Júlio Herbert Lopes

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Morreu o meu amigo Julio Herbert Lopes, diplomata de profissão, até ontem o mais categorizado Embaixador de carreira em Cabo Verde, transitoriamente Ministro Adjunto para a Integração Regional.

Tinha ainda, aos 64 anos de idade, muitos sonhos por concretizar, alguns até de curto prazo, e deles falava com paixão contida e só pessoas a ele muito chegadas, como eu, conhecia essa sua faceta mais emotiva, por detrás da face severa e do ar austero e pesado que apresentava. Nem sempre era homem de fácil trato, mas sabia ser amigo para lá de todas as consequências e para as pessoas que lhe eram queridas dava o seu máximo, mas também para com elas era muito exigente.

Inteligência e persistência não lhe faltaram nunca e, não raras vezes, na sua tese um pouco rebuscada o tempo acabava por lhe dar razão a final. A morte deu volta ao futuro que para si traçara e, apressada, foi ter com ele, sorrateira, sem pedido prévio de audiência, no seu gabinete de trabalho, e sobre o seu corpo pesado fez cair o manto da noite eterna, ainda no entardecer desta aziaga segunda-feira.

Quero crer, para meu conforto, que, para compensar a pressa, a morte foi quase terna na sua estocada final. Até sempre Júlio Herbert Lopes.



3 COMENTÁRIOS

  1. Perdeste um amigo, mas fica a lembrança que a morte não consegue apagar. Paz à sua alma e consolação aos amigos e familiares.
    Todos partem deste mundo com planos, por isso não devemos perder tempo .
    Reserva sempre um tempinho para ti e vai escrevendo pois eu sei que tens muito para contar a nova geração.

  2. Lamento profundamente a morte do Júlio. Que a terra te seja leve, meu caro… RIP July. Que bonita homenagem, essa do Dico. Meus sentidos pêsames ao também Nelson e a todos os demais parentes e amigos.

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