Jovem Global e Bolsa Local

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Uma Nação pequena tem de ser grande em alguma coisa. Na alma, na coragem, na ambição, na solidariedade, na persistência e na (inov)ação.

Recebo hoje a feliz notícia de que 5 jovens cabo-verdianos foram selecionados para o programa “Bolsa Cabo Verde Global”, instrumento que tive o privilégio de ajudar a desenhar e a regulamentar. Não, não foi uma iniciativa do Parlamento e já eu não estava como Assessor no Governo. De fato, a ideia já vinha no programa do Governo para a IX Legislatura e faltava o impulso concreto, ousar e fazer acontecer a curto prazo. Nos primeiros 3 anos da legislatura tive o privilegio único de participar de imensas iniciativas do Governo, da Assembleia Nacional e do partido MpD. Nem todos acreditavam que era possível implementar a curto prazo devido a limitações financeiras eventuais. Fizemos simulações de custos, levantamento de referências e imaginamos uma solução evolutiva. Começar pequeno e crescer.

Tive o privilégio de redigir e apresentar a proposta de nome da bolsa e texto legal da Resolução, revista a duas mãos com Sua Excia o Sr. Primeiro- Ministro de Cabo Verde. Havia duas versões, uma versão curso e outra versão estágio internacional. Trocamos alguns “drafts” até chegar a uma versão que garantisse: a) o mérito, b) a adesão e c) os meios.

Sobre o mérito, desde logo concebemos uma abordagem em que não é o nosso País, nem instâncias políticas ou administrativas a decidir quem é selecionado. Os candidatos teriam em primeiro lugar de passar pelo crivo da escola para onde se candidatam e ser admitidos pela escola. Dessa forma, não haveria favores ou critérios não académicos e curriculares.

Também se colocava a questão de saber qual o critério para uma determinada escola ser considerada de “topo” a nível internacional.É certo que existem os rankings académicos e centros de treinamento de executivos mas a solução cruzava duas coisas: a reputação nos rankings mas também o reconhecimento de Cabo Verde por via de protocolo de adesão em como aquela escola é de “top” mundial. Assim, o procedimento não ficaria automático, subjectivo, havendo uma “dupla” verificação.

Os meios são uma questão de priorização. Um programa altamente transformador para toda a vida no Massachusetts Institute of Technology (MIT) pode custar 1100 contos CVE, valor que não chega a comprar um Fiat Panda a zero km em Cabo Verde.É pensar, comparar, priorizar e escolher.

A escolha do MIT para começar também é fantástica. Em 2017 fiz la o programa para “Future leaders on Education” e aprendi que o MIT é uma ligação e uma inspiração para toda a vida. Quiça, pode durar para alem dela.

Dou graças a Deus, pela vida, saúde e pela força. E também pela oportunidade de participar activa e proativamente da construção do nosso País ao longo destes mais de dez anos.

A história é um linha de fundo que liga o passado ao futuro.