História, civilização & insensatez revolucionária

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Anda por aí um “movimento” patético tentando REESCREVER a História, de acordo com certos complexos ideológicos.

A malta confunde, pelos vistos, História com Estória.

Acham que cada qual pode construir a sua própria estória de carochinha.

Quando é que a esquerda radical irá perceber, here and there, que a verdadeira revolução não consiste em derrubar monumentos (de grande valor arquitectónico-cultural) e espalhar barricadas e violência pelas ruas?

Quando o escocês Alexander Fleming inventou a penicilina, em 1928, fez uma grande REVOLUÇÃO para o benefício da humanidade inteira.

A verdadeira mudança é ESPIRITUAL e só pode resultar de boas IDEIAS e de projectos alternativos e credíveis.

Não é com ódio e destruição sistemática que iremos construir um mundo melhor: é com bons pensamentos! Com racionalidade.

Se destruíssemos, por exemplo, os monumentos históricos “esclavagistas” da Ribeira Grande de Santiago, a simpática urbe perderia, certamente, o valioso estatuto de Património da Humanidade.

Os nossos radicais de pacotilha já pensaram nisso?

Ganharíamos alguma coisa com esse acto destrutivo sem sentido? Creio que não.

A sanha negativa dessa gente faz-nos lembrar as cenas dantescas do filme Mad Max, idealizado por George Miller em 1979.

Mas há um problema de longe mais profundo e que não tem sido salientado nas análises políticas: tudo isso faz parte da ideologia REVOLUCIONÁRIA, que é intrinsecamente totalitária. E niilista.

Que tal explicar (com desenhos?) a essa gente que as sociedades CIVILIZADAS resultam, como explicava Burke, de um saudável equilíbrio entre o passado, o presente e o futuro?

Não se pode apagar a História. Temos é de APRENDER com ela.

Quem não suporta o passado também não suporta(rá) a civilização.

Leiam Freud e aprendam o precioso significado do “princípio da realidade”, seus bárbaros sem escrúpulos.

Post scriptum: o pior é que os nossos bárbaros são selectivos: só querem eliminar determinados “exploradores” e ditadores. Já as estátuas dos seus “bons” ditadores podem ficar à vontade!



5 COMENTÁRIOS

  1. Casimiro, uma coisa é manter o pelourinho da Cidade Velma onde se amarravam os escravos para a venda, e outra, muito diferente, é manter estátuas de esclavagistas. A Alemanha não destruiu Auschwitz-Birkenau, onde milhares de judeus foram assassinadps, mas não há nenhuma estátua de Hitler em praça nenhuma na Alemanha. Manter o pelourinho, assim como um campo de concentração, validam a história real e vivida de um povo, com os bons e maus acontecimentos, porque ninguém está a reclamar a remoção de monumentos esclavagistas com o intuito de reescrever a nossa história em conto de carochinha. Remover estátuas de colonizadores Portugueses esclavagistas, tal como ter removido todas as relíquias do regime nazi, é o ato político deliberado de um povo que se recusa a homenagear aqueles que nos trataram como seres inferiores e cujas vidas não valiam o mesmo que a dos opressores. Não tem nada a ver com esquerda radical ou direita saudosista e intelectualmente ainda e sempre colonizada.

  2. A sra Ana Sanches quer passar uma imagem de “neutralidade”, mas cai, infelizmente, numa terrível contradição!

    Muito rapidamente porque estou mesmo sem tempo. A Alemanha, a Espanha e TODOS os países democráticos e liberais NÃO aceitam estátuas de ditadores nos seus territórios.

    Ora porque é que Cabo Verde, fugindo a esse salutar princípio de civilização, que você apregoa fervorosamente, tem que manter ruas, estátuas e nomes de DITADORES nas escolas?

    Isso faz algum sentido?!

    Ou será que as ditaduras de esquerda são melhores e mais virtuosas?

  3. Botar as estátuas abaixo não chega, Casimiro. Pelos vistos, a próxima saga dessa gente é incendiar todas as bibliotecas das maiores universidades do mundo, do Vaticano, do Congresso Americano e, acto continuo, botar fogo em todos os museus da História da Antiguidade e da Modernidade em Paris, Londres, Nova York, Smithisonian, etc. Pela cartilha desta gente insana, só tem direito a ficar em pé os museus ou estátuas sobre as ‘estórias’ de Che Guevara, Fidel Castro, Kim Il Sung, Lenine, Mao, Mugabe, Marx, Bukassa, Sekou Touré, Idia Mim Dada, Nino Vieira.

  4. Neutralidade,eu? Sou negra, portanto obviamente descendente de escravos, e consequentemente não sou de manera nenhuma neutra em relação ao passado esclavagista do nosso país. O meu comentário claramente indica a minha preferência, e só quem não entenda português poderia usar a palavra neutralidade para qualificar o que eu disse e afirmar que caí em contradição. Usando as suas palavras, só um “ bárbaro sem escrúpulos” poderia colocar ao mesmo nível a contribuição de um “ditador” como Amílcar Cabral com a de qualquer colonizador esclavagista português. Usando outra palavra sua, “patético” e demonstrativo da sua colonização mental e intelectual. Para terminar, já que você fez referência à Espanha e à Alemanha, fique sabendo que esses dois países “democráticos e liberais” (descrição sua) aceitam, sim, estátuas desses que você qualifica de “ditadores de esquerda” dado que existem estátuas de Che Guevara e Lenine em ambos os países.

  5. Sra. Ana Sanches, muito gostaria de discutir estes assuntos consigo, mas como SERES LIVRES.

    De igual para igual.

    A senhora, que tanto fala de “escravatura mental”, tem de libertar-se de alguns complexos (ou será um medo atávico?!) e assumir a sua opinião DE CARA DESTAPADA, sem máscaras, sem a torpe cobertura do anonimato.

    Esta é, de resto, a primeira condição de qualquer discussão intelectual honesta, séria e transparente, em qualquer país democrático. Não tenho tempo para “mascarados” (e considere-se “sortuda” pela atenção que lhe dediquei de ontem para hoje!).

    Dito isso, que é fundamental, vejo que a sua CONFUSÃO permanece intacta: diz que é preciso “derrubar” algumas estátuas (dos esclavagistas europeus, esquecendo que JÁ HAVIA escravatura em África muito antes da chegada dos navegadores brancos…), mas quer conservar, de forma truculenta, as estátuas e outras referências públicas dos ditadores marxistas africanos.

    Isso já não preocupa a nossa civilizada e decente sra. Ana Sanches! Em que ficamos? Onde fica a sua coerência?

    Minha senhora, você anda aqui a falar, desde ontem, do nazismo e de Hitler. Porque não fala também do COMUNISMO e do marxismo? A sua omissão é reveladora. As DITADURAS mais sangrentas e assassinas do século XX foram, precisamente, as COMUNISTAS e os campos de concentração da Alemanha foram apenas réplicas tardias dos Gulags soviéticos.

    A esquerda radical tem, de facto, sérios complexos mentais e ideológicos.

    Não consegue criticar o COMUNISMO, que, por falar nisso, MATOU MUITO MAIS (mais de 100 MILHÕES de pessoas e em tempos de paz, só no breve século XX) do que todas as guerras, pestes, terremotos, desastres naturais e tráfico de escravos, JUNTOS. É obra! O maior genocídio de sempre foi praticado pelos comunistas.

    A vossa célebre “consciência” moral é, deveras, uma coisa admirável e de encantar!!!

    Porque não combatem primeiro os vossos MONSTROS, que por acaso até são os piores de todos?

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