Mais de 47% dos médicos suspeitos nunca foram testados em Portugal

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Conclusão saiu de um inquérito realizado pela Ordem dos Médicos, sublinhando que Anestesiologia, medicina geral e familiar, medicina interna e pediatria foram as especialidades com mais médicos infetados

Um inquérito feito pela Ordem dos Médicos de Portugal avaliou a exposição dos médicos ao novo coronavírus. Contas feitas, “mais de 47%” dos médicos que tiveram contato com um caso de Covid-19, considerados suspeitos de infeção ou com sintomatologia compatível com a doença, “nunca foram submetidos a qualquer teste”.

O inquérito teve como principal objetivo “conhecer melhor a realidade no terreno”.

Ao todo, foram 6.613 os médicos que responderam às perguntas, entre os dias 8 e 14 de abril. As respostas recolhidas permitem concluir que a anestesiologia, a medicina geral e familiar, a medicina interna e a pediatria foram as especialidades com “mais médicos infetados, representando 51% do total”. Seguem-se os médicos internos.

Diz ainda o documento que “perto de 3%” dos médicos que responderam estavam ou já tinham estado infetados e cerca de “6% estavam impedidos de trabalhar por diagnóstico positivo ou quarentena”.

O inquérito fala em ‘escassez de equipamentos de proteção individual, sobretudo adequados à função de cada profissional, e falta de divulgação de informação clara sobre materiais a utilizar, como e quando”, diz o Bastonário Miguel Guimarães, segundo o qual estes foram “motivos que levaram a um número de infeções que podiam ter sido evitadas”.

O Bastonário não se conforma com o fato de as orientações da Direção Geral da Saúde referentes aos profissionais de saúde com exposição a SARS-CoV-2 “serem muito restritivas em termos de testagem, uma vez que estipulam que, mesmo nos casos com alto risco de exposição só sejam encaminhados para exames laboratoriais os profissionais que desenvolvam sintomas”.

Numa altura em que se está progressivamente a regressar à realização de cirurgias e de exames, é essencial, sublinha a Ordem dos Médicos, “que se testem regularmente todos os profissionais de saúde, assim como todos os casos suspeitos”. Alerta o Bastonário que não se pode “correr o risco” de não proteger a vida de quem cuida da vida dos doentes.

Numa reação a este inquérito, o Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, admite fazer uma revisão das estratégias de testagem à Covid-19 em função do dinamismo do novo coronavírus.

Com Renascença