Juventude, participação política e partidos políticos 

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Qualquer democracia que se preze, deve investir fortemente nas gerações mais jovens. Em Cabo Verde, a maioria da população é jovem, com uma média de idade de 27 anos. Contudo, é um pouco estranho falar que se investe amplamente na juventude e ter uma fraca representação juvenil no parlamento e assembleia municipais, sendo que a média de idade no parlamento Cabo-verdiano é de 48 anos. Essa diferença entre a média de idade da população em Cabo Verde, 27 anos, e a média de idade dos representantes leva-me a questionar os prós e contras da participação dos jovens e a posição dos partidos políticos.

Num dos artigos escritos anteriormente, disse que a geração mais bem preparada a nível académico, em Cabo Verde, é esta. Temos uma geração que aos 25 anos já são mestres em diversas áreas académicas.

Temos uma geração que consegue quebrar fronteiras, consegue negociar, criar e desenvolver plataformas diversas que permite projetar Cabo Verde aos quatro cantos do mundo.

No mesmo sentido, os jovens dos 20 aos 30, em Cabo Verde, são os que mais participam em associações comunitárias. A participação em associações e ações comunitárias, dá aos jovens mecanismos e know how’s suficiente para terem participações efetivas nos órgãos de decisões municipais e nacionais.

Porém, só ser a geração mais qualificada de sempre não é garantia satisfatória de vir a ser um grande vereador ou excelente parlamentar. São necessários outros requisitos, a começar pelo conhecimento da política, da realidade social do concelho, a empatia, a capacidade de liderança, de trabalho e entre outros.

Assim sendo, os partidos devem, sem medo, apostar e incluir nas listas, em lugares elegíveis jovens com menos de 30 anos. Porque, além de serem o garante da renovação do sistema político partidário, são, também, o garante de políticas mais assertivas para uma sociedade maioritariamente jovem. Nada melhor do quem vive na pele os desafios que os jovens enfrentam no dia-a-dia para trabalhar nas soluções para os mesmos.

Pelo que conheço do funcionamento dos partidos em Cabo Verde, há esta vontade, no seio das cúpulas partidárias de mobilizar e apostar na juventude. Mas é preciso ir um pouco mais além de meras vontades. Os poucos jovens que têm estado na linha da frente, têm estado a dar conta do recado. Daí a necessidade de haver mais jovens a trabalhar pelos seus companheiros.

Infelizmente estas coisas não se aprendem nas universidades. Daí é necessário que os partidos tenham uma aposta forte na formação política dos seus militantes e simpatizantes e os jovens devem ter a humildade suficiente para aprenderem com a experiência dos mais velhos e por todo o aprendizado ao serviço da sua comunidade.

Acredito que nos próximos tempos os jovens quando procuram os partidos políticos para exercerem a sua cidadania política, a qualidade da formação política que poderá receber irá fazer toda diferença na hora de escolher um partido em detrimento de outro.

Neste capítulo o MpD tem estado na linha da frente, mas é preciso reforçar cada vez mais porque o mundo está a mudar e temos que acompanhar estas mudanças na forma de fazer política.

Apostar na formação e inclusão política dos jovens é, e será sempre, um compromisso com a democracia liberal e com o futuro de qualquer país.