Faz falta um Presidente da República

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Muita gente nunca pensou vir a sentir saudades até de Pedro Pires, para não falar de Mascarenhas Monteiro e Jorge Carlos Fonseca. Foram, cada um a seu jeito, Presidentes da República porque tiveram a República no centro das suas preocupações. Hoje, infelizmente, não temos Presidente da República.

O comunicado da Presidência da República, sob a forma de post de José Maria Veiga, é prova disso. Ficámos a saber, pelo post, de uma informação privilegiada, que JMN já recusou 4 nomes propostos pelo governo para o cargo de Embaixador. Agora são 5. Com que base? Nas leis da República? Não, assumidamente não, o tacticismo é agora a bitola que preside a República. Aliás, no curto post, desta vez assinado por ele, confirma que o calculismo político é a sua bússola. Está na presidência num jogo de gato e rato com o governo, a favor de quê? Sabemos que nada tem a ver com os interesses dos cidadãos, mas sim com vantagens políticas pessoais. Aquele que ocupa o cargo, desvirtuando desavergonhadamente a sua missão constitucional, guia-se apenas por aquilo que lhe dá vantagens políticas. A nomeação de Felisberto Vieira para o cargo de Embaixador é bom para Cabo Verde? Pode ser bom, pelo seu percurso, estatuto e experiência, mas o governo pode tirar alguma vantagem política nessa nomeação? Se tira, isso é mau para ele JMN e por isso chumba a nomeação, pois que a sua função é encalacrar o governo, satisfazer o seu desejo de vingança pela derrota que foi imposta em 2016. Com um gozo especial, o de castigar também Felisberto Vieira (Filú) e seus aliados políticos, como Júlio Correia. Aliás, no auge do seu império afirmava que todos os que se atreveram a desafia-lo deram-se muito mal no Paicv. ERAM RATOS A SEREM EXTIRPADOS!

Diz JMN, pela sua boca e pela boca de José Maria Veiga, que se vinculou publicamente a uns certos critérios. Mas eu que pensava na minha ingenuidade que os critérios de um Presidente são os da Constituição e das leis. O país não se verga à vontade de um homem, mas às leis feitas por órgãos constitucionais legítimos. JMN quis impingir a Cabo Verde sua companheira como Primeira Dama com salários de 310 contos mensais, sem lei, mas nega ao Felisberto Vieira, a possibilidade de representar Cabo Verde em Cuba, com lei. JMN é que tem que mudar de critérios. Fala demais e por isso corre o risco de dizer asneiras. Critérios de idade, de reforma, de afastamento partidário? Tudo o que ele desprezou quando propunha como Primeiro Ministro Embaixadores aos Presidentes que o antecederam. Propôs vários dirigentes partidários e com mais de 60 anos para Embaixador em Washington, Portugal, Angola, Alemanha, etc. Sem vergonha hoje vincula-se a tudo o que desprezou como Primeiro Ministro. Isso é hipocrisia! Um homem de 70 anos pode ser Presidente da República, Primeiro Ministro, Ministro, Presidente da Câmara Municipal, mas não pode ser Embaixador? Um político ligado a um partido de oposição não pode ser nomeado pelo governo para um cargo relevante? Então, pode-se acusar o governo de partidarizar a Administração e ao mesmo tempo impedir o Governo de nomear dirigentes conotados com a oposição? Isso tudo só para salvar a acusação? Para manter incólume o argumento? De partidarização? Para evitar que o governo pareça que está a agir bem?

A República não tem Presidente. Tem um homem amargurado que se alimenta do seu ego, que se exibe nos palcos do mundo sem utilidade relevante e esbanja dinheiro da República sem um pingo de vergonha. E usurpa permanente poderes de outros órgãos de soberania como se fosse o “dono de tudo isto”! O salário de 310 contos que não pôde pagar é esbanjado agora com sua dama de companhia nas viagens pelo estrangeiro. Para isso não importa não ter leis, desde que lhe seja vantajoso e que lhe dê na gana. JMN não tem o mínimo de sentido de Estado, coloca-se acima das leis e inaugurou um padrão ético e moral que rivaliza com as mais degradadas práticas de certas lideranças do Terceiro Mundo. É o homem que se diz Presidente da República, mas a verdade é que lhe falta tamanho ético e moral para o ser!

A República precisa de um Presidente no qual os cabo-verdianos se revejam, com padrão ético e moral elevados, com sentido de Estado, ponderado, sem ânsia de holofotes e ego exaltado, antes comprometido com as pessoas e constitua um exemplo de seriedade e probidade.

O lugar está vago no Palácio do Platô! Temos lá pessoa, mas não um Presidente! É dramático e uma pena!



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