FUNDO DO AMBIENTE: Gestão privilegiou “associações amigas” em mais de 49 mil contos

0

Contas feitas pelo OPAÍS indicam valores astronómicos usados alegadamente de forma indevida pela gestão do polémico Fundão

No dia em que a Assembleia Nacional debate o Estado da Nação, OPAÍS revela novos dados sobre o polémico Fundão, tema que tem o então Diretor Geral do Ambiente, Moisés Borges, como uma das principais suspeitas.

Durante o seu consulado, Moisés Borges terá autorizado vários pagamentos em que se destacam Câmaras Municipais, umas com mais privilégios que outras, mas a grande surpresa são os valores colocados nas mãos de “associações amigas” geridas quase que exclusivamente por gente do PAICV.

Contas feitas pelo OPAÍS indicam valores astronómicos usados alegadamente de forma indevida pela gestão do polémico Fundão. É mais de 49 mil contos.

Maio e Brasil da Achada

Aqui, Fernando Frederico, Deputado da Nação pelo círculo do Maio, e Euclides de Pina, antigo Deputado da Nação na Cidade da Praia, são os nomes mas badalados, em duas associações que receberam fundos avultados.

Para a ilha do Maio terão sido transferidos para a gestão de Fernando Frederico cerca de 3 mil contos, alegadamente para serem empregues na construção de casas de banho, passando o DG do Ambiente por cima da Autarquia local, tal como noutros Municípios.

Para o Brasil da Achada Santo António, cuja associação era à data liderada pelo então Deputado, Euclides de Pina, dados apontam para a transferência de valores na ordem dos 11 mil contos.

Há também, a Associação Desenvolvimento Proteção Ambiental do Tarrafal, cuja presidente, Edna Barreto, foi detida e apresentada ao poder judicial a 5 de junho, estando a contas com a Justiça, por alegado envolvimento no Fundão.

Para os cofres desta associação no Tarrafal de Santiago terão sido canalizados cerca de 8 mil contos, entretanto, é a própria Direção Geral do Ambiente a admitir que nem toda a verba foi justificada pela associação.

Outros fins

Mas o então DG do Ambiente até disponibilizou recursos para obras que aparentemente não se enquadravam na filosofia do programa.

A Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria terá recebido 2.450 contos para “reabilitação de campas”, desconhecendo-se, entretanto, quantas campas e de quem são.

Dos dados apurados pelo OPAÍS há mais de uma dezena de associações que foram “amparadas” pelo então DG do Ambiente que canalizava-lhes recursos sem grandes dificuldades.

Da lista constam até órgãos de Comunicação Social, nomeadamente, uma TV e um jornal privados que terão recebidos elevadas quantias a pretexto de promoção e divulgação de atividades ligadas ao ambiente.

Banco da Cultura

Até esta instituição criada pelo anterior ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, foi contemplada com recursos do Fundo do Ambiente, com verbas que ascendem os 25 mil contos, alocados depois ao Fórum Nacional da Cultura e a outros projetos culturais.

Entretanto, várias associações e organizações no Tarrafal de Santiago, beneficiaram diretamente de recursos do Fundo do Ambiente que também alocou verbas até para feiras de saúde, construção de academias de futebol, cobertura de igrejas, jogos escolares, no Tarrafal de Santiago, de entre outras.