João Baptista Pereira e os problemas de memória e com a história

Na passada sexta-feira, 06, no último dia dos trabalhos parlamentares da primeira sessão do mês de outubro, o país foi surpreendido pela tirada do líder parlamentar do paicv, que na sua encarnação populista e demagógica, recorreu a uma frase de Luís Filipe Menezes, antigo líder do PSD, que terá denunciado em 1995, no XVII Congresso Nacional deste partido português, a existência de um “eixo elitista, sulista e liberal” que ia tomar conta do partido, caso Durão Barroso vencesse Fernando Nogueira.

Ora, a frase foi dita em 1995 e não em 2008 como o sr. João Baptista erradamente disse. E não foi para descrever nenhum governo, como propositadamente disse o líder parlamentar do paicv.

Nessa altura, em 1995, o atual líder parlamentar do paicv era um militante do MpD. Por isso, é natural que as suas referências fossem da mesma família política do MpD… e as referências ficaram até hoje.

Mas o que gostaria de realçar aqui é a enorme incoerência do paicv, exteriorizada pelo seu líder parlamentar.

O partido elitista em Cabo Verde é o paicv que, desde o seu surgimento, disse taxativamente que a política é uma atividade “para os melhores filhos da terra”, aplicando este dogma na integra até hoje e, através do aparelho do Estado, tratou de tornar os seus militantes nos melhores filhos da terra. Os dirigentes do paicv são, na sua maioria, oriundos desta elite. O meu conterrâneo, João Baptista Pereira, constitui uma rara exceção, talvez porque se formou politicamente no MpD, caso contrário, não estaria na linha da frente do paicv.

Quanto à questão do “sulista”, importa relembrar que mais de metade dos antigos presidentes do MpD nasceram no norte de Cabo Verde. Carlos Veiga nasceu em São Vicente, Gualberto do Rosário nasceu em São Nicolau e Jorge Santos nasceu em Santo Antão. Apenas Agostinho Lopes, Filomena Delgado e Ulisses Correia e Silva nasceram na Praia. Portanto, esse rótulo, a existir, aplica-se ao paicv.

Ainda a propósito desta tirada, fica claro que este paicv é um partido populista, que os seus dirigentes recorrem a tudo que tiverem ao seu alcance, incluindo a mentira, para tentar enganar as pessoas e voltar ao poder, provavelmente, para alimentar a sua “elite sulista” e, já agora, iliberal, que sem as benesses do Estado se sente em risco, com a sua continuidade ameaçada.

É preciso um combate firme e forte a estas pregadores populistas que não olham a meios para alcançar os seus intentos.

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