Gula financeira do Presidente da República!

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Comparando com o Orçamento de 2022, a proposta do Orçamento da presidência da república para 2023 teve um aumento de 35,6 %.

Agora concentremos apenas nos gastos do senhor Presidente da República no capítulo de viagens e estadas. Em 2022, o Presidente da República teve um orçamento para viagens e estadas no valor de 15,6 mil contos. Para além deste valor, teve um reforço de mais 15 mil contos, totalizando o valor de 30, 6 mil contos. Mas, a gula não para por aí! Ainda houve mais um reforço adicional decorrente da reprogramação do Orçamento do Presidente da República em mais cerca de 16 mil contos, totalizando uma despesa no valor de 46.758.684 CVE. Isto só no ano de 2022!

Com apenas um ano de mandato e perante este quadro de gastos do senhor Presidente da República, o que ele pretende mais desta pobre República?

É aqui – com esta gula financeira – que ele (PR) vem pedir de empréstimo a voz, a palavra do seu eterno funcionário, o nosso amigo JORGE TOLENTINO, para acusar e mandar recadinhos ao Governo.

Jorge Tolentino foi, até maio de 2016, Ministro, em pastas importantes. Hoje ele é Chefe da Casa Civil do Presidente da República (PR). Capacidade não lhe falta, de modo algum, como também não falta ao seu chefe direto, o PR. E escreve um artigo sobre o Orçamento do Estado (OE), em pleno processo de votação. Portanto, ele sabe, eles sabem, e todos nós sabemos, que todas e todos concluem num piscar de olho que … falou o PR, com boca fechada e mãos nos bolsos. Sem elegância, pois com ela seria o PR dizer tudo o que ele mandou o Jorge dizer. Fingiu o PR que não era ele, mas sim o Jorge, homem livre de dizer, mas convenhamos que não fingiu tão completamente, como faria Fernando Pessoa, pois quis que todos soubessem que era … o PR a falar pela boca dele Jorge, por isso que o artigo não foi escrito, sei lá, por Paulo Furtado Varela Barbosa Rodrigues Tavares Lopes!

E o PR, pela pena do Jorge, queixa-se da pobreza do país. Eu também e muitos outros como eu. Os Ministros também choram e barafustam por não terem mais! E fazem longos discursos e escrevem dezenas de páginas sobre a importância estratégica dos seus setores. Ah! Esperem lá! O PR fala da dignidade… mas lembro-me de muitos dirigentes que, para terem mais benesses, dizem que somos pobres mas não miseráveis. Como também o meu amigo deputado Paulinho que para justificar o aumento que ansiosamente desejava dizia que era por uma questão de … dignidade. Pois, ficamos a saber que não se trata propriamente de necessidade, mas de dignidade, problema que se resolve com … mais dinheiro. Claro que o PR é eleito pelo povo, como os 72 deputados do nosso Parlamento. E os vereadores e deputados municipais! Eu diria então: deveriam ser mais solidários com a pobreza deste povo, em vez de fingirem que pedem mais dignidade. Mais: quanto “mais eleitos” se sintam ou tenham sido, mais é de se lhes exigir essa solidariedade!

Diz o PR, através do Jorge Tolentino, que está a ser torniquetado, fechando-se-lhe a torneira do dinheiro para não cumprir o mandato popular. Ai, ai, ai! O que mais vimos é o PR a circular, sempre a circular, por Santiago, pelas ilhas e pelo estrangeiro, vezes sem conta. Circula demais este nosso PR! Devia “circular” mais em teams, zoom, facetime, viber! E se a saudade de sair para fora do gabinete for tanta, pode até usar drones, o que até casava muito bem com os tempos modernos. A meu ver o nosso querido PR faz viagens a mais e ele devia ser mais poupado, dando exemplos, pois que nessas viagens leva sempre a sua corte, de 3 a 4 guarda-costas desarmados para o estrangeiro, funcionário para fotografias, outro para carregar pastas, outro para lhe arranjar lugar na mesa, outro para tirar apontamentos, outro para fazer ver que o PR é um cargo importante. Só é importante quem viaja com muitos subalternos desnecessários! Um alto dirigente do Estado que viaja com uma delegação muito pequena passa a imagem de um país pobre, o que embaraça, às vezes até envergonha! Mas eu sou pela verdade: somos pequenos e pobres. E só isso justifica o facto de andarmos mais vezes com mão estendida do que com ela na algibeira, como fazem os suecos! E quero fazer justiça ao PR, infelizmente não é só ele que faz de conta que não vive num país pobre e que os tostões devem ser contados.

Ah, quase me esquecia de um outro facto importante: este PR que não tem nada, tem ainda mais do que todos os outros que lhe antecederam. O seu torniquete orçamental está um pouco mais frouxo! E deixem-me apenas esta nota de maldade inocente: só agora que ele é PR é que se deu conta da importância do cargo e por isso mesmo nunca aos seus outros antecessores afrouxara o torniquete!