HBS esclarece contornos do caso da paciente Sheron

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Direção Clínica do Hospital Central de São Vicente emitiu um comunicado em que explica os contornos da paciente Sheron, falecida na sexta-feira, no Mindelo

O Hospital Batista de Sousa, BPS, explicou na última madrugada, em comunicado, que a primeira vez que a menor falecida na sexta-feira, 9, vítima de um câncer, apresentou-se ao Banco de Urgências da Pediatria do HBS, foi a 29 de maio deste ano. A menina queixava-se de “dores abdominais e vómitos, apresentando, ao exame físico, distensão abdominal e adenopatia inguinal esquerda, o que constitui indício de um quadro infeccioso ou oncológico”.

Face a esta situação, decidiu-se por uma intervenção cirúrgica urgente, também justificada pelo fato de se ter constatado um quadro abdominal agudo. Nessa intervenção, ocorrida no dia seguinte, 30, foi removido um tumor mesentérico perfurante e sangrante, que foi enviado para estudo anátomo-patológico.

“O estudo foi concluído no dia 11 de junho, com a identificação de um tumor altamente agressivo, impossível de ser tratado localmente, por indisponibilidade de meios. De imediato, deu-se início ao processo de evacuação, que foi pedido pela Junta de Saúde de Barlavento, com a máxima urgência”, explica o comunicado.

Entretanto, a menor teve alta do internamento no dia 17 de junho para “seguimento ambulatorial enquanto se aguardava o normal desenvolvimento do processo de evacuação”. Nessa altura a evolução da situação clínica e analítica “era favorável”, evidenciado por um exame ecográfico realizado nesse mesmo dia.

A paciente regressou ao BU da Pediatria no dia 29 de julho, de novo queixando-se de dores
abdominais e apresentando edema (inchaço) dos membros inferiores. Realizada, de imediato, nova ecografia, deu-se conta de metástases abdominais incluindo renais, o que demonstra a “agressividade rara do tumor, que evoluíra muito negativamente num curto lapso de tempo”.

A menor voltou a ser internada, aguardando sempre pela evacuação. Fez-se então uma adenda a esse processo de evacuação reafirmando a sua “urgente necessidade” e prevendo-se, já nessa altura, um “desfecho fatídico”.

“No mais curto prazo possível, foram praticados os atos exigidos no âmbito de um processo de evacuação”, refere o comunicado, em que se afasta eventuais responsabilidades HBS na eventual demora na evacuação.

“O resultado, que não se desejava, acabou por acontecer no dia de ontem, não sem que antes, numa conversa aberta com os familiares, se lhes desse a conhecer o que então já se mostrava inevitável”, refere a mesma nota em que o HBS lamenta o sucedido, pois esta morte deixou o pessoal clínico “muito tristes e consternados”.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Triste e de lamentar, a minha solidariedade para com os familiares.

    Como sempre os PÁSSAROS (desculpe se estou a ofender os animais) já estão em cima à procura de tirar proveito politico OBSCURO e sem ESCRÚPULO desta situação!!
    Eu pergunto a estes …… incluindo os apoiantes: O que eles fizeram durante uma década e meia para termos um hospital com toda a especialidade em CV para não estar-mos sempre dependentes de evacuações nestes casos urgentes em que o fator tempo pode ser fatal?

  2. … a minha questão é: Depois de cerca de 45 anos de “independência”, de termos saído do nível de “subdesenvolvido”, passado para “em desenvolvimento” e chegado a “desenvolvimento médio”, … eu pergunto aos governantes: – O quê ainda nos falta para termos melhores condições de saúde? Já agora porque tantos casos de câncer em Cabo Verde? Há algum estudo neste sentido? ….

  3. Estudo sobre a incidência e mortalidade da doença mostra crescimento de casos. No Brasil espera-se um aumento de até 79% dos casos até 2040

    O câncer já é primeira causa de morte em muitos países desenvolvidos e sua incidência só cresce pelo mundo. Orelatório GLOBOCAN 2018 da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), publicado no Cancer Journal for Clinicians, estima que em 2018 ocorram 18 milhões de novos casos da doença e 9,6 milhões de mortes em sua decorrência.

    O estudo traz estimativas sobre a incidência e a mortalidade de 36 tipos de câncer em 185 países. Segundo o estudo, um em cada cinco homens e uma em cada seis mulheres vão ter câncer durante a vida e um em cada oito homens e uma em cada 11 mulheres vão morrer da doença.

    O aumento do número de casos de câncer se deve a múltiplos fatores, entre eles o crescimento e o envelhecimento da população e o aumento de certas causas de câncer ligadas ao desenvolvimento econômico. Em economias em crescimento, os pesquisadores observam uma mudança no padrão de incidência de cânceres, com redução do número de casos de tumores relacionados à infecções e condições de pobreza e aumento do caso de tumores mais ligados à vida urbana, mais típicos de países desenvolvidos.

    Por outro lado, o número de pessoas que estarão vivas dentro do período de 5 anos após o diagnóstico do câncer é estimado em 43,8 milhões. Há cinco anos, quando a última edição do estudo foi publicada, eram 32 milhões de pessoas nessa situação.

    O estudo mostra ainda uma queda geral na incidência do câncer de pulmão, a neoplasia que mais mata no mundo, especialmente nos EUA e Europa, e no câncer de colo de útero. No entanto, o número absoluto de casos de câncer está em ascensão e o de pulmão permanece entre os três cânceres que mais matam, junto com câncer de mama feminino e colorretal.

    Juntos, esses três tipos de são responsáveis por um terço da incidência e mortalidade pelo mundo. O de pulmão e de mama lideram em termos de novos casos, com cerca de 2 milhões de diagnósticos estimados para este ano e 11,6% do total de incidência de câncer.

    O colorretal ( 1,8 milhões de casos e 10% do total) é o terceiro mais comum, seguido de próstata (1,3 milhões de casos, 7%) e de estômago em quinto (1 milhão, 5%).

    Existe também diferença na concentração dos casos pelo globo. Estima-se que mais das metades das mortes por câncer em 2018 ocorram na Ásia, que tem quase 60% da população mundial.

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