FERNANDO JORGE ANES: Queremos capitalizar experiências e trazê-las para o Maio

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Com cerca de 20 anos de experiência no setor da agricultura natural e 15 no domínio das ferramentas ecológicas para problemas da água, Fernando Jorge Anes quer trazer para Cabo Verde todo um saber fazer que no seu entendimento é muito útil a uma ecologia humana de ser que se exige hoje ao homem deste século

Um dos entusiastas do projeto Ecovida, Fernando Jorge Anes participou no encontro internacional sobre soluções ecológicas para a água, agricultura e ambiente, realizado no Maio entre 9 e 13 últimos.

No final dos trabalhos conversou com OPAÍS tendo esmiuçado as ideias que sustentam o projeto. No fundo, o que se quer é valorar o homem maiense através de empreendimentos responsáveis e ecologicamente humanos de forma a “capitalizar” experiências que ele e seu grupo já realizam em países como França, Brasil, Senegal, Holanda, Costa do Marfim e Indonésia.

 

OPAÍS. O que é isto de soluções ecológicas para a água, agricultura e ambiente?

Fernando Jorge Anes – É a implementação de uma forma de pensar que surgiu no Maio depois de alguns encontros e que vimos que havia complementaridade entre os intervenientes (naturais do Maio) para capitalizar algumas experiências que fazemos lá fora na Europa e para outros países.

A escolha do Maio obedece um bocado o lado afetivo…

Sim, sim, é um lado afetivo mas também dentro de um avaliar de que havia aqui competências complementares que permitiam que isso se fizesse.

O lado afetivo, é verdade que pesou muito. Mas também serve de instrumento motivacional para esta iniciativa de promoção e realização do pensamento maiense, principalmente do homem maiense.

Christian Labruyere (Laboratório Cybele Maya Nature) e Yves Roy (Laboratório Agronature) parceiros da Ecovida

Traz consigo dois especialistas de dois laboratórios com quem já trabalha sobretudo em França. Que experiências trazem para o Maio?

Temos uma série de experiências na área da agricultura massiva em França, na Amazónia, Brasil, na Costa do Marfim e na Indonésia, portanto, são coisas concretas que gostaríamos de partilhar.

São experiências com ferramentas naturais e ecológicas diversas, ou seja, ferramentas que valorizem o homem local.

Há quantos anos dedicam a este tipo de investigação?

Em termos de experiência de agricultura há cerca de 20 anos, quanto às ferramentas de água 15 anos.

Cada um dos meus parceiros começaram mais cedo, no entanto, há cerca de 10 anos começamos também com entidades universidades holandesas estreitar a partilha de experiências na áerea.

Quando é que ganha corpo o projeto Ecovida?

Isto foi há cerca de um ano, mas começou a ser pensado há cerca de dois anos e meio.
Estamos a enfrentar uma área que necessita de muita credibilização em termos de pensar a água e ecologia humana como um eixo social a ter em conta e que é transversal a todas as facetas das nossas vidas (social, económica, humana, política, etc), transversal a tudo.

Foi algo que demorou algum tempo a ser pensado e a criar uma massa crítica sólida para a sua realização.

Durante uma visita técnica à estação de produção e tratamento de água, em Ponta Preta.

Há mais cérebros Cabo-verdianos envolvidos neste projeto?

Há, sim, e aqui gostaria de destacar a imediata disponibilidade Câmara Municipal do Maio no sentido de ser ponte para outras instituições socioeconómicos. Este é um projeto humano e socioeconómico para a valorização do homem do Maio.

Avançar este projeto implica resultados bons para o Maio e para Cabo Verde?

Uma vontade concreta e real de fazer as coisas já existe e podemos dizer que é um passo.
Estamos conscientes que vai haver erros, não vai ser um caminho linear seria muito fácil. Mas também estamos conscientes que o pior de tudo é não fazer nada. E não existe outra forma de aprender e fazer ecologia sem ser assim porque ela é diversificada e passa pelo ser embora se sustente no saber.

É algo que vai, nem que seja em termos de consciência, valorizar o pensamento maiense interno e externo.

Até agora temos pensado e temos falado mas só quando começarmos a fazer as coisas, a ser um Maio consciente e ecológico é que podemos ter e avaliar as respostas a esta pergunta.

Este primeiro passo já permitiu um encontro mais alargado com pessoas ligadas à agricultura na ilha do Maio. Sentiu abertura para este projeto?

Este encontro permitiu uma avaliação mais concreta da massa crítica em termos de know-how e em termos de terreno humano no que diz respeito à água e agricultura. Tivemos representação e participação de instituições desta área no Maio e penso que não só foi muito positivo como muito concreto e notou-se muita vontade de fazer as coisas.

Este encontro permitiu não só o contato com o terreno mas também a criação de um movimento interno, onde alguns pensadores e técnicos locais do terreno parecem querer já mostrar as suas mais-valias na visão individual que demonstram e que é desejada para a criação de uma riqueza humana maiense bio-diversificada.