a Semana Santa, em que se atualizam os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

Neste tempo, os fiéis estão chamados à conversão pessoal, exortação que durante a imposição das Cinzas o celebrante expressa com as palavras: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.

Com a expressão “Lembra-te de que és pó e ao pó voltarás”, recorda-se a fragilidade da vida humana e que a morte é um destino inevitável de qualquer ser humano.

A mensagem do Papa Francisco para a Quaresma deste ano intitula-se “Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade, e recorda que o êxodo da escravidão para a liberdade não é um caminho abstrato, mas bem concreto, tal como concreto deve ser também o caminho da Quaresma.

O Pontífice considera que o primeiro passo deste percurso implica “querer ver a realidade”. Por isso, se hoje – tal como no tempo dos faraós – em que “o grito de tantos irmãos e irmãs oprimidos chega ao céu, perguntemo-nos: E chega também a nós? Mexe connosco? Comove-nos?”

Preocupado com os muitos fatores que nos afastam uns dos outros e “negam a fraternidade que originariamente nos devia unir,” o Papa lamenta os que preferem “a atração para a segurança das coisas já vistas, em detrimento da liberdade”. E interroga-se: “Desejo um mundo novo? Estou disposto a desligar-me dos compromissos com o velho?”.

A partir do testemunho de muitos Bispos e de um grande número de agentes de Paz e Justiça, Francisco está “cada vez mais convencido de que aquilo que é preciso denunciar é um défice de esperança” que, tal como paralisou Israel no deserto, impedindo-o de avançar, também agora afeta a humanidade do nosso tempo que, “apesar de ter chegado ao limiar da fraternidade universal e a níveis de progresso científico, técnico, cultural e jurídico capazes de garantir a todos a dignidade, tateia ainda na escuridão das desigualdades e dos conflitos”.